Aqui estou eu escrevendo sobre mais um metroidvania. Se você tem acompanhado a República nesses últimos meses, você deve ter visto que eu cobri Biomorph, Nine Sols, Ender Magnolia: Bloom in the Mist e agora chegou a vez de Momodora: Moonlit Farewell, um metroidvania brasileiro.
O jogo já havia sido disponibilizado previamente no PC e chega hoje (11) nos consoles. Como o título indica, este review de Momodora: Moonlit Farewell é baseado na versão de PlayStation 5 do jogo. Eu joguei ele inteiro no PS5 Pro, contudo, um patch específico pro console ainda não havia sido liberado até o momento de escrita desta análise.
Desenvolvido pelo estúdio Bombservice, esse é o quinto jogo da franquia. Lembra que classifiquei ele como um metroidvania brasileiro? Pois é. O diretor do jogo é o Guilherme “rdein” Martins, um conterrâneo. Analisar um game brasileiro tem um gostinho especial a mais, ainda mais quanto o jogo é excelente!
Salvando o mundo
A história de Moonlit Farewell é o que esperamos de qualquer RPG high fantasy. A jornada começa com o badalar do Sino Negro, uma relíquia capaz de invocar hordas de demônios. O sino, antes protegido, acabou sendo roubado e está sendo usado para propósitos nefastos.
É nesse contexto que surge Momo, uma sacerdotisa habilidosa que serve como a protagonista. Ela é encarregada de investigar e recuperar o sino antes que a vida no mundo inteiro seja extinta.
Apesar de não ser necessário ter jogado nenhum game da franquia Momodora antes, os eventos de Moonlit Farewell se passa 5 anos após os acontecimentos de Momodora 3, lançado para o PC em 2014. Logo, caso você sinta vontade, é bom jogar o terceiro jogo para ter uma imersão maior no universo.
A história é contada através de diálogos e das anotações. O entendimento de tudo não é nada complicado e, como falei, ela cumpre bem o seu papel como uma narrativa de fantasia. Não é nada extraordinário mas é ótimo o suficiente a ponto de deixar o jogador curioso para saber o desenrolar das coisas.
Temos missões secundárias que são básicas e um certo ar de desenvolvimento de personagem. A ajudante de Momo, Cereza, nos chama para realizar várias ações na medida que desbravamos o mapa e isso aumenta nosso elo com ela, possibilitando a compra de novos sínetes e revelando mais detalhes da lore.
Uma jogatina em ritmo “normal” deve levar entre 6 a 8 horas para ser concluída, algo que está dentro do padrão de metroidvanias indies e, sinceramente, considero essa duração perfeita para os dias atuais. Ele dura tempo suficiente para deixar saudade e aquele gostinho saboroso de “quero mais”.
Uma sacerdotisa poderosa
Momo despacha os demônios em seu caminho usando duas armas: uma espada e um arco. O combate de Momodora: Moonlit Farewell segue a máxima do “menos é mais”. Ele é simples mas altamente poderoso.
As animações são fantásticas e podemos aprimorar os ataques com Sínetes, “cartas” que garantem bônus passivos. Os efeitos são bem diversos, como um aumento geral no ataque de Momo, o aumento do alcance dos ataques da espada, a inserção de fogo nas flechas e por aí vai. Esse é o único sistema que flerta com a construção de builds.
Inicialmente só podemos equipar dois sínetes, mas, na medida que encontramos páginas de Grimório, essa quantidade vai sendo aprimorada, permitindo assim a confecção das mencionadas builds.
O outro sistema relacionado ao combate são os Companheiros e eles funcionam literalmente como o nome indica. Esses pets ficam seguindo a Momo e acionam algum tipo de efeito periodicamente. Um causa dano, outro garante cristais lunares (a “moeda” do jogo), outro recupera vida e assim por diante.
Uma coisa que me deixou positivamente surpreso foi a variedade de inimigos. Em cada área visitada, novos adversários surgem na tela. E o design dos chefes também está formidável. O jogo tem dois modos de dificuldade, sendo um mais acessível permitindo customizar vários detalhes referentes à dificuldade. Eu joguei no modo tradicional de cara. Ao zerar, um modo Hardcore é liberado, trazendo o permadeath.
Uma coisa que me incomodou MUITO foi a existência de uma barra de stamina que limita ações como a esquiva e a corrida. Apesar de existir melhorias que aceleram a recuperação da stamina, a barra é extremamente curta, o que acaba tornando o backtracking irritante.
Exploração frustrante
Momodora: Moonlit Farewell é relativamente curto, mas, graças ao seu DNA de metroidvania, em certos momentos precisamos fazer o conhecido backtracking. Na medida que avançamos pela campanha, aprendemos novas habilidades de travessia que seguem à risca o que já conhecemos do gênero.
Pulo duplo, pulo na parede, a corrida contra correntes de ar.. O jogo não reinventa a roda e não tem problema nenhum nisso. O problema dele é que o backtracking é extremamente irritante. Só desbloqueamos a viagem rápida praticamente perto de zerar o jogo.
Outro ponto que me chateou um pouco foi a falta do recurso de colocar marcadores no mapa, algo que deveria ser um sistema básico em metroidvanias. O jogo nos avisa quando existe um segredo na sala, colocando um ponto de interrogação, mas não faria mal ter um pouco mais de “customização” no mapa.
Outro elemento que torna o backtracking péssimo é que os mapas não são bem interligados, demandando que o jogador “ande” uma distância enorme sem necessidade. Como todo bom metroidvania, podemos comer frutas que aumentam o HP e a Mana e rezar para flores que aumentam nosso poder de ataque geral.
Quando não estamos em busca de itens de aprimoramentos, podemos pescar para obter mais cristais lunares e, minha atividade predileta, alisar gatos espalhados pelo mapa!
Pixel art invejável
Não dá pra negar que Momodora: Moonlit Farewell é charmoso e belíssimo. Desde o design dos personagens até o design dos inimigos e cenários, o game exala identidade e é muito competente no departamento visual.
Cada cenário apresenta belas cores e são bem detalhados, ajudando na imersão do mundo do jogo. Outro ponto digno de nota é o quão prazeroso é jogar Momodora. É dífícil até colocar em palavras, mas existe alguma coisa viciante na programação desse jogo. É como “jogar” uma lasanha de domingo bem recheada. Puro suco de aconchego.
A trilha e os efeitos sonoros cumprem bem os seus papéis, ainda mais quando levamos em consideração o escopo do game. Um ponto negativo é a falta de uso dos recursos do DualSense, mas, considerando que estamos falando sobre um indie brasileiro de baixo orçamento, seria pedir demais que o jogo tivesse esse suporte.
Eu não tive nenhum bug durante minha jogatina, tampouco crashes. Algo curioso é que as quedas de frames estiveram presentes mas é uma situação estranha. Elas só acontecem em pontos bem específicos de algumas salas do jogo. E sim, mesmo jogando no PS5 Pro. O jeito é ficar na torcida para que um patch resolva esse problema rapidamente.
Momodora: Moonlit Farewell – Vale a pena?
Momodora: Moonlit Farewell é um metroidvania bem competente que sabe de suas limitações e entrega o mais importante: diversão descompromissada. O jogo não busca ser o melhor do seu gênero, pelo contrário, ele se posiciona como uma opção divertida para quem ama metroidvanias.
Como mencionei no começo desse review, analisar games brasileiros sempre tem um gostinho especial e é gratificante ver o quanto o nosso país tem potencial para ser um ótimo exportador de jogos. Se você gosta de metroidvanias, considere dar uma chance à Momodora quando possível.
Pontos Positivos
- Jogabilidade prazerosa
- Boa variedade de inimigos
- Pixel art belíssimo
Pontos Negativos
- O jogo é fácil demais no Modo Normal
- Exploração é irritante até desbloquear a viagem rápida
- Barra de stamina muito pequena
- História
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Som