Quando eu vi o trailer de Selfloss pela primeira vez, nem esperei o vídeo terminar e já estava decidido que precisava jogar ele.
São pouquíssimos os jogos que possuem coragem de abordar o luto e, Selfloss, não só aborda essa temática como amarra todo o alicerce de sua história e jogabilidade nisso.
Feito por Alex Goodwin e a Goodwin Games, uma equipe de apenas 3 pessoas, vem ler esse review de Selfloss para descobrir o porque eu acho que ele seja obrigatório para toda e qualquer pessoa que adora indies!
Brutal e Encantador
No começo de Selfloss, tudo é bem confuso. Controlamos um velho sem nome que usa um cajado e que precisa seguir as ordens de uma figura gigantesca.
Após alguns minutos, as coisas começam a ser explicadas. O Velho, o protagonista da aventura, se chama Kazimir. E, ao que tudo indica, ele tirou sua própria vida usando uma corda e foi parar em Leeway.
Leeway é o que conhecemos por Reino da Morte. Esse reino é comandado por Mareena, uma Deusa que serve como uma espécie de capataz das almas que não querem largar a mão da vida.
A lore do jogo é riquíssima, contando com deuses e deusas, gigantes, sereias, elfos, baleias… o folclore eslávico serviu como uma inspiração fortíssima para Selfloss e, graças a isso, temos uma narrativa bem rica e diferente do que estamos acostumados a ver.
Na medida que avançamos pelo mapa, encontramos pergaminhos que servem como colecionáveis. Eles explicam mais sobre o mundo e as criaturas que vivem por lá.
Kazimir é encarregado de chegar até uma baleia, contudo, o caminho até lá é cheio de obstáculos e de seres que estão sofrendo com a perda de entequeridos. É aí que entra o conceito de Selfloss.
Selfloss é um ritual para curar as feridas das almas das pessoas que perderam entequeridos. Para dar certo, o ritual demanda dois componentes, um item de valor pessoal para a pessoa viva e a morta e uma essência de peixe.
A história do jogo é excelente e sua forma de lidar com perdas é excepcional. Um jogador em média vai levar entre 5 a 6 horas para zerar o jogo. Um grande ponto negativo é que ele não apresenta legendas em PT-BR.
Um cajado de luz
Como mencionei mais acima, Kazimir, nosso protagonista, usa um cajado. O objeto é uma peça central na jogabilidade. O mundo de Selfloss foi tomado pelo Miasma, uma espécie de corrupção que deixou o planeta devastado e fez com que várias cidades fossem abandonadas.
Como o Cajado de Kasimir é capaz de manipular a luz, ele é crucial para eliminar ou congelar os Miasmas, dando o golpe derradeiro com a foice que o personagem carrega.
Para a minha surpresa, temos vários trechos de combate e o personagem é capaz de esquivar e se curar consumindo plantas. Na medida que progredimos na história, nosso cajado ganha incrementos, como a capacidade de emitir pulsos que destroem cristais robustos.
Apesar da existência de trechos de combate, na maior parte do tempo estaremos resolvendo puzzles seja a pé ou através do barco. A física do jogo é muito boa e podemos sentir até as ondas gerando resistência na navegação com o barco.
Os puzzles são intuitivos mas alguns deles demandam que o jogador use a cabeça. Na maior parte do tempo, o mecanismo é o mesmo: iluminar botões para abrir portas, iluminar pontes secretas ou atrair peixes.
Uma mecânica interessante do cajado é que as vezes precisamos deixar ele parado e apontar a Luz para o personagem, limpando ele da corrupção do miasma. Caso a gente esteja levemente distante, basta assoviar para que o cajado retorne.
No geral, a jogabilidade é bem fluída e apresenta um leque bom de diversidade numa frequência boa. Minha única crítica vai para a câmera. Em alguns pedaços, ela atrapalha já que não podemos movê-la livremente.
A parte técnica
A parte técnica de Selfloss é impressionante, ainda mais levando em consideração que se trata de um projeto feito por apenas 3 pessoas.
Os visuais estão ótimos e refletem a atmosfera melancólica da história. A física do jogo também impressiona. Sentimos uma leve resistência ao se movimentar em tábuas, gerando o senso de perigo, assim como as correntes de ar que empurram nosso barco.
Também não tive nenhum bug, crash ou queda de frame. Mas a parte mais impressionante de Selfloss é o som. O estúdio foi além ao cuidar dos efeitos e da trilha sonora.
Temos canções eslávicas, trilhas mais melancólicas que reforçam o sentimento de luto e efeitos sonoros que rivalizam com AAAs. É possível ouvir as ondas se chocando, baleias se “comunicando”, o ranger da madeira ao andar nesse tipo de piso..
Pode parecer um exagero mas a parte sonora do jogo é uma das melhores que eu pude escutar desde Alan Wake 2.
O único ponto negativo no quesito técnico vai para a falta de localização em PT-BR.
Review de Selfloss: Vale muito a pena!
Desde que eu vi seu primeiro trailer, Selfloss já entregava que seria uma experiência singular e cheia de alma. Jogar ele só trouxe a feliz confirmação disso. Se você gosta de indies, considero o jogo como obrigatório, não deixe de colocá-lo na sua lista!
Selfloss é um jogo corajoso, usando um tema considerado tabu para entregar uma jornada inesquecível sobre a dor do luto e a superação do mesmo.
- História
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Som