Quando No I’m not a Human foi anunciado, sua proposta ousada chamou a atenção de muitos jogadores, especialmente os fãs de terror que buscavam algo novo. Seus trailers apresentaram uma atmosfera única, com uma história pós-apocalíptica e personagens envolvidos com uma trama no melhor estilo detetive e Among Us.
Disponível há um tempo na Steam, a DEMO trouxe um gostinho do que esperar do jogo e foi bastante elogiada pelo público nas redes sociais. E apesar de ser um game de nicho e com potencial para ser aclamado pela esfera cult, o título chega com potencial para se destacar e fazer concorrência com outros jogos do gênero e de orçamento semelhante.
Agora, com o lançamento da versão completa, a grande pergunta é: o jogo realmente entrega tudo o que prometeu? A resposta curta é sim, e vou explicar o porquê.
Experiência única de terror e desconfiança
Após jogar por pouco mais de 10 horas, podemos garantir que No I’m not a Human foi uma das experiências mais tensas e atmosféricas que já tivemos em um jogo de terror. Desenvolvido pelo estúdio indie Trioskaz, o jogo mergulha em uma narrativa sombria e perturbadora, onde o superaquecimento do sol não só altera o clima e a geografia do planeta, mas também transforma a própria humanidade.
Em um mundo onde a civilização entrou em colapso, uma estranha anomalia subterrânea faz surgir criaturas misteriosas, chamadas Visitantes, que têm a capacidade de se transformar em humanos. No entanto, há algo de sutilmente diferente nesses seres, algo que, se não for observado com atenção, pode passar despercebido.

O governo, incapaz de explicar completamente a natureza dos Visitantes, começa a isolar pessoas suspeitas, mas esse controle só aumenta a desconfiança e a paranoia entre os sobreviventes. Em um ambiente onde ninguém pode ser realmente confiável, a sensação de medo é constante.
Tome decisões e viva mais um dia
No I’m not a Human é um jogo de terror narrativo e investigativo onde suas decisões são cruciais. O objetivo principal é abrigar pessoas que, devido ao caos fora de sua casa, buscam refúgio com os vizinhos. Porém, com a ameaça dos Visitantes à espreita, você deve decidir se essas pessoas podem ser confiáveis ou se são, na verdade, inimigos disfarçados.
As conversas com os personagens e os detalhes de suas características físicas fornecem pistas, mas, como tudo em No I’m not a Human, a desconfiança é constante. Cada interação pode ser uma jogada de risco, e passar a noite com alguém errado em sua casa pode cobrar um alto preço: a vida das pessoas de bem e sua própria sanidade.

Você tem duas opções: permitir que as pessoas entrem, ou entregá-las ao governo. A terceira opção é, claro, confiar em sua arma e fazer o que achar necessário. Contudo, qualquer erro pode resultar na morte de um inocente — ou pior, a falha pode fazer com que o verdadeiro inimigo escape sem ser detectado.
Essa ideia cria uma jogabilidade única onde a linha entre o certo e o errado é extremamente tênue. E por incrível que pareça, isso funciona muito bem no fluxo de gameplay, que também inclui um sistema de puzzle onde não ter ninguém em casa pode ser bastante perigoso, enquanto ter muitas pessoas pode custar a vida de quem está saudável.
Atmosfera pesada e bastante incômoda
No I’m not a Human se destaca pela sua criatividade, apresentando uma história pesada e uma atmosfera desconfortante que, definitivamente, deixa o jogador mal. O jogo não se preocupa em suavizar a experiência: ele é direto e imersivo, oferecendo uma sensação de claustrofobia e incerteza constante.
A mecânica central, que coloca a responsabilidade de salvar ou condenar os outros em suas mãos, funciona perfeitamente, mantendo o ritmo e a tensão do jogo sempre nas alturas. Essa é uma receita de bolo que se encontra e se fortalece a cada instante, seja pelo desenvolvimento dos personagens ou pela gradação nítida da história, onde as coisas se tornam cada vez mais preocupantes.

O visual do jogo é simples, mas eficaz. Ele contribui enormemente para a atmosfera de terror, com um estilo minimalista que não sobrecarrega o jogador, mas mantém a experiência focada na narrativa e nas emoções que ela desperta.
Enquanto isso, a excelente trilha sonora, que se destaca por ser bastante reconfortante, complementa essa imersão, intensificando a sensação de perigo e incerteza. A cada novo ciclo de personagens (três apresentados por noite), o senso de mistério é renovado, criando um loop imprevisível que mantém o jogador sempre em alerta.

Com 10 finais diferentes e runs que variam de 1 a 3 horas, No I’m not a Human oferece uma excelente rejogabilidade. Cada decisão conta, e o impacto delas se faz sentir nas diferentes rotas que o jogo pode tomar. Isso garante que você sempre tenha motivos para revisitar o jogo, tentando descobrir novos detalhes e desvendando os mistérios que ele reserva.
No I’m not a Human é tudo isso mesmo: um jogo conceitualmente único
Localizado em português do Brasil, No I’m not a Human é um jogo que merece sua atenção. Ele foge dos clichês típicos de jogos de terror, oferecendo uma experiência narrativa profunda e criativa.
A forma como o jogo manipula a desconfiança e a tensão entre os personagens é excepcional, e a jogabilidade baseada em escolhas torna a experiência ainda mais envolvente em todos os aspectos. Sua simplificada está longe de ser um problema: o jogo realmente é complexo e traz eventos profundos de críticas sociais, reflexões teológicas e mais.

No I’m not a Human é, sem dúvida, uma prova de que os jogos indie, especialmente os de terror, estão cada vez mais maduros e inovadores. Se você gosta de uma boa história de terror, com uma mecânica única e uma atmosfera capaz de te deixar desconfortável, esse jogo é para você. Aliás, jogar com fones de ouvido é altamente recomendado.
Dê uma chance a No I’m not a Human e prepare-se para uma experiência que vai te marcar por muito tempo.
Profundo e impiedoso, No I'm Not a Human é um jogo que explora a natureza humana de forma implacável por meio de uma experiência simples, mas totalmente focada em seus julgamentos.
- Narrativa
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Som