Quando LEGO Horizon Adventures foi anunciado, a sensação foi de que todo mundo tinha algo a dizer sobre o jogo.
De um lado, fãs raivosos por que o jogo chegou Day One no PC e Nintendo Switch juntamente com a versão de PS5. Do outro, os piadistas alegando que ninguém aguentava mais Horizon.
Diante desse contexto, eu me senti um estranho. O motivo? Desde o seu anúncio eu achei a ideia genial. Horizon e LEGO, no papel, pareciam o par perfeito. Dinossauros, tecnologia, tribos e, claro, LEGO.
Mas será que essa parceira inusitada deu certo mesmo? É isso que você vai descobrir nesse review de LEGO Horizon Adventures!
Tudo novo de novo
A história de LEGO Horizon Adventures segue os alicerces de Horizon Zero Dawn. São os mesmos personagens, mundo e pano de fundo, mas, claro, tudo adaptado para o universo LEGO.
O jogo não esconde, em nenhum momento, que se trata de um produto para o público infanto-juvenil. As piadocas de 6-7 anos são constantes, assim como o humor galhofa.
Isso pode afastar algumas pessoas, contudo, a IP LEGO foi construída nessa essência e é interessante ver que mesmo com um collab desse porte, eles optaram por não abrir mão disso.
Mais interessante ainda é ver que a narrativa casou bem com a proposta, mesmo que super condensada e com diálogos e trama adaptados pra criançada.
A presença de uma dublagem de ponta ajuda a tornar o jogo ainda mais atrativo! A campanha, que dura entre 6 a 8 horas, a depender da dificuldade escolhida, entretém bastante. Só achei que o jogo não tem um fator replay tão grande.
Consegui a platina em 14 horas e isso fazendo tudo que o game tinha pra oferecer – a campanha, as caçadas das máquinas corrompidas e as expedições livres pra colocar todos os personagens no nível máximo.
Por um momento eu estranhei a ideia de só adaptar Zero Dawn, mas, ao terminar eu tive a minha resposta.
Se o jogo fosse um pouquinho maior, ele se tornaria muito repetitivo e cansativo. Sua duração por pouco não esbarrou no “longo até demais”.
Expansão de universo
Em Horizon Zero Dawn, Aloy era a estrela e a Guerrilla Studio se virou para construir uma jogabilidade variada mesmo sem a presença de uma arma melee.
Em LEGO Horizon Adventures, a equipe escolheu um caminho inteligente. Os jogos da IP são conhecidos pela simplicidade na jogabilidade. Temos pouquíssimos comandos, afinal, são jogos pra criançada.
Aqui temos um botão pra atacar, um pra usar os aparatos e outro pra pular. Provavelmente seja uma questão de costume, mas senti MUITA falta de um botão pra rolar/desviar e o jogo me pareceu incompleto sem isso.
Para trazer variedade na jogabilidade e afastar o sentimento de mesmice, podemos escolher entre quatro personagens jogáveis. Cada um deles usa uma arma diferente: arco, “granadas”, martelo e lança. Dentro desse leque de opções, temos armas raras.
Essas armas, que possuem uso limitado, adicionam efeitos elementais como Gelo, Fogo e Raio, ajudando a destruir as máquinas mais rápido.
Os aparatos funcionam como arremessáveis e seguem a linha do que temos em Zero Dawn. E sim, a clássica armadilheira se faz presente. O mais inusitado é o Tio do Hot Dog. Montamos um carrinho de Hot Dog e um NPC fica jogando salsichas explosivas temporariamente. Puro suco de LEGO!
Após ter platinado o jogo, falo tranquilamente que o maior trunfo de LEGO Horizon Adventures é conseguir transportar o que a franquia tem de melhor: as batalhas contra as máquinas.
Temos uma ótima variedade aqui, inclusive os clássicos Tirânico e Pescoção. Os cultistas também se fazem presentes, apesar de serem extremamente fracos.
Assim como nos jogos principais, as máquinas aqui também apresentam os pontos fracos que podem ser removidos. Ao fazer isso, ganhamos XP adicional.
Um aspecto que me surpreendeu é que nas dificuldades mais altas, o jogo é incrivelmente desafiador. Na última, chamada de Heroína, as máquinas maiores praticamente dão hitkill. Isso torna as batalhas contra minichefes e chefes ainda mais emocionantes!
Além das armas e aparatos, também podemos usar armadilhas ambientais e barris elementais para causar dano massivo nas máquinas. Essa interatividade com o cenário é muito bem vinda, apesar de limitada.
No começo, até fiquei encantado com alguns sistemas. Além dos barris, temos fogueiras e destroços energizados. Ao atirar uma flecha em direção a eles, a flecha se torna incendiária ou elétrica.
O problema é que não temos nada além disso nas horas adicionais. Penso que a equipe poderia ter pensado em mais sistemas interativos no que diz respeito ao combate.
A curiosidade é um dom
Nesse trecho do review de LEGO Horizon Adventures eu vou falar sobre o level design, personalização e progressão. Começando pela progressão, temos aqui duas frentes de melhorias.
Ao ganhar XP, nossos personagens mudam de nível, indo do 1 até o 20. Cada nível aumenta um aspecto específico do personagem, como maior dano de arma ou um novo coração (o HP). Caso você jogue em co-op, o XP é compartilhado igualmente entre os dois personagens. Essa inclusive é uma ótima dica caso você queira upar todos até o máximo mais rápido.
Além disso, podemos comprar habilidades usando os pinos, a moeda do jogo. Essas habilidades funcionam como perks passivos e estão relacionadas à bônus como começar cada aventura com uma arma rara em mãos ou ganhar mais XP ao destruir partes fracas das máquinas.
A estrutura é bem simples mas funcional e é ideal para que a garotada não fique confusa com várias opções. Os pinos são obtidos ao destruir máquinas, ao abrir baús e ao visitar as construções no Coração da Mãe.
O Coração da Mãe é o HUB do jogo. Na medida que conseguimos blocos dourados, abrimos novas construções e as opções de personalização são bem vastas. Temos cosméticos de Horizon e de outras franquias LEGO como Ninjago.
Dá pra colocar um Entalhador ao lado de um galinheiro. Pois é, puro suco de LEGO! E uma coisa bacana é que as construções são interativas. Podemos construir um dojo de Ninjago e sair na mão com o sensei, ou uma estação espacial e enviar um aldeão para o espaço. Essa interatividade me fez lembrar do recente Astro Bot (leia nosso review aqui)!
Além das construções, a personalização também é transportada para as skins de personagens. Podemos visitar Leb, o Alfaiate, para mudar a roupa de cada um dos quatro personagens jogáveis. E é aí que a criançada deve se esbaldar. Temos roupas relacionadas à franquia Horizon e LEGO. Existe um certo charme em concluir a campanha vestido de galinha.
O maior ponto negativo de LEGO Horizon Adventures pra mim é o level design. Tudo bem que estamos falando sobre um jogo LEGO, mas as fases são lineares até demais e o layout raramente muda.
Para se ter uma ideia, as fases são tão lineares que caso você use uma tirolesa para ir para o outro lado de uma montanha, é impossível voltar para onde estava. Se você deixar algum baú para trás, já era.
O jogo usa um sistema RNG similar à Hades e Returnal, só que como as salas são bem curtas, a sensação é de que estamos jogando a mesma fase sempre e isso prejudica demais o loop de gameplay.
Temos seções que buscam quebrar um pouco isso e colocam Aloy para invadir os tradicionais Caldeirões ou perseguir os Pescoções, mas esses momentos são raríssimos. A equipe de desenvolvimento poderia explorar mais a verticalidade e aplicar mais mudanças estéticas nas aventuras de cada mapa.
Além da campanha, temos dois tipos de atividades secundárias que ajudam a extender levemente o tempo de jogatina: o Mural da Comunidade, onde recebemos tarefas específicas em troca de blocos de ouro, e a minha predileta, a Caçada de máquinas Alfa. Cada mapa conta com 4 caçadas épicas que concedem blocos vermelhos. Esses blocos desbloqueiam cosméticos especiais.
No geral, o sentimento é de que a criatividade acabou se concentrando na fusão da história de Horizon com o humor LEGO e no combate. O level design é a parte mais fraca do jogo e isso prejudica a experiência como um todo.
É claro que, bom, um jogador de 6-8 anos provavelmente não vai reclamar disso, mas qualquer gamer veterano vai sentir a repetitividade em pouco tempo de jogatina.
DNA PlayStation
Tudo bem, estamos falando de um jogo LEGO, mas é impressionante que o DNA PlayStation se faz presente até em jogos desse tipo.
O game tem um forte aspecto premium, seja pela sua dublagem de ponta quanto pela parte técnica refinada.
O DualSense é bem usado, quase não existem loadings, as técnicas de iluminação deixam o jogo ainda mais charmoso, não tive nenhum bug ou glitch e por aí vai.
Esse refinamento técnico ajuda a passar uma sensação de que a PlayStation deu tanto importância para a iniciativa quanto ela dá para seus flagships, o que é algo interessante.
Minha única ressalva com a parte sonora diz respeito às máquinas. Nos jogos principais, o som que elas emitem acabam sendo um componente importante para ajudar a construir a atmosfera da luta.
Aqui, esses sons não se fazem tão presentes, o que poderia ajudar a tornar os embates ainda mais épicos.
Review de LEGO Horizon Adventures: Vale a Pena?
Eu gostei de LEGO Horizon Adventures e fico na torcida para que a iniciativa seja transportada para outras IPs, como God of War.
Só que o sentimento após platinar o jogo é de que ele não consegue justificar o seu valor, ao menos não no Brasil.
E eu nem vou entrar no mérito da duração mas sim da simplicidade. É tudo simples demais pra cobrar R$300 quando temos centenas de produtos mais complexos no mesmo valor.
Podemos fazer um comparativo com outro jogo da própria franquia LEGO e que é relativamente recente. LEGO Star Wars: Skywalker Saga entrega uma quantidade absurda de conteúdo e com mais complexidade do que Horizon Adventures.
Um ponto forte a favor de LEGO Horizon Adventures é que ele é quase um lobo solitário na atual geração. Se você procura um game da PlayStation pra se divertir com seu filho ou até com sua namorada/esposa, ele pode ser uma ótima opção!
- História
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Som