Eu confesso que Scorn foi um dos jogos mais difíceis que avaliei no ano de 2022 e isso acabou me pegando de surpresa já que as expectativas para seu lançamento eram extremamente altas. Bom, vamos fazer uma viagem no tempo e retornar para o ano de 2017… Scorn é apresentado pela primeira vez rodando em um Xbox Series X e os amantes do gênero terror pararam para apreciar o level design moderno e um tanto quanto inusitado. De fato, a Ebb fez um excelente trabalho com uma composição sombria em um ambiente cercado por carne humana. Em tese, o jogo é uma grande homenagem ao escritor falecido H.R. Giger, fascinado pelo mundo Biopunk. Após o game receber uma data de lançamento oficial, eu fiquei maluco para jogar e ao mesmo tempo com o “pé atrás”. Embora seja um grande apaixonado pelo terror, é difícil encontrar games memoráveis e que surpreendam como Outlast e Fobia. É claro que seria injusto da minha parte não mencionar o orçamento das empresas, podendo dificultar ainda mais o projeto a sair do papel. Mas você deve estar se perguntando… Vale a pena jogar Scorn? É isso que você irá descobrir agora!
Antes de começar, eu gostaria de alertá-los que Scorn aborda temas sensíveis como suicídio, automutilação, desmembramento e desfiguração de corpos humanos. Muitas das cenas apresentadas no game causam desconforto e ataques de ansiedade que podem ser prejudiciais para alguns espectadores. Esteja preparado para iniciar a jornada Biopunk quando seu psicológico estiver totalmente equilibrado.
Caso esteja passando por momentos difíceis e não sabe mais o que fazer, ligue para o CVV (Centro de Valorização a Vida) 188, onde especialistas da área estarão disponíveis 24 horas para atendê-lo da melhor maneira possível!
Pode ficar tranquilo(a), esta análise é totalmente livre de spoilers!
Um mundo terrivelmente magnífico
Scorn coloca o jogador em um local sombrio e terrivelmente magnífico! Apesar das esculturas bizarras e a carne humana preenchendo as paredes, a estética é o grande diferencial e o ponto de destaque do game. A empresa não mediu esforços para manter o jogador desconfortável enquanto desbravava os corredores claustrofóbicos do que aparentava ser uma “ninhada” de mortos-vivos. No quesito técnico, o trabalho excepcional da desenvolvedora poderá garantir que outras empresas utilizem Scorn de espelho para obras futuras!
Embora Scorn acerte com seus visuais exagerados, ele pode se tornar uma grande decepção pela falta de diálogos e coletáveis. Desta forma, podemos concluir que sua narrativa é interpretativa e aberta para diversas possibilidades. Vale ressaltar que muitos jogadores preferem esse estilo de narrativa mas sinto que não é interessante essa abordagem para jogos desse gênero. A falta de uma narrativa explicativa já prejudicou diversos títulos que poderiam ter se destacado ainda mais!
Puzzles inteligentes e desafiadores
Os primeiros 5 minutos são apenas uma amostra dos puzzles que aguardam os jogadores em Scorn! Os puzzles são bem elaborados e apesar de passar horas para desvendá-los, eles não se tornam maçantes devido a sua grande variedade. Durante minha gameplay, pude sentir que estava dando voltas no mesmo lugar já que o level design ajuda a construir uma atmosfera sombria e de solidão. Vagando por diversos túneis, é possível abrir portas utilizando a arma do nosso protagonista e progredir para novas áreas com novos puzzles. Os mecanismos são surpreendentes e para abrir portas, o protagonista deve utilizar partes de seu corpo para conectá-las. Bizarro e nojento, esta é a única forma em que o jogo consegue manter o jogador entretido para progredir na história.
Combate terrível
Uma das maiores decepções em Scorn é o combate que aparentava ser tão promissor durante seu trailer de gameplay. Com uma pequena variedade de inimigos, as armas não aparentam ser funcionais e o combate não colabora por ser extremamente travado. Para piorar a situação, as munições são limitadas e forçam o jogador a utilizar a arma corpo-a-corpo mais fraca de todo o jogo para derrotar as criaturas. Além disso, os inimigos possuem ataques similares e previsíveis, fazendo com que o jogador esteja pronto para esquivar da sua próxima ação. Colaborando com a péssima experiência do combate, Scorn possui checkpoints apenas no início do capítulo, forçando o jogador a sobreviver para não perder o seu progresso. Isso é algo negativo pois muitas vezes perdemos horas em um capítulo para solucionar um puzzle complexo e morremos em seguida.
Esqueça os chefes memoráveis já que Scorn apresenta uma única boss fight durante toda a gameplay. Seria interessante se a Ebb Software tivesse focado na criação de mais chefes mesmo que isso custasse em sua duração. Todos estes fatores desmotivam o jogador a prosseguir e descobrir o verdadeiro final, mesmo que o final seja incompreensível.
Vale a pena jogar Scorn mas ESPERE!
Apesar do visual impecável e toda a atmosfera solitária, Scorn é um jogo com pouco conteúdo e não cumpre seu papel em deixar o jogador aterrorizado. A falta de um combate emocionante e a narrativa aberta só afastam ainda mais os jogadores que buscam complexidade além de puzzles inteligentes. Entretanto, não posso ser rude e deixar de mencionar o level design e o estilo artístico que foram escolhidos pela empresa para causar desconforto e inovar no mercado de games. Este é o primeiro título de terror que me surpreendeu positivamente em me fazer sentir nojo e agonia a cada minuto que passava. Com uma média de 6 a 8 horas para finalizar o game, Scorn vale a pena ser jogado mas recomendo aguardar uma futura promoção para o PC. Caso você possua o Xbox Game Pass, recomendo iniciar imediatamente e tirar suas próprias conclusões.
A análise foi realizada em um PC através de uma cópia cedida pela Ebb Software.
1 comentário
Pingback: Detalhes do remake de Silent Hill 2 foram vazados; confira - Desconto em Games