Mesmo após anos sem lançamentos que expandam a campanha principal, a franquia Ninja Gaiden continua ganhando popularidade com o passar do tempo. Com uma ideia inusitada, a desenvolvedora The Game Kitchen, conhecida pelo aclamado metroidvania Blasphemous, decidiu apostar em uma nova abordagem. O lançamento de Ninja Gaiden: Ragebound para consoles e PCs demonstra o cuidado e respeito dedicados à série, sugerindo que novos capítulos podem estar a caminho.
Mas Ninja Gaiden: Ragebound não é apenas um lançamento comum! A primeira vez que tive contato com o game foi durante uma demonstração realizada na Summer Game Fest 2025 em Los Angeles, a convite da empresa para testá-lo por aproximadamente 30 minutos. Confesso que meus olhos brilharam e vi um certo potencial no game, mesmo jogando por pouco tempo. As semanas se passaram, e finalmente, tivemos a oportunidade de terminar sua campanha principal e missões secretas.
Será que o jogo vai surpreender ou é apenas mais um entre milhares de títulos de ação em plataforma 2D disponíveis por aí? É isso que você irá descobrir em nossa análise!
Ninjas em ação
Em Ninja Gaiden: Ragebound, os jogadores assumem o controle de Kenji Mozu, um ninja experiente que tem seus dias completamente mudados após a barreira entre o mundo humano e demoníaco se romperem, gerando ameaças para a humanidade.
Treinado pelo líder Ryu Hayabusa, nosso herói assume a missão e deixa a sua rivalidade com o clã Black Spider de lado, sabendo que a única forma de vencer esse confronto é unindo suas forças. Ao combinar suas habilidades com Kumori (líder do clã Black Spider), os jogadores poderão finalmente proteger o mundo.
Apesar de ter resumido a história, o jogo ainda entrega uma narrativa emocionante ao longo das 10 horas jogadas. Durante os combates, controlamos dois personagens simultaneamente. A Kumori possui um papel fundamental, servindo como um “espírito guia”. Cabe a ela utilizar habilidades especiais, como o arremesso de kunais e o teletransporte, para acessar áreas elevadas e avançar pelo mapa.

Com Kenji, os jogadores poderão entrar em combates corpo a corpo utilizando sua katana e movimentos ágeis de esquiva para enfrentar hordas de demônios. Complementando essa mecânica, é possível executar um poderoso combo junto com Kumori, unindo as forças dos dois ninjas em um ataque especial que causa ainda mais dano aos inimigos.
A campanha de Ragebound conta com 4 atos que estão divididos em sub-regiões:
- Área 1 – 3 missões;
- Área 2 – 2 missões;
- Área 3 – 5 missões;
- Área 4 – 6 missões.
Para tornar a campanha ainda mais longa e divertida, os jogadores poderão coletar caveiras que estão espalhadas pelas missões, escaravelhos que servem como moeda para trocar por medalhões de poder e itens ocultos que desbloqueiam as missões Special Ops.

Estas missões possuem um nível elevado de dificuldade, exigindo que os jogadores adotem novas estratégias para avançar pelas áreas. Além disso, cada fase da campanha conta com objetivos secundários, como eliminar uma certa quantidade de inimigos, completar a área sem morrer, entre outros desafios extras presentes.
Vale destacar que essas missões são essenciais para quem deseja alcançar o ranking S. No entanto, os desafios são complexos e, muitas vezes, será preciso tentar mais de uma vez para conseguir.
Embora tenha achado a campanha divertida, senti que algumas missões poderiam ser mais curtas. Em diversos momentos, elas pareciam repetitivas ou excessivamente prolongadas pela quantidade de inimigos, o que acabava tornando a experiência um pouco cansativa.
Para aqueles que estão começando agora neste universo de Ninja Gaiden, eu recomendo cautela! Em diversos momentos, o jogo pode se tornar frustrante, seja pela enorme barra de vida dos chefes ou por áreas repletas de inimigos, o que acaba resultando em uma experiência punitiva e muitas vezes frustrante com pontos de salvamento distantes.

Como se não bastasse, ao concluir a campanha, os jogadores desbloquearão o New Game (Difícil), resultando em uma experiência ainda mais frustrante.
O jogo oferece um recurso de acessibilidade, permitindo alterar o dano recebido pelos inimigos, duração da Hipercarga e até mesmo a redução da velocidade do jogo.
O combate e Talismãs
Se tem algo em que a franquia Ninja Gaiden se destaca é em seu combate frenético a todo instante. Em Ragebound isso não seria diferente! O game oferece mecânicas de ataque básico, ataque especial utilizando a Kumori, esquiva e duplo pulo com esquiva.
O sistema de combate também inclui uma barra rosa no canto superior da tela, que permite o uso de habilidades especiais por Kumori. A cada vez que ela lança uma kunai ou uma estrela ninja, parte dessa energia é consumida, e a única forma de recarregá-la é derrotando inimigos.
Apesar de divertido, sinto que o estúdio deveria ter caprichado ainda mais nas mecânicas de combate, oferecendo novas armas, uma variedade maior em habilidades e até mesmo mais talismãs que realmente façam a diferença durante a campanha.
Kenji e Kumori podem realizar os seguintes movimentos:
- Pulo básico – X
- Pulo com ataque – X + L1 ou X+X
- Ataque básico – Quadrado
- Kunai ou habilidades de Kumori – Triângulo e O
- Esquiva – R1

As habilidades (Talismãs) podem ser equipadas na Loja do Muramasa ao serem adquiridas com as moedas de Escaravelho. Felizmente, este sistema é divertido, e faz com que os jogadores possam explorar ainda mais o mapa para conseguir todos os colecionáveis.
Em diversos momentos, percebi que o combate parecia um pouco engessado por conta das limitações da arma disponível no jogo. Isso poderia ter sido uma ótima oportunidade para implementar um sistema de coleta de armas durante a exploração das áreas, tornando a experiência mais divertida e recompensadora.
Aspectos técnicos
Partindo para o lado técnico, o jogo utiliza uma arte pixel art 2D, relembrando os clássicos do Sega Saturn com seus belíssimos visuais similares aos 8-16 bits. Além disso, os cenários e transições surpreendem a cada nova área, com paisagens vivas e repletas de cores.
Por ser um jogo extremamente frenético, o cenário está sempre em constante mudança, com destruições, explosões e diversos elementos acontecendo simultaneamente na tela.

A trilha sonora é, sem dúvida, um dos grandes destaques do jogo! Ela conta com um toque de nostalgia e músicas clássicas que elevam a experiência de Ragebound. Os efeitos sonoros também foram bem trabalhados, criando transições suaves entre os combates.
Tive a oportunidade de jogá-lo no PlayStation 5 Pro e não sofri com nenhum problema de desempenho durante a minha gameplay. É importante ressaltar que a experiência pode variar de plataforma para plataforma.
Review de Ninja Gaiden: Ragebound – Vale a Pena?
Ninja Gaiden: Ragebound está longe de ser o melhor título da franquia ou até mesmo o melhor jogo de ação 2D presente no mercado. Ele não segue o padrão para se tornar o melhor do gênero, mas é capaz de cumprir muito bem o seu papel.
No entanto, algo que me incomodou bastante ao longo da experiência foi a falta de variedade no sistema de combate. Este é um ponto que pode se tornar uma falha significativa, especialmente para jogadores que esperam mecânicas mais profundas e bem desenvolvidas.
Se você é apaixonado pela franquia ou jogos do gênero, tenho certeza que este é um título obrigatório para você, mas, recomendo aguardar uma futura promoção.
Em suma, o game é divertido e revive momentos nostálgicos e desafiadores de jogos clássicos que estávamos acostumados a jogar no passado. Vale a pena ficar de olho!
Ninja Gaiden: Ragebound entrega uma campanha divertida, mas sofre com a falta de variedade em seu sistema de combate, que oferece poucas opções de combos e golpes. Ainda assim, apesar dessas limitações, o jogo consegue entreter os fãs mais antigos da franquia e tenta conquistar um novo público com sua proposta retrô e dinâmica.
Pontos Positivos
- Campanha e conteúdo secundário desafiadores
- Gráficos retrô que remetem aos clássicos da época
- Trilha Sonora envolvente
Pontos Negativos
- Campanha pode se tornar cansativa
- Baixa variedade de armas e ataques no combate
- História
- Jogabilidade
- Gráficos
- Trilha Sonora