Prepare-se para embarcar em uma jornada maluca por planetas hostis, criaturas bizarras e corporações absurdas. Nesta review de Revenge of the Savage Planet, conto como um jogo que parecia apenas mais uma sátira de ficção científica acabou se revelando uma das experiências mais divertidas e surpreendentes do ano.
Desenvolvido pela Raccoon Logic Studios, o jogo é uma continuação direta de Journey to the Savage Planet, mas não se preocupe: você não precisa ter jogado o primeiro para aproveitar tudo o que essa sequência oferece. Apesar de ter ignorado o título original na época, o nome peculiar ficou na minha cabeça. Quando a continuação surgiu, decidi dar uma chance… e fui completamente fisgado.
Será que um planeta repleto de gosma, burocracia intergaláctica e criaturas adoráveis (mas mortais) conseguiria prender minha atenção? Spoiler: prendeu, e muito.

Uma Utopia Capitalista Que Deu Muito Errado
Alta Global: a nova vilã do espaço
Primeiramente, a história começa de forma aparentemente promissora. Seu personagem é um funcionário recém-descongelado pela corporação Alta Global, que adquiriu a Kindred Aerospace com o objetivo de colonizar os confins do universo. A missão oficial? Ajudar a encontrar um novo lar para a humanidade. A realidade? Uma sucessão de erros, desastres, alienígenas hostis e, claro, demissão.
Logo nos primeiros minutos, o jogo revela seu verdadeiro tom: um humor ácido, cheio de críticas à burocracia corporativa, à exploração de trabalhadores e ao consumismo desenfreado. É como se Portal e The Outer Worlds tivessem um filho mais colorido e insano.

Narrativa dinâmica e cheia de personalidade
Apesar da trama principal não apresentar grandes reviravoltas, ela se sustenta graças ao seu roteiro afiado e personagens excêntricos. Assim, a presença constante de um drone sarcástico (que pode ter sua voz personalizada) funciona como guia e alívio cômico, enriquecendo a experiência com piadas pontuais e observações inteligentes. Além disso, o jogo usa FMVs (vídeos em live-action) para contar trechos da história e apresentar propagandas bizarras de produtos futuristas, que vão de mansões móveis a cosméticos inúteis.
Nesta review de Revenge of the Savage Planet, é impossível ignorar o charme desses interlúdios em vídeo. Eles ajudam a quebrar a monotonia da exploração e reforçam a crítica social que permeia todo o jogo.
Revenge of the Savage Planet é um espetáculo visual
Se há algo que Revenge of the Savage Planet faz com maestria, é capturar o olhar do jogador com um visual único, vibrante e artisticamente ousado. A direção de arte é, sem dúvida, um dos grandes destaques do jogo – e talvez o elemento mais memorável da experiência.
Os planetas que você explora são uma verdadeira explosão de cores saturadas, formas exóticas e criaturas absurdamente criativas, que parecem ter saído de uma animação psicodélica ou de um pesadelo infantil colorido. Portanto, a estética cartunesca, quase caricatural, dá ao jogo uma identidade própria e muito bem definida, funcionando como uma sátira visual ao estilo sci-fi genérico que vemos em tantos títulos do gênero.

Além disso, cada bioma alienígena transborda personalidade e detalhes, indo de florestas radioativas a cavernas cheias de gosma pulsante, sempre com algum toque de estranheza — seja em criaturas sorridentes que querem te matar, ou em construções tecnológicas abandonadas que ecoam o descaso de megacorporações gananciosas. Tudo é feito com um capricho visual que convida à exploração, seja para coletar recursos, encontrar segredos ou simplesmente apreciar a paisagem.

Outro destaque vai para as animações, que mantêm o mesmo tom bem-humorado do restante da experiência. Desde o movimento esquisito do protagonista, passando pelas mortes absurdamente cômicas, até as animações de queda ou explosões de inimigos, tudo foi pensado para arrancar um riso.

Assim, a opção por uma câmera em terceira pessoa, ao contrário do jogo anterior, também se mostra acertada. Ela permite que você aprecie melhor o cenário, os efeitos visuais e as próprias animações do seu personagem, algo que seria perdido em primeira pessoa.
Jogabilidade: Entre o Metroidvania e a Comédia Interativa
Exploração: alienígena, imprevisível e extremamente viciante
A exploração em Revenge of the Savage Planet é muito mais do que apenas um pano de fundo para as missões principais. Ela é o verdadeiro coração do jogo, oferecendo um equilíbrio delicioso entre curiosidade, juntamente com recompensa e surpresa.

Assim, desde o momento em que você assume o controle, o jogo te convida a sair da rota principal. Há sempre algo piscando no horizonte, um som estranho vindo de uma caverna, uma planta que parece reagir à sua presença ou uma criatura desconhecida pulando à distância.
Além disso, o level design é engenhoso, com áreas interconectadas que lembram jogos do estilo metroidvania, onde habilidades desbloqueadas em momentos posteriores permitem o acesso a locais antes inalcançáveis. Isso estimula o retorno a regiões antigas, agora com novas ferramentas e perspectivas. O jogo faz um ótimo trabalho em sinalizar quando algo está fora do seu alcance atual, mas sem fechar completamente as possibilidades — e, às vezes, o próprio drone se surpreende quando você consegue burlar o sistema com um pulo duplo bem encaixado.

Além disso, há um enorme incentivo para vasculhar cada canto dos planetas em busca da famosa gosma laranja, que aumenta sua saúde e resistência, além de diversos colecionáveis, registros, itens cosméticos e melhorias de equipamento. E o melhor: tudo isso é feito com um senso de humor peculiar, com direito a propagandas malucas, entre outras “maluquices”
Portanto, explorar esses mundos não é apenas gratificante — é viciante. A variedade de ambientes, o ritmo orgânico das descobertas e a recompensa constante fazem com que você queira sempre “só mais uma caminhada”, “só mais uma caverna”, “só mais uma gosminha escondida”. E quando você percebe, já se passaram horas.

Um arsenal tão estranho quanto divertido
A variedade de ferramentas disponíveis é um dos destaques desta review de Revenge of the Savage Planet. Você terá acesso a:
- Armas com tiros ricocheteantes que desafiam as leis da física,
- Chicotes elétricos que funcionam como laços de captura,
- Trilhos de plasma, usados para locomoção em alta velocidade,
- Jetpacks para explorar áreas verticais

Assim, esses equipamentos são introduzidos aos poucos, tornando a progressão envolvente. O sistema de upgrades é simples e satisfatório, utilizando poucos recursos e priorizando a funcionalidade.
Crafting descomplicado
Além disso, ao contrário de muitos jogos de sobrevivência ou exploração, Revenge of the Savage Planet não exige gerenciamento excessivo de inventário. Há apenas quatro tipos de recursos, e você obtém a maioria naturalmente. Isso evita frustrações e mantém o foco na ação e na exploração.
Coop online e local: sim, você pode explorar o caos alienígena com um amigo
O game conta com um modo cooperativo, tanto online quanto local em tela dividida. Infelizmente, até o final desta review de Revenge of the Savage Planet, eu não consegui testar nenhum dos dois modos durante minha jogatina, então não posso comentar sobre a estabilidade ou o funcionamento deles.

No entanto, é fácil imaginar o quanto seria divertido explorar o mundo bizarro do jogo ao lado de um amigo — especialmente para pregar peças, como armar para ele escorregar nas gosmas do cenário, ou simplesmente desbravar juntos cada canto alienígena desse universo caótico e hilário.
Desempenho técnico: um planeta bonito… mas mal otimizado
Se tem um aspecto onde Revenge of the Savage Planet realmente tropeça, é no desempenho técnico. Apesar de todo o carisma visual e da direção artística vibrante, a experiência foi constantemente prejudicada por quedas bruscas de FPS – especialmente ao sair de ambientes fechados para áreas abertas. O problema se agrava nos momentos de combate, justamente quando a fluidez é mais necessária. Isso gerou bastante frustração, já que a jogabilidade, em muitos desses momentos, pedia precisão e reflexos rápidos.

O que mais me surpreendeu – negativamente – foi o fato de que, mesmo no PlayStation 5, o jogo roda travado a apenas 30 FPS. Em pleno 2025, em um console de nova geração, essa limitação é, no mínimo, inacreditável. Esperava, no mínimo, uma opção de desempenho a 60 FPS.
Além disso, enfrentei alguns bugs pontuais, mas que impactaram diretamente a experiência. Em determinados momentos, mesmo possuindo a habilidade necessária para avançar, o jogo insistia que eu não a tinha, impedindo minha progressão. Também encontrei problemas como o personagem ficar preso em paredes, flutuar no ar ou ser arremessado de forma estranha após colisões. Embora nenhum desses bugs tenha corrompido o jogo ou exigido que eu recomeçasse, foram situações que quebraram a imersão e exigiram um pouco de paciência.
É uma pena que um jogo tão divertido e criativo tenha uma performance tão inconsistente, especialmente em plataformas que claramente têm poder de sobra para rodá-lo com mais estabilidade. Um patch de otimização é urgente – e merecido.
Conclusão: Um Retorno Triunfal ao Caos Espacial
Revenge of the Savage Planet é uma sequência que sabe rir de si mesma – e de tudo ao seu redor. Com visuais vibrantes, gameplay envolvente e uma crítica social embalada em humor escrachado, o jogo oferece uma experiência refrescante e bem executada.
Durante minha jogatina, levei cerca de 13 horas para concluir a missão principal, intercalando com missões secundárias e explorando parte dos colecionáveis. E posso dizer com tranquilidade: o jogo vicia demais. A partir do momento em que eu apertava “play”, simplesmente não queria mais parar. Ele me prendeu com sua mistura de exploração criativa, humor cativante e mecânicas bem amarradas.
Revenge of the Savage Planet foi, sem dúvidas, uma das minhas maiores e melhores surpresas do ano. Já estou contando os minutos para voltar e buscar o 100%, revisitar cada planeta, desbloquear tudo que deixei para trás e explorar cada cantinho desse universo caoticamente encantador.
Veredito final desta review de Revenge of the Savage Planet: uma pérola selvagem que merece ser descoberta — com ou sem jetpack.
O jogo entrega uma mistura única de exploração viciante, humor afiado, visual deslumbrante e uma progressão envolvente. Mesmo com falhas técnicas, a jornada por planetas alienígenas absurdos é tão divertida e criativa que fica difícil largar o controle.
Pontos positivos
- Exploração viciante com recompensa constante e excelente level design.
- Visual colorido, estilizado e criativo, que dá vida ao universo alienígena.
- Humor ácido e pastelão que realmente funciona
- Progressão divertida com upgrades úteis e colecionáveis bem distribuídos
- Ótima dublagem do drone e vídeos em FMV hilários que quebram a rotina.
Pontos negativos
- Desempenho decepcionante no PS5, com quedas de FPS e bugs pontuais.
- Combate pouco aprofundado, sem tanta variedade mecânica.
- Poderia ser mais desafiador
- Chefe final frustrante
- Os menus, as vezes, parecem confusos
- História/Narrativa
- Jogabilidade
- Desempenho
- Gráficos
- Som/Trilha Sonora
- Conteúdo secundário