Simuladores possuem uma fatia interessante do mercado de videogames, servindo a pessoas que queiram experimentar a fundo em um game determinada mecânica ou atividade que por algum motivo não pode ser executada por elas na vida real. É o caso de simuladores para direção de carros, pesca e até mesmo exploração espacial. Quando pensamos em simuladores que colocam os dois pés na ficção, não há como não lembrarmos da arcana e poderosa magia. Nesse contexto, Potion Craft é um título da Niceplay Games que busca desafiar o jogador a criar poções, demonstrando como sua criação pode ser mais complexa do que normalmente é apresentado. Será que o game consegue cumprir suas expectativas? Vamos descobrir.
Visuais
Quando falamos de poções muitas vezes nos referimos à ficção medieval por sua ligação com bruxas, monstros, cavaleiros e outros elementos que normalmente são associados a este gênero. Aqui não é diferente, com toda uma estética criada para familiarizar o jogador com a medievalidade. Isto se verifica, por exemplo, nas fontes e nos designs de personagens, cômodos e objetos, assemelhando-se a uma pintura desta época. Além disso, as cores possuem uma paleta neutra e com verniz de antiguidade.
O game se exibe na maior parte das vezes com telas estáticas, havendo eventualmente algum tipo de movimentação dos itens ou personagens. Uma vez que se trata da proposta do game, não é exatamente de um demérito. Entretanto, é de se pensar que seria interessante uma maior vivacidade nesse sentido.
História
O game possui uma narrativa razoavelmente simples: você assumiu um laboratório e agora precisa criar poções e servir os moradores locais. Não há algo muito mais elaborado, embora exista uma continuidade, e a jogabilidade acaba engessando um tanto a história.
Como elemento de progressão na história existem diversos capítulos com objetivos a serem cumpridos, os quais desbloqueiam algumas novas funcionalidades na gameplay e diálogos adicionais com os personagens.
A jogabilidade de Potion Craft
Se tratando de simuladores, a jogabilidade é normalmente o ponto mais importante, refinando a experiência e permitindo controle sobre determinada atividade. É o que vemos em Potion Craft, que busca deixar o jogador no controle da criação de poções.
Se você já jogou The Witcher 3: Wild Hunt, sentirá-se familiarizado com algumas das descrições e composições de Potion Craft pelo fato de termos que juntar ingredientes para depois produzirmos o que pretendemos. Aqui, entretanto, assumimos um papel que mais remonta ao de Keira Metz no início do jogo do bruxo, com nossas criações sendo utilizadas para atender as pessoas.
O ponto central do jogo é um laboratório onde tudo acontece. Em um menu do lado direito, temos diversas plantas que utilizamos na produção. Caso o jogador queira, elas podem ser colocadas em um moedor, que aumenta a quantidade dos ingredientes. Em seguida, o conteúdo é colocado em um caldeirão e mexido com uma colher pelo jogador. A cada vez que a colher é usada, uma poção no centro da tela se move por um mapa em diversas direções a depender dos ingredientes utilizados. As combinações são múltiplas e dependem da criatividade do jogador em explorar o mapa alquímico. Receitas bem-sucedidas surgem na tela como disponíveis e, em seguida, podem ser salvas. Eventualmente o jogador também pode colocar água em sua criação. Conseguida a mistura pretendida, deve ser utilizado um fole para aquecer o conteúdo do caldeirão e gerar a poção, que fica disponível no inventário.
A forma mais básica para obter novas plantas é indo ao jardim da propriedade e colhendo ervas, cogumelos e raízes úteis. As plantas crescem de tempos em tempos, servindo como um suprimento completamente necessário.
Outra mecânica muito importante do jogo envolve o uso das poções. Você é um vendedor e sempre recebe clientes que querem algo que resolva seus problemas. De início a demanda é baixa e simples, mas com o tempo acaba adquirindo maior complexidade. Poções que não correspondem ao que o NPC quer possuem o farão se zangar e rejeitá-las. Já as que se encaixam no que ele procura serão pagas e o deixarão contente. É possível também negociar, sendo aberto um minigame que permite que os NPCs paguem mais pela poção. Se o jogador não quiser vender a um NPC específico, é possível encerrar a conversa. Outra dinâmica interessante é que você pode ter acesso a mercadores que venderão plantas ou fórmulas, entre outros produtos. Finalizados os atendimentos do dia, ou seja, quando a loja não tem mais clientes disponíveis, é possível ir até seu quarto e dormir, iniciando uma nova jornada no dia seguinte. Eventualmente os cômodos podem ser melhorados, facilitando a criação de poções com filtros, combinações e outros aparatos que dinamizam a produção.
Apesar destes elementos, é de se notar que a gameplay de Potion Craft possui uma monotonia aparente e pode frustrar por este aspecto caso seja jogado por muito tempo em sequência.
Desempenho, localização e trilha sonora
Potion Craft possui um excelente desempenho, proporcionando uma experiência suave e sem engasgos ou travamentos. Os requisitos para o game são uma GeForce GTX 670 / Radeon HD 7970, 8 GB de memória RAM e processador Intel i3-6100. Em nosso teste rodamos o game em uma máquina com processador Intel i7-7500U, 8 GB de RAM e uma placa de vídeo Intel HD Graphics 620, não havendo problemas na jogatina.
Em relação à localização, o game possui todos os menus, diálogos e descrições de games traduzidos para o PT-BR, o que é um ponto muito positivo. É um trabalho de qualidade e demonstra atenção da Niceplay para um mercado tão importante como o nosso.
No que se refere à trilha sonora, ela não foge de um jogo com temática medieval, beirando o genérico por vezes. Ainda assim é relaxante e um elemento que ajuda o jogador a passar várias horas diante da tela realizando a confecção de poções.
Veredito
Embora muitas vezes sejam esnobados, os games de simulação possuem um nicho específico e podem se mostrar excelentes em suas propostas. Em Potion Craft, entretanto, encontramos um jogo que tropeça na tentativa de criar uma experiência alquímica abrangente ao pouco inovar diante do jogador ao longo de sua duração. Embora o título faça realmente um esforço em construir um mundo e dar diversas opções à nossa escolha, podemos dizer que faltou dinamismo, fluidez e talvez um toque de mágica.
Obs: Esta análise foi feita em um PC através de uma chave cedida pela Niceplay Games.