Need for Speed é, inegavelmente, a franquia mais conhecida do gênero racing. Com dezenas de títulos lançados até hoje, nenhum exemplar recente conseguiu agradar os jogadores como Most Wanted e Underground 2.
Após Heat, lançado em 2019, dar lampejos de que a franquia estava voltando pros eixos, Unbound chega trazendo a confirmação de que sim: podemos ficar empolgados com um jogo da saga novamente!
Bom dia, Lakeshore!
Para se comunicar com os jogadores mais novos e com o público atual da cena de rachas, Need for Speed Unbound usa e abusa da street art em sua estética como maior ponto diferencial. E, felizmente, o resultado é positivo. A medida trouxe uma identidade necessária ao jogo, diferenciando-o dos demais representantes do gênero.
As cutscenes da história, mesmo que rasa, são difíceis de serem deixadas de lado pelo estilo de arte escolhido. Os devs tomaram a decisão de não limitar os visuais das “ruas” pras cutscenes, trazendo o grafiti e as cores vibrantes para a jogabilidade. É bem legal efetuar um pulo longo, ativar o nitro extra e surgir asas em grafiti no pulo.
Como mencionei mais acima, existe um modo história que envolve disputas e dinheiro, apoiando-se bastante no conceito da jornada de herói. Somos traídos, perdemos tudo e devemos recuperar o que foi perdido. Sei que pode soar um pouco estranho, afinal, estamos falando de um jogo de corrida arcade, mas a história até que chega a ser interessante em alguns trechos. Se a equipe focasse um pouco mais nesse sentido, teríamos um dos melhores modos dentro do gênero.
I wonder if you know
A estrutura das “missões” em Need for Speed Unbound é diferente. Temos 5 dias pra nos preparar para uma corrida grandiosa que serve como qualificação para o grande torneio de revanche. Assim como nos jogos anteriores, o game divide o dia em dois ciclos: manhã e noite. Alguns eventos são específicos do ciclo do dia jogado.
Quanto mais eventos o jogador participa, a barra de procurado sobe, aumentando o nível da polícia que irá te perseguir. Graças a estrutura de 5 dias pra cada evento de qualificação, Need for Speed Unbound traz uma grande necessidade de planejamento que é inédita na franquia. Arriscar correr em vários eventos pela noite e ser preso ou ir pra garagem e encerrar o dia? Melhorar o carro e arriscar não ter dinheiro suficiente pra pagar a inscrição no evento de qualificação ou guardar os 20 mil de taxa? As escolhas importam pela primeira vez na saga.
Por falar em personalizar o carro, temos uma quantidade generosa de veículos e de personalizações estéticas. Já o sistema de melhoria segue o mesmo molde do que vimos em Heat. Para a minha surpresa, o começo do jogo é extremamente desafiador e é quase impossível vencer as corridas nas primeiras horas de jogatina. Nosso veículo simplesmente come poeira dos adversários IAs. A situação começa a melhorar após o primeiro round completo de incrementos.
Os tipos de eventos variam bastante e os drifts ganharam um enorme destaque em Unbound. Apesar de entender a estrutura, confesso que não vejo muito sentido em dividir o dia em dois ciclos. Seria muito melhor deixar a passagem do tempo acontecer de maneira “orgânica” e liberar todos os eventos de uma vez.
Boa noite, Lakeshore!
Diferente de Heat, as perseguições policiais estão um pouco mais tranquilas. Não temos mais veículos de patrulha que parecem um foguete com 4 rodas destinados a nos remover do mapa. A situação está muito mais equilibrada e justa.
Como de costume, temos algumas atividades secundárias que parecem ter saído de uma checklist. Passar por radares em X km/h, bater tempos, concluir trechos com X pontuação de drift, quebrar bonecos, outdoors, coletar artes de rua.. Existem diversos tipos de atividades pra manter o jogador ocupado, uma pena que boa parte delas não tem tanto sentido e são um tanto tediosas.
A falta de viagem rápida também acaba provando ser um problema terrível e que torna a experiência menos prática. É um saco ter que ficar perambulando pelo mapa pra entrar nos eventos, principalmente quando a cidade é tão morta como Lakeshore. Não me entenda mal, Need for Speed Unbound é cheio de identidade em suas cenas de história, personalização e jogabilidade, contudo, isso não foi transportado para o mapa/mundo que serve como palco para o jogo.
PS5 em ação
A experiência de jogar Need for Speed: Unbound no PlayStation 5 é fantástica, principalmente no que tange os carregamentos. O jogo carrega quase que instantaneamente, o que deixa a experiência mais fluída dentro da estrutura escolhida. Ir pra garagem, sair e entrar em eventos nunca foi tão simples e veloz.
Outro elemento que brilha é o DualSense, trazendo a vibração rotineira e a resistência no gatilho para aumentar a imersão no game. Confesso que os tipos de vibração poderiam ser melhor explorados, como vimos em DirT 5, contudo, o recurso foi bem implementado em Unbound.
Os visuais e o desempenho não decepcionam e, quando aliados ao estilo de arte, entregam um dos games mais bonitos do gênero. A densidade populacional e a cidade poderia ser mais viva, contudo, isso diz mais respeito a uma questão de game design.
Como de costume, a trilha sonora também diz pra que veio, contando com canções de artistas renomados como Diplo, Playboy Carti, Tropkillaz e A$AP Rocky.
Procura-se uma Comunidade
Os devs tentaram emplacar um modo online em Unbound, contudo, o conteúdo é extremamente raso e quase não existe incentivo para dedicar algumas horas para isso. O dinheiro é separado do modo história, assim como nossa garagem, tirando o sentido de se preocupar com o componente multiplayer.
Diferente de Forza Horizon, as mecânicas de socialização não existem, repelindo boa parte da player base. No estado atual que o modo online se encontra, é difícil enxergar uma perspectiva de futuro pra ele. A ideia é ótima, mas carece de uma execução melhor.
Need for Speed Unbound: Vale a Pena?
Cheio de identidade, Unbound acelera na direção certa, mostrando que a franquia ainda tem muita lenha pra queimar e que pode sim voltar a ocupar um lugar ao Sol como nos tempos de outrora. Se você gostou de Heat, certamente vai adorar Unbound, uma evolução clara da nova direção que a saga está trilhando.