Sempre me animo quando jogos oferecem momentos de reflexão ou de pura filosofia dentro de seus enredos. Conceitos de física teórica e quântica ou citações a autores complexos sempre serão boas adições ao corpo do texto de jogos de todos os gêneros.
E é assim que Solar Ash começa, porém, em algum momento essa faísca se perde, e o que sobra é um gameplay muito rico mas que não atinge todo seu potencial. Meu nome é Ramom Furtado e eu te convido a conferir meu review de Solar Ash, jogo publicado pela Annapurna Interactive.
Grandes inspirações
Solar Ash é um jogo de Aventura e plataforma 3D, desenvolvido pela Heart Machine e distribuido pela Annapurna Interactive, originalmente lançado em 2 de dezembro de 2021 para Playstation 4, Playstation 5 e PC e tendo mais um lançamento, dessa vez para nintendo Switch, Xbox One e Series em 14 de setembro de 2023.
Primeiramente é importante dizer que o jogo abre sua cutscene inicial com conceitos complexos da física teórica, contudo, logo esses conceitos são praticamente abandonados, e assim como sua protagonista, Rei, o jogador também chega de surpresa nesse mundo e funcionando quase que como uma releitura de animes “isekai”, o olhar de Rei serve e representa o jogador no universo de Solar Ash, onde tudo é novo e desconhecido.
De cara é possível notar a inspiração em Journey, e dizer isso será sempre um elogio. O tom quase que melancólico de uma aventura solitária chega a ser quase que palpável, mas além disso, o fato da protagonista deslizar pelas nuvens desse mundo também ajudam o jogador a pegar a referência.
Porém, como gosto de falar, é perceptível que é uma referência e não é uma cópia porque Solar Ash tem bastante essência e as similaridades, pelo menos com esse game, ficam por ai, pois a exploração e os púzzles do game seguem um ritmo bem mais dinâmico e possui como plano de fundo uma narrativa que é bem mais expositiva.
Rei se encontra em um contexto em que precisa deter a expansão de um buraco negro, e para isso precisa concertar uma máquina chamada “starseed”, que está sendo impedida de funcionar por anomalias presentes nesse mundo, basicamente é isso, e para não dar mais spoilers, pararei por aqui, mas de modo geral, isso é suficiente e de fato o jogo se desenvolve em cima desta premissa.
Cada novo mapa, ou setor, o jogo apresenta uma pequena variação em relação ao anterior, seja por novas estruturas a serem exploradas, novos inimigos e principalmente novos chefes.
Os setores também apresentam um chefe gigante, e aqui outra referência pode ser percebida, claramente uma inspiração em Shadow of the Colossus: um protagonista em uma aventura solitária que precisa derrotar monstros gigantes… Porém mais uma vez as similaridades também param por aqui, pois Solar Ash desenvolve sua própria a Lore e Rei faz isso com um proposito bem diferente de Wander. E dito isso é importante frisar em um aspecto bem pungente do jogo: seu gameplay!
Satisfatório mas com potencial pra mais!
O gameplay de Solar Ash, desponta como seu principal argumento para ser um jogo que consegue prender seu jogador, pois o plano de fundo avança pouco a medida que o jogador avança em seu enredo, as missões secundárias ficam por conta de alguns poucos personagens que vão sendo encontrados pelo caminho mas que nenhum deles demonstra carisma o suficiente para despertar interesse em suas histórias e isso fica apenas por conta da curiosidade de cada jogador.
A exploração é pouco recompensadora, basicamente você pode encontrar uma gosma rosa que funciona como moeda de troca para recuperar espaços de vida em locais específicos e também encontra “voidrunners” (Um nome bonito para “colecionáveis”) que ao conseguir juntar um numero X dessas peças que estão espalhadas em cada setor, você desbloqueia uma nova roupa para Rei, em que cada roupa possui um efeito mas que não afeta em basicamente nada no gameplay, é possível zerar com a roupa do início sem sentir diferença praticamente nenhuma.
O mesmo se aplica tanto aos inimigos quanto ao combate do jogo, são satisfatórios, porém poderiam ser bem melhores se existisse uma evolução perceptível. Rei não consegue novos equipamentos que mudam o gameplay, não existe aqui uma árvore de habilidades, por exemplo, ou pelo menos o desbloqueio de acessórios que impactem de fato a forma como o jogador joga, o estilo é o mesmo do início ao fim do jogo e os inimigos embora tenham uma variação ou outra, carecem de diversidade e impacto. Alguns até atiram de longe, mas todos parecem iguais.
O mesmo não se pode dizer das anomalias, que funcionam como o chefão de cada fase, todos tem uma aparência bem própria e também um estilo de “combate” próprio, porém o uso de aspas aqui foi totalmente intencional, pois nessas sessões de enfrentamento das anomalias o jogo se torna praticamente um jogo de ritmo, tentativa e erro.
Não existe um combate de fato, e sim uma sêquencia de movimentos que precisam ser feitos com maestria pelo jogador para que esse derrote a anomalia e tenha um breve diálogo com uma “divindade” local que a cada novo encontro pistas vão sendo dadas a respeito do enredo do jogo que aos poucos vai se tornando previsível de certa forma, mas que ainda assim é bem interessante.
Tecnicamente excelente
Não existem reclamações ou apontamentos a serem feitos a respeito de gráficos, trilha sonora e desempenho nesse review de Solar Ash.
Os gráficos do jogo possuem identidade, assim como sua estética futurista e praticamente “neo noir” que usa bastante de cores complementares como verde e roxo e entrega uma paleta bem rica em identidade e que traduz bem que esse jogo é um universo totalmente diferente do nosso, é uma estética bem própria.
Assim como a trilha sonora que funciona muito bem e que em alguns momentos dá até um clima de terror para o jogador, em outros contextos ela poderia até mesmo causar medo. A trilha reforça a jornada solitária de uma estrangeira em um mundo que não é o seu.
E, por fim, em relação ao desempenho, vale frisar que joguei a versão de Xbox no Xbox Series S e não encontrei nenhum tipo de bug, travamento, queda de FPS e/ou afins, tudo funcionou perfeitamente bem.
Review de Solar Ash: Vale a pena!
Solar Ash é uma aventura que consegue cativar muito seu jogador, mesmo com algumas questões que poderiam ser resolvidas encorpando um pouco mais sua estrutura, mas que não apagam um jogo muito bom que consegue se inspirar em grandes clássicos e criar uma identidade muito própria.
Solar Asha se sai bem em seus aspectos técnicos mais importantes, possui uma estética própria e bonita, uma trilha sonora acertada, um bom desempenho e um gameplay muito satisfatório, mas pelo que apresenta, fica claro que seu potencial total não foi atingido, tanto no que se refere a própria história que não explora de forma tão profunda quanto deveria os conceitos apresentados em sua abertura e sendo em certa medida previsível, quanto em seu gameplay, que assim como os inimigos do jogo não possuem uma evolução e variações que poderiam ser muito bem vindas.
- Contexto/ História
- Gráficos/ Estética
- Trilha Sonora
- Gameplay
- Desempenho
- Progressão