Até jogar Silent Hill 2 Remake, eu conhecia muito pouco sobre a franquia. Minha única experiência até então tinha sido a tentativa frustrada de jogar Silent Hill: Downpour no emulador de Xbox 360. Fui obrigado a desistir porque o emulador não rodou bem em meu notebook.
Quando o remake do segundo Silent Hill foi anunciado, logo fiquei interessado. Não por ser o retorno da série após 12 anos do último título para os consoles, mas sim por ser fã de jogos de terror e ter gostado muito dos remakes de Resident Evil 2 e Resident Evil 4.
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Eu não sabia absolutamente nada sobre o jogo original, confesso. Nunca tinha lido sobre a história. Nem visto gameplay. Minha experiência com Silent Hill 2 Remake foi a mesma de um jogo inédito no mercado.
Após já ter iniciado e estar com horas de gameplay, tive curiosidade de ir ao YouTube olhar vídeos do game original, de 2001, para ter melhor ideia de como foi feita a nova versão.
Originalmente um jogo da Konami, Silent Hill 2 Remake foi desenvolvido pelo estúdio polonês Bloober Team (The Medium) e publicado pela Konami para PS5 e PC. O game foi lançado em 8 de outubro de 2024. Esta review foi feita com base na versão para PS5.
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A busca por respostas
Na história, entramos na pele de James Sunderland, um homem aparentemente comum e sem nada de especial, que recebe uma carta de sua esposa Mary pedindo a ele para encontrá-la em Silent Hill. Um local onde o casal viveu momentos especiais. O problema é que a esposa de James faleceu há três anos.
O protagonista parte então para a cidade investigar o que aconteceu. Será que Mary está viva? E o que ele encontra é uma misteriosa localidade deserta e coberta por névoa cujas ruas, estabelecimentos e edifícios estão tomados por monstros.

A partir de sua investigação, James vai colhendo pistas que o leva a diferentes locais por Silent Hill. Todos abandonados, sujos, escuros e cheios de criaturas hostis: o prédio de apartamentos, o hospital e a prisão.
Durante a gameplay também cruzaremos com alguns personagens humanos misteriosos e iremos descobrir a relação deles com essa cidade tão peculiar. A mais intrigante personagem é Maria, que tem um rosto muito parecido, mas personalidade diferente da falecida esposa do protagonista da história.

Quebrando a cabeça
Desenvolvido na Unreal Engine 5, Silent Hill 2 Remake remodela a jogabilidade do clássico de terror dos anos 2000 para os dias atuais. Percebe-se influência de outros games de terror recentes de sucesso, como The Last of Us e os remakes de Resident Evil. Começando pela câmera sobre os ombros. O jogo original tinha câmera fixa.
Ao explorar diferentes locais da cidade, James deve recolher itens necessários para progredir na história, como chaves, botões e moedas. Munição e itens de cura também estão espalhados pelo cenário e são encontrados abrindo gavetas e quebrando vidros. Também podemos achar memorandos e fotos, que não são obrigatórios para continuidade do enredo, mas servem como colecionáveis e precisam ser coletados pelos jogadores que queiram platinar o game no PS5.

Em muitos momentos, o jogador será obrigado a resolver puzzles. Quase sempre a resposta dos puzzles passa por explorar o cenário e encontrar as peças faltantes que se encaixam no quebra-cabeça. Por exemplo: no Edifício Wood Side, o objetivo é achar três moedas para abrir uma caixa.
Além de examinar o ambiente, em muitos puzzles é necessário pensar para resolver. Seja descobrindo a combinação numérica correta ou solucionando uma charada.

Matando monstros
Silent Hill 2 Remake trouxe novas áreas exploráveis que antes eram inacessíveis no jogo original, além de outros locais que são inéditos. Dessa forma, o mapa foi ampliado.
Já nas lutas contra os monstros, a grande novidade introduzida é a esquiva, que permite a James desviar dos ataques e contra-atacar no momento certo, principalmente quando estamos utilizando as armas brancas.
Em combate, temos à disposição armas brancas e armas de fogo. Como um bom survivor horror, em Silent Hill 2 Remake os recursos são limitados; por isso, é fundamental pensar qual a estratégia ideal no momento da luta. Se estiver com pouca munição, a dica é matar os inimigos com o cano de aço. Ou, se a quantidade de vida estiver baixa, a melhor saída é apostar em um tiro certeiro de rifle.

Uma das minhas críticas é que o jogo ficou um pouco longo e praticamente não existe variação na gameplay. Basicamente, temos que coletar itens, resolver puzzles e matar monstros. Os diferenciais, que quebram a monotonia, são os encontros com os personagens humanos e as batalhas contra os bosses.
Terror personalizado
Algo que me agradou bastante foi a variedade de personalização que a Bloober Team disponibilizou em Silent Hill 2 Remake. Existem três dificuldades (baixo, padrão e alto) para os puzzles e para o combate. Também é possível personalizar as dicas, tutoriais e indicadores que aparecem na tela e auxiliam o jogador durante a gameplay. Essa customização está dividida em três níveis: moderno, padrão e retrô. No modo retrô, estão ausentes qualquer tipo de dica, tutorial ou indicação de itens para recolher no ambiente. Até a quantidade de munição é ocultada.

Com essa gama de opções, é possível personalizar o jogo combinando níveis de puzzles, combate e indicadores na tela conforme o seu gosto. Quer um desafio baixo de puzzles e alto de combate sem nenhuma ajuda? É possível. Prefere um desafio alto de puzzles, padrão de combate e com o máximo possível de dicas e tutoriais? Também é possível.
O único ponto negativo desse ótimo recurso é que o modo retrô da personalização de dicas e indicadores na tela não elimina as marcações no mapa, o que já facilita bastante para quem optar por jogar dessa forma.

Nas ondas do rádio
O som tem papel muito importante em Silent Hill 2 Remake. A trilha sonora característica de um jogo de terror naturalmente já causa aquela sensação de tensão e medo. O barulho de portas abrindo, gritos, os sons de alguém andando por perto e dos alarmes disparando eram a senha para eu ligar o sinal de alerta. Até os momentos de silêncio criam um clima desconfortável.
Um equipamento que ajuda muito na gameplay (pelo menos ajudou na minha) é o rádio, capaz de captar a presença dos monstros a partir de uma certa distância. Assim, é possível saber em que momento um inimigo está se aproximando e se preparar para a luta, principalmente em ambientes escuros. Era uma sensação de alívio quando o rádio desligava e eu sabia que não tinha mais monstros naquele local.
Para os caçadores de troféus, um dos requisitos para platina é zerar Silent Hil 2 Remake sem a ajuda do rádio. A estática do aparelho pode ser ativada e desativada no menu de áudio.

Não enxergo nada
Silent Hill 2 Remake é um jogo escuro, com atmosfera sombria, característica de um jogo de terror. Até aí, tudo bem. O problema é que, em certos momentos de gameplay, há muito breu, o que resulta em problemas para enxergar. Mesmo usando a lanterna de James para clarear o ambiente.
Os momentos de “escuridão excessiva” acabam atrapalhando a imersão do jogo, pois torna mais difícil a procura pelos itens-chave da história e nos deixa mais vulneráveis aos ataques inimigos. Minhas maiores dificuldades com a escuridão foram durante a exploração noturna da cidade, na prisão e em algumas partes do hospital.

Review de Silent Hill 2 Remake: Vale a Pena?
Seja você fã de uma franquia que fez muito sucesso há mais de 20 anos ou fã dos jogos de terror contemporâneos em busca de uma nova aventura, como eu, Silent Hill 2 Remake é uma ótima pedida. O jogo não é nada inovador. Muito pelo contrário. Faz uso de mecânicas que outras franquias consagradas do gênero já utilizaram. Quem jogou The Last of Us ou os remakes de Resident Evil vai ver muitas coisas semelhantes ao jogar o game da Bloober Team.
Apesar da fórmula já ser bem conhecida, o resultado alcançado é bem satisfatório. A história é misteriosa e desperta curiosidade para saber o desfecho, os puzzles são inteligentes e exigem raciocínio para serem resolvidos. O ambiente sombrio, somado aos efeitos sonoros característicos de um survivor horror, criam uma sensação de alerta constante para o perigo. Claro que o jogo também tem seus problemas, principalmente por ser um pouco longo e repetitivo.
Diria que Silent Hill 2 Remake cumpre muito bem sua proposta de resgatar uma franquia de sucesso no passado, apostando em um “arroz com feijão muito bem feito”. Ou seja, não traz grandes mudanças na história original e faz uso de um modelo de gameplay conhecida e aprovada pelos gamers dos anos 2020.
E, no fim, o trabalho realizado em parceria por Konami e Bloober Team foi bem-sucedido. Tanto que o jogo foi elogiado pela mídia e pelos jogadores. Desde o lançamento, já vendeu mais de 2 milhões de cópias. E a notícia recente é que as duas empresas vão trabalhar juntas novamente em um jogo ainda não anunciado. Torcendo para ser um novo remake ou, quem sabe, uma história inédita de Silent Hill.
Com história interessante e gameplay atualizada para a nova geração, Sillent Hill 2 Remake cumpre seu objetivo como videogame de maneira satisfatória. Se você gosta de survivor horror, vale a pena dar uma chance ao jogo.
Pontos Positivos
- História intrigante
- Gameplay moderna
- Opções variadas de personalização
- Ambiente sombrio e efeitos sonoros causam medo e tensão constantes
Pontos Negativos
- Longo e com pouca variação na gameplay
- Modo retrô de dicas e indicadores na tela não elimina marcações no mapa
- Jogo escuro demais em alguns momentos
- História
- Jogabilidade
- Gráficos
- Som
- Desempenho