Eu sou um fã relativamente novo da Atlus. Minha primeira experiência foi com Persona 5, e ali, eu entendi o que faz essa empresa ser tão única no gênero de JRPG na indústria atual. Depois, joguei o Persona 3 Reload e o mais recente Metaphor: ReFantazio (que achei o melhor jogo da Atlus que pude experimentar). Essa introdução é para dizer que, quando me deram a oportunidade de avaliar RAIDOU Remastered: The Mystery of Soulless Army, eu aceitei na hora, pois nunca tive contato com o jogo original e queria ver o que a Atlus propunha nesse título. Será que esse remaster foi bem feito e o jogo vale a pena? É o que você irá descobrir nesse review, então venha comigo!

Raidou Kuzunoha IV
A sinopse básica de RAIDOU é a seguinte: “Torne-se Raidou Kuzunoha e trabalhe com seus aliados demônios para desvendar os mistérios que bloqueiam seu caminho. O que antes era um caso de pessoas desaparecidas, logo se transforma em uma conspiração que abalará não apenas a Capital, mas toda a nação.” Instiga não é? É uma premissa relativamente normal, mas que ao jogar, você encontra nuances muito distintas de como a Atlus enxerga os jogos (explicarei isso melhor no decorrer do texto).
No início do jogo, assumimos o papel de um habitante de uma vila em que o objetivo é se tornar um “Devil Summoner” ou um Invocador de Demônios (um pequeno adendo aqui: em vários momentos desse texto, escreverei termos em inglês, pois o jogo não está traduzido para o português), e isso ocorre através de um teste que no contexto do jogo, em anos, nenhuma pessoa havia conseguido finalizar. Esse teste serve como o tutorial de gameplay do jogo, das mecânicas básicas e do tom de como é a estrutura proposta e irei detalhar isso melhor mais a frente.

Após esse breve início, o jogo inicia pra valer, e ai, a história começa a ser mostrada. Essa review será sem spoilers nenhum, podem ficar tranquilos, mas é possível que eu cite termos que aparecem depois de algum tempo no jogo durante o texto, algo que garanto não irá atrapalhar a sua experiência quando for jogar.
A estrutura básica do jogo consiste em um caso principal (que é o objetivo primário) e alguns casos secundários, aqui chamados “case files“, que são muitas vezes aquelas fetch quests, e o que esses casos entregam com recompensa são itens, que podem ser usados para recuperar vida, aumento de experiência ou até mesmo itens valiosos que podem ser vendidos para virar dinheiro, que serve para várias coisas, que irei falar mais a seguir.
Demônios, Fusões e Espadas
Quem já jogou algum jogo da Atlus, talvez reconheça algumas coisas em comum entre eles, como o sistema de fusões, presente tanto na série Persona, como na série Shin Megami Tensei. RAIDOU Remastered é um spin off da série SMT, portanto, esse sistema está aqui e funciona exatamente como nos outros jogos. Vou detalhar um pouco como funciona o gameplay do jogo até voltar ao sistema de fusões.
Você durante as batalhas, pode capturar os demônios em tubos, que é basicamente um local para armazenar esses seres. Depois, você tem uma habilidade relacionada a premissa inicial de ser um Devil Summoner que é ter 2 desses demônios ajudando em batalha, com vida própria, e utilizando a barra de MAG (a mana do jogo) do personagem principal pra usar as suas habilidades nas batalhas.

Com essas habilidades, podemos atingir a fraqueza do inimigo, o que, como nos jogos das series Persona e Shin Megami Tensei, trás muitos benefícios para o jogador na batalha.
Aqui, quando acertamos na fraqueza, o inimigo entra num estado de stun, e nesse estado, o jogador pode atacar visando duas coisas: se você acerta com ataques leves (no PS5, é o quadrado), você recupera sua MAG numa quantidade substancialmente maior do que quando o inimigo está normal (aqui, uma pequena explicação: os ataques leves servem pra recuperar a MAG, ou sejam, dão dano menor); se você acerta com ataques pesados (aqui é o botão triângulo), os ataques dão mais dano, mas não recuperam MAG, ou seja, se você quer maximizar o dano, o melhor momento é colocar o inimigo em stun, e atacar continuamente com ataques pesados.
Faltou falar de um tipo de ataque que é algo que, quando apareceu o tutorial para mim a primeira vez, eu não parei e li direito, mas que eu acredito que funcione da seguinte maneira. Ao usar os ataques fortes e por um acaso o inimigo ataque ao mesmo tempo, aparece um prompt na tela de quadrado + x, que da um ataque “especial”, onde você tira um dano bem maior do que o normal e recupera muita MAG ao mesmo tempo.
E, tem um prompt de triângulo + bolinha que, é um ataque especial indicado para batalhas com muitos inimigos, pois é o ataque mais poderoso do personagem, que basicamente mata todos os inimigos, com exceções de chefes, onde o dano causado é significativo mas não mata automaticamente, e esse ataque especial vai acumulando a medida que o ataque de quadrado e x é realizado, até encher a barra completa e habilitar pra usar.
O jogo funciona com o sistema de níveis, que você upa a medida que passa pelas batalhas e ganhando a experiência como em qualquer RPG. Ao subir de nivel, você adquire um ponto de xp que deve usar para aumentar um dos atributos do personagem principal, que são: força, magia, vitalidade e sorte, cada um sendo responsável por um elemento do combate, por exemplo, a força aumenta o dano dos ataques com espada (arma principal do personagem), magia aumenta o dano das habilidades dos demônios e por ai vai.

Os demônios também possuem níveis e evoluem com experiência adquirida nos combates, mas aqui, temos uma particularidade. Os demônios possuem um sistema de lealdade, algo que eu não conhecia nos jogos da Atlus que joguei até hoje.
Esse sistema vai aumentando no decorrer das batalhas parecido com o nível, mas que ao atingir o nível máximo em cada demônio, tem certos benefícios, seja recuperar a vida do personagem principal, recuperar a vida do próprio demônio, recuperar a MAG, além dos demônios entregarem jóias que servem para o sistema de aprimoramento de armas, que explicarei mais a frente.
Além disso, quanto mais a lealdade vai aumentando, mais tubos pra adicionar demônios o jogador ganha e a quantidade de MAG também aumenta, ou seja, o jogo estimula o jogador a sempre estar trocando os demônios capturados.

Agora as fusões. Como em todo jogo da Atlus, o sistema de fusões dos demônios é algo extremamente necessário, pois mesmo que você tenha demônios em nível próximo ao seu, certas habilidades melhores só podem ser acessadas por demônios de nível maior, ou no caso, mais raros.
Mas algo que é legal de citar é que as habilidades que os demônios usados em uma fusão tem, podem ser reaproveitados no resultado da fusão, ou seja, caso você tenha uma habilidade que goste muito em algum e não queira perdê-la, você pode equipar nas habilidades do demônio resultado da fusão (algo que usei muito durante a minha gameplay).
E pra finalizar sobre os demônios, algo que precisa ser explicado. Nos cenários do jogo, existem NPC’s que precisam de algum estímulo, e esses estímulos ocorrem através de habilidades passivas e características de cada demônio.
Por exemplo: alguns NPC’s precisam se acalmar, ou se animar, ou terem a mente lida; todas essas coisas são feitas através das habilidades passivas dos demônios, e por que isso importa? Porque alguns desses NPC’s entregam itens pro jogador, ou dão informações valiosas, seja no objetivo principal, ou seja em algum caso secundário.

O sistema de aprimoramento da espada é bem intuitivo. O jogador precisa de alguns itens valiosos, que normalmente são conseguidos como recompensa das batalhas, através do sistema de lealdade dos demônios, ou no cenário explorando e o dinheiro do jogo, que também é conseguido nas recompensas, no cenário ou vendendo os itens de valor no mercado do jogo.
O escalonamento de dano em cada upgrade é bastante sentido, sendo necessário que o jogador se atenha a evoluir a arma sempre que tiver os itens necessários, pois além de mais dano, o jogador libera habilidades novas que estão atreladas as armas, sejam habilidades acionáveis ou habilidades passivas.

Mapa, Sons e Questões Técnicas
RAIDOU Remastered tem um sistema de mapa muito interessante pra época que o jogo original saiu. Você tem acesso a cada nova área a medida que a história principal progride e que depois que é acessada pela primeira vez, o local é marcado em um sistema de viagem rápida que utiliza o dinheiro do jogo mas que é bom para quem não quer as vezes demorar demais entre um objetivo e outro.

A parte sonora do jogo, honestamente pra este que vos fala, não impactou tanto, sendo competente no que se propõe, mas que não é necessariamente marcante. Depois de jogar Persona 5, Persona 3 Reload e principalmente Metaphor Re:Fantazio, esse ponto me desapontou um pouco e fica como um ponto negativo do jogo, além do óbvio que é a falta de legendas em PT-BR (pra quem não tem familiaridade com o inglês, o jogo tem termos que são difíceis de entender).
Sobre o desempenho, como citei algumas vezes, joguei no PS5 e o jogo roda sem problemas por ser um remaster, a estáveis 60 FPS, mas preciso dizer que em um momento mais ou menos na metade do jogo, em uma batalha específica, o FPS sofre uma instabilidade que cai pra menos de 30, o que sinceramente pra esse jogo foi uma surpresa. Vale destacar que desde o inicio da review, o jogo recebeu 2 pequenas atualizações que devem ter melhorado coisas além do que eu percebi no meu tempo com o jogo.
Vale a pena jogar RAIDOU Remastered: The Mystery of Soulless Army?
Se você é fã da Atlus recente, eu recomendo muito que você jogue RAIDOU Remastered, não somente por ser um spin off de Shin Megami Tensei, mas pra descobrir um tipo de jogo que não é comum na desenvolvedora lendária japonesa. Além disso, some-se a filosofia do estúdio e aqui, você encontrará um jogo muito competente e que te fará ansiar por algo desse tipo na engine e estrutura atual da Atlus moderna.
Este review foi feito no PlayStation 5, em uma cópia cedida antecipadamente.
RAIDOU Remastered: The Mystery of Soulless Army será lançado dia 19/06, para PlayStation 5, PlayStation 4, Nintendo Switch 2, Nintendo Switch, Steam e Xbox Series X|S.
Pontos Positivos
- Sistema de Batalha divertido!
- Bom nível de dificuldade!
- História interessante!
Pontos Negativos
- Falta de legendas em PT-BR!
- Trilha sonora não chega perto dos outros trabalhos da Atlus.
- História
- Gameplay
- Som e Performance
- Conteúdo Secundário