Acho que dificilmente alguém imaginaria que 2025 receberia não um, não dois, mas três jogos de kart totalmente únicos, que se destacariam por motivos bastante diferentes. Mas cá estamos nós, em um ano que viu o lançamento de Mario Kart World, Kirby Air Riders e Sonic Racing: CrossWorlds. O primeiro, se destaca com sua proposta de incorporar um mundo aberto; o segundo, com seu gameplay profundo e caos constante; e o terceiro, por trazer um gameplay mais clássico que incorpora a ideia de viajar entre diferentes pistas a cada volta.
Todavia, embora tenha saído inicialmente em setembro de 2025 para basicamente todas as plataformas disponíveis na atual e antiga geração, Sonic Racing: CrossWorlds teve um lançamento separado na plataformas Nintendo. Em setembro de 2025, o Switch 1 recebeu uma versão do jogo que, embora apresentasse paridade de conteúdo quando comparadas às outras versões, possuía diversas diferenças gráficas e uma performance um tanto quanto aquém das expectativas.

Eis que dois meses após o lançamento inicial, a SEGA apresenta aos donos de Nintendo Switch 2 uma versão inteiramente pensada para a nova plataforma da Big N. Em linhas gerais, essa nova versão melhora os visuais e performance do jogo de maneira considerável, colocando-o muito próximo ao que vimos em outras plataformas modernas, como o PlayStation 5 e o Xbox Series.
Caso você queira conferir nossa opinião original a respeito da versão de PS5, você pode clicar aqui para ler a análise escrita por André Custódio, que deu uma nota 8.4 para o Sonic Racing: CrossWorlds. Nesta nova análise, comentarei a respeito de alguns aspectos específicos do jogo no Switch 2, bem como minha opinião levando em conta outros jogos de kart do mercado, além, é claro, das minhas experiências com outros jogos de corrida do Sonic. Bora lá?

Entre altos e baixos, um novo pico
Tal qual acontece com muitos mascotes, Sonic e seus amigos possuem uma longa história de jogos de corrida e kart, que remontam aos clássicos dos anos 90, e incluem jogos muito bons e outros que deixam bastante à desejar (como o infame Sonic R). De modo geral, dá para se dizer que essa é uma série de altos e baixos, efeito esse que afeta até mesmo os jogos mais recentes dessa subsérie.
Sonic & SEGA All-Stars Racing Transformed, por exemplo, é, para mim, o melhor jogo de toda essa série, não deixando nada a desejar quando comparado a alguns dos melhores jogos da série Mario Kart. Team Sonic Racing, por sua vez, que foi lançado logo a seguir, foi um jogo bastante decepcionante, já que não apenas perde algumas das características mais interessantes do seu predecessor, como traz um rol de personagens diminuto, além de mecânicas menos refinadas.

Qual foi a minha surpresa (muito positiva!) quando comecei Sonic Racing: CrossWorlds e me deparei com um jogo de qualidade, que recupera muitos dos elementos que estavam ausentes em Team Sonic Racing. Aqui, temos novamente o sistema de transformações, nos quais os veículos assumem formas e controles distintos em solo, água ou ar. Além disso, o jogo apresenta uma lista de personagens vasta, que incluem em sua maioria membros famosos (e outros nem tanto) dos diversos jogos de Sonic, além de alguns convidados inusitados que foram lançados em updates gratuítos ou DLCs pagas.
Através dos vários mundos
Embora não seja mais um jogo de corrida da SEGA como um todo (o que é, na minha opinião, uma pena), as pistas disponíveis em Sonic Racing: CrossWorlds fazem homenagem às mais diversas eras do ouriço azul, incluindo referências a jogos antigos e novos, grandes e pequenos. De modo geral, as pistas apresentam layouts interessantes e divertidos, que se tornam mais variados graças à nova mecânica titular do jogo: portais que permitem que os corredores atravessem mundos diferentes.

Mecânicamente, isso é refletido em uma escolha que acontece na segunda volta de cada pista, durante a qual o jogador que está na liderança pode optar por um dentre dois portais distintos. Em termos práticos, isso significa que a segunda volta da pista acontecerá em um “mundo diferente”, que é refletido em uma pista única, com design e formato distintos. Com 15 “mapas CrossWorlds” diferentes, o jogo adiciona bastante variedade às corridas, ainda mais quando você considera que esses mapas especiais podem vir com bônus especiais, como nitros infinitos, ou arcos de turbo extras.
Para além dessa mecânica inédita, CrossWorlds ainda apresenta vários modos distintos, que prometem dezenas de horas de diversão. De campeonatos com opções de velocidades e dificuldades diferentes à modos mais “party”, que incluem formações de times e competições envolvendo condições especiais, o conteúdo de CrossWorlds é bastante vasto, principalmente se você quiser desbloquear todos os veículos e personagens secretos.

Amigas e rivais
Outro elemento único de Sonic Racing: CrossWorlds é a sua mecânica de rivais. Basicamente, ao jogar um campeonato, você pode selecionar um personagem específico para ser o seu rival. Além de soltar frases e provocações específicas para o personagem que você está controlando, esse rival funciona quase como um némesis durante a corrida, já que ele se focará em fazer de tudo para te acertar com itens e te derrotar durante o percurso. É uma ideia a mais, que torna a experiência mais variada.
Embora essas mecânicas inéditas tornem Sonic Racing: CrossWorlds um jogo mais único em relação aos seus predecessores, existem alguns aspectos que ainda o fazem ficar um pouquinho abaixo de Sonic & SEGA All-Star Racing Transformed. O primeiro deles está ligado aos tipos de poderes disponíveis no jogo.

Como um bom jogo de kart, CrossWorlds oferece uma série de poderes especiais, que podem ser usados de maneira agressiva ou defensiva, dependendo da sua posição na corrida. O meu ponto de contenda com alguns desses itens está ligado ao fato de CrossWorlds apresentar uma quantidade muito grande de itens de efeito teleguiado.
Explicando melhor, é como se CrossWorlds tivesse uns três ou quatro tipos diferentes de cascos azuis do Mario Kart. O resultado negativo disso é que você pode se encontrar frequentemente em situações caóticas, onde você é atingido por uma sequência de dois ou três itens que se prendem ao seu kart, oferecendo nenhuma opção de contra-atacar, à não ser que você tenha tido sorte de conseguir aquele único ítem que pode ser usado para se defender naquela situação. Embora o caos desses itens seja um elemento presente em todo jogo de kart, CrossWorlds exagera em alguns momentos.

A nova geração chegou às pistas
Como comentei anteriormente, a versão de Nintendo Switch 1 de Sonic Racing: CrossWorlds deixava muito a desejar. Resolução reduzida, quedas de frame, e downgrades visíveis em diversos segmentos das pistas eram presenças constantes, que faziam a versão de Switch 1 ficar muito aquém do visto em outras plataformas. Com a versão de Switch 2, a SEGA resolveu todos esses problemas, e entregou uma versão digna do jogo.
Isso significa que, no novo console da Nintendo, o jogo agora roda a 60 frames estáveis, com uma resolução de 1440p no modo TV e 1080p no modo portátil, incluindo uma fidelidade gráfica e nível de detalhes equiparável às versões da geração atual. Apenas para exemplificar uma dessas diferenças, elementos de transparência de determinadas pistas, que permitiam ver a parte inferior, como se fosse uma “grade”, não estavam disponíveis no Switch 1. Já nessa nova versão, há uma paridade visual com os outros consoles.

Além desses aspectos técnicos, vale ressaltar que o jogo está disponível em português do Brasil. Aqui, contudo, preciso destacar algo que me incomoda com a direção de localização de Sonic: alguns termos continuam em inglês, incluindo nomes de pistas e veículos. Não mencionei antes, mas os controles no modo aquático também me incomodam um pouco, pois o turbo funciona de uma maneira diferente do convencional, mas isso não é nada com o qual não dê para se acostumar com o tempo.
Review de Sonic Racing: CrossWorlds — uma versão digna de um ótimo jogo de kart
É um pouco esquisito que donos do Nintendo Switch 2 tenham precisado esperar um pouco (e pagar mais caro) por uma versão digna de Sonic Racing: CrossWorlds, mas aqueles que tenham interesse no mais novo jogo de kart do Sonic terão uma grata surpresa, já que estamos falando de um título de qualidade, que resgata algumas das melhores características da série.

Na minha opinião, Sonic & SEGA All-Star Racing Transformed continua sendo o melhor jogo de kart do Sonic já lançado, mas Sonic Racing: CrossWorlds chega muito próximo do ápice da série, só sendo segurado por mecânicas aquáticas um pouco esquisitas e uma seleção de itens que pesa em determinados aspectos. Não obstante, esse ainda é um jogo extremamente divertido, que se torna ainda melhor com amigos, seja no modo local ou co-op. Caso queira uma opção extra no Switch 2, que seja mais tradicional do que Mario Kart World, então você pode pegar Sonic Racing: CrossWorlds sem medo de ser feliz.
PS: A análise foi feita em um Nintendo Switch 2 através de uma cópia cedida pela SEGA.
A versão de Nintendo Switch 2 de Sonic Racing: CrossWorlds melhora os problemas de performance vistos no Switch 1 e entrega uma experiência digna de um jogo de corrida muito divertido.
Pontos positivos
- Interessante implementação de vários mundos
- Pistas com layouts divertidos
- Visualmente agradável
- Performance refinada
Pontos negativos
- Muitos itens teleguiados
- Mecânica aquática imprecisa
- Localização
- Jogabilidade
- Conteúdo
- Visuais
- Trilha Sonora
- Desempenho
