A vida é uma jornada capaz de reunir uma imensidão de experiências e emoções. Quando se é jovem, é fácil de se esquecer desse potencial e não perceber as imensas capacidades que temos à disposição. Não compreender esta realidade pode nos preocupar, frustrar ou até mesmo nos fazer temer o que está por vir. É com algumas considerações nesse sentido que temos o lançamento de Oxenfree II, novo game da Netflix que chega hoje para Android e iOS via assinatura do streaming e também para PC, PlayStation 4, PlayStation 5 e Nintendo Switch. O game se posiciona como um título capaz de encantar o jogador e que pode ser uma boa pedida para quem esteja procurando um jogo com elementos de terror que possa, paradoxalmente, gerar uma aventura tão agradável quanto um passeio tranquilo. Mas, afinal, Oxenfree II: Lost Signals vale a pena? Vamos conferir.
Visuais
Oxenfree II: Lost Signals tem um visual cartunesco ambientado em uma pequena cidade no Oregon. Temos um cuidado especial dos artistas envolvidos no game de criar uma atmosfera convidativa e que mesmo assim coloque no jogador uma sensação de apreensão. Parte disso surge no fato de boa parte do game ocorrer durante a noite, mas não só nisso: temos espaços apertados, locais perigosos e áreas íngremes a serem desbravadas. Toda a construção do cenário é muito convincente e criada para fazer o jogador aproveitar cada centímetro de Carmena e desbravar seus segredos. Destaque para os ambientes interiores muito bem criados e definidos.
Jogabilidade
O game utiliza a exploração como seu motor, tendo-a em seu cerne. Durante a maior parte do jogo temos de explorar a região de Carmena e suas florestas, áreas urbanas, zonas pedregosas e locais subterrâneos. O game acaba indo muito além de um simples walking simulator uma vez que há sempre um mistério para descobrir sobre a cidade ou uma informação nova a respeito dos personagens. Cada parte de Carmena é explorável através de pequenas seções que fazem parte de um mapa maior. Enquanto nos movemos podemos realizar ações como escalar e saltar, por exemplo. Vários locais possuem objetos com os quais se pode interagir. Um banco para sentar, uma ponte para se debruçar, uma ferramenta para quebrar ou um cachorro para acariciar… São várias as opções que não são enfadonhas e sempre fazem sentido na trama.
Durante boa parte da jornada temos um companion, Jacob, que quebra qualquer marasmo da travessia conversando conosco e sendo um verdadeiro guia de coisas que não sabemos sobre Carmena, além de um parceiro na caminhada. Jacob fala bastante enquanto nos acompanha, mas o diálogo entre os protagonistas é necessário. Já Riley, nossa personagem principal, é mais introspectiva na maior parte das vezes, o que não acaba por ser ruim uma vez que suas falas são mais bem organizadas e possuem um bom humor.
Existem diversas formas de lidar com Jacob e com o ambiente ao redor através das falas. Podemos, por exemplo, hostilizar algo ou demonstrarmos empatia. Além de moldar a personalidade da “sua” Riley, estas escolhas têm o propósito de ajudar a definir pontos chave do enredo do jogo (incluindo uma escolha final que acaba por ser bastante difícil). Algo que não me agradou tanto, porém, foi a velocidade colocada para escolher as falas que o jogador prefere usar. Não foi um elemento, porém, que prejudicou a jogatina em si.
Junto de Riley está um walkie-talkie com diferentes canais que podem ser acessados. Eles dão acesso a Evelyn, sua chefe, e também a outros personagens como a guarda florestal Shelley. Os canais podem eventualmente passar alguma missão secundária para Riley e Jacob que eles podem realizar ou não.
A outra ferramenta à nossa disposição é um rádio que pode alternar em frequências responsáveis por abrir portas e lidar com fenômenos paranormais. Em algumas seções do game é possível se transportar para outra época usando o rádio, algo que auxilia na travessia.
O game também possui uma variedade de puzzles que não são difíceis e normalmente envolvem obter formas geométricas através dos botões do controle. Também há coletáveis que explicam um pouco mais do passado de Carmena.
História
A história de Oxenfree II: Lost Signals é focada em Riley, uma pesquisadora ambiental que inicia seu dia de trabalho tendo que investigar uma interferência eletromagnética nunca visto antes. Para isso, ela precisa instalar quatro transmissores a quase mil metros de altitude. Junto dela está Jacob, personagem que se denomina como “faz tudo”.
Como dito anteriormente parte da história é definida pelo jogador, que através de como Riley reage ao cenário e às pessoas é capaz de influenciar a trama. Mas todas as ramificações seguem uma história em comum na qual há obstáculos no caminho até cada transmissor e também alguns jumpscares relacionados a fantasmas e frequências de rádio. Ocorre que a interferência da qual Evelyn fala não é um fenômeno natural. E, claro, o epicentro de tudo é a Ilha Edwards, cenário do primeiro jogo que é muito bem integrado à sequência.
A história é gamificada e oferece várias formas de entreter o jogador. O roteiro, porém, pode acabar não surpreendendo tanto. Oxenfree II flerta com elementos de suspense e terror, mas estes poderiam ser melhor construídos. Há também uma sensação de previsibilidade enquanto avançamos, o que talvez não agrade todos. Apesar disso a história cumpre seu papel em manter o jogador magnetizado. Há de se destacar a sua duração. Embora capaz de ser zerado em por volta de cinco horas, Oxenfree II sabe terminar na hora certa.
É interessante também como o game aborda questões do início da vida adulta e amplia o escopo de assuntos que a franquia aborda. Riley e Jacob são jovens e possuem algumas dúvidas sobre o que vem à frente. É papel do jogador entender e lidar com o mundo ao redor para que as expectativas de ambos sejam respondidas. O game parece ser uma carta aos jovens adultos que buscam por propósito em um mundo que por vezes pode não ser tão gentil ou agradável com nossos sonhos e anseios.
A propósito, se você gostou do filme A Chegada, de Dennis Villeneuve, é altamente recomendável que jogue Oxenfree II: Lost Signals.
Desempenho, som e localização
Testei a versão de PlayStation 5 de Oxenfree II e não tive problemas durante a jogatina. Entretanto, há de se destacar que ao sair de uma seção de mapa para outro uma tela de carregamento surge durante alguns segundos. Acaba por ser algo estranho e que poderia ser melhor trabalhado com uma transição instantânea ou algo do gênero. No quesito da trilha sonora, ela é ótima e possui elementos sombrios que ajudam a criar um clima tenso. Há de se destacar que os dubladores do jogo são excelentes e conseguem gerar uma grande imersão com suas atuações. Já no que se refere à localização, ela é muito boa também, com menus traduzidos e legendas PT-BR.
O veredito para Oxenfree II: Lost Signals
Oxenfree II: Lost Signals não é um game para todo mundo. Vai agradar quem prefere uma aventura mais introspectiva e focada na exploração enquanto descobre os segredos de Carmena. Não é um game com combate e sim a experimentação de uma história sensível, íntima, horripilante e, por mais que soe estranho dizer em sequência, amena. É um convite interessante à amizade, à vida e ao futuro. Vale a pena!
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Oxenfree II: Lost Signals é uma aventura refrescante que consegue ao mesmo tempo magnetizar o jogador e ser uma grande sequência.
- História
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Trilha sonora