A distopia é um gênero que tomou os cinemas, os livros e também os games. Com inúmeros representantes nos mais variados ramos da arte, este gênero apresenta uma visão única capaz de traduzir sentimentos, preocupações com o futuro e também parte da insatisfação com o mundo. Nesse sentido, algumas obras trazem versões de um mundo destruído onde há grandes áreas desérticas existentes após um cataclismo. Mad Max, Juiz Dredd… E citando a literatura brasileira, Abaixo das Nuvens. Há várias obras com esse verniz e provavelmente isto serviu de inspiração para a criação de Life of Delta, game da Airo Games. Mas será que o game vale a pena? Vamos descobrir nesta review.
Primeiramente vamos nos atentar aos visuais do game. Eles são muito bonitos, misturando 2D e 3D de uma maneira realmente contemplativa. Contemplativo, aliás, é uma palavra que define muito do que Life of Delta é: trata-se de um título com paisagens de um certo vazio e solidão capazes de tocar o jogador. É um processo inevitável: conhecer as ruínas de um mundo destruído e se perceber como apenas um grão de areia nessa imensidão opressiva causa uma sensação poderosa e que tempera a gameplay.
No que se refere à jogabilidade e história controlamos Delta, um robô de serviço. Inicialmente designado para dar suporte às mais variadas tarefas, ele deve partir em uma jornada por zonas devastadas e mundos inóspitos enquanto tenta chegar a Megacity – cidade que está longe de ser sua parada final. Sua busca por um amigo o faz interagir com outros robôs, conhecer outras realidades e realizar tarefas difíceis de se pensar para um robô de serviço, primariamente. O tom do jogo é leve e não haveria motivo de não sê-lo, sendo um equilíbrio ótimo à atmosfera mais sombria apresentada nos visuais mais asfixiantes. Delta também tem personalidade e um excelente senso de humor, passando longe de ser um robô amorfo ao mundo ao seu redor.
Além de contemplativa, a jogabilidade exige resiliência e inteligência. Digo isso nesta review porque o jogador vai se deparar com muitos, mas muitos puzzles que exigirão uma certa expertise. Embora muitos deles sejam mais fáceis, outros se mostrarão desafiadores e não muito intuitivos. Prepare-se para os famosos quebra-cabeças (ou “enigmas”, como eu chamava quando criança): eles estão por aqui em toda a parte.
O enredo acaba se conectando de maneira coerente e conseguimos realizar alianças interessantes com outros robôs à medida em que progredimos e unimos itens em uma jogabilidade de point and click. O combate deixa de existir para dar lugar à engenhosidade, o que acaba fazendo sentido no game.
Algo que gostaria de pontuar e que acabei não gostando foi a extrema sensibilidade do cursor. Mesmo tendo ajustado a opção para o mínimo de sensibilidade, ainda assim tive problemas em realizar algumas tarefas pelo cursor não responder totalmente ao analógico do PS5.
No que tange a localização, Life of Delta infelizmente não possui legendas em PT-BR, o que prejudica a experiência uma vez que boa parte da história e das missões são compreendidos através de diálogos. A trilha sonora é profunda, penetrante e existencial, sendo muito bem-vinda e adicionando toques de reflexão ao game. Já no quesito desempenho, não tive problemas no PlayStation 5 e o game se comporta muito bem. Há a questão do cursor, porém, já mencionada anteriormente.
No geral, Life of Delta é um bom e satisfatório game. Representando a solidão, o desejo de se conectar e também a luta contra um sistema opressivo, é um título que traz um grau de estranheza e fascínio alcançáveis na fantasia que são quaisquer obras de um videogame. Vale a pena!
Review de Life of Death – Vale a pena!
Obs: Esta review foi feita em um PlayStation 5 através de uma cópia fornecida pela publisher Daedalic Entertainment, a quem agradecemos.
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Life of Delta é uma odisseia imaginativa e atraente capaz de provocar reflexões existenciais enquanto experienciamos um mundo em ruínas.
- História
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Trilha Sonora