Se você jogou It Takes Two, é uma tarefa impossível não estar empolgado para Split Fiction, a próxima aventura da Hazelight Studios. A aventura fantástica protagonizada por Cody e May emocionou o mundo inteiro, chegando a conquistar o GOTY de 2021.
Agora, 4 anos depois, o estúdio retorna com uma nova proposta – Split Fiction. Com uma história que aborda temas inéditos e que tem como principal chamariz o transporte entre realidades paralelas, será que o jogo faz jus ao legado do estúdio?
É isso que você vai descobrir nesse review de Split Fiction!
Onde histórias ganham vida
Similar à estrutura narrativa de It Takes Two, Split Fiction segue a ideia de um protagonismo duplo. Dessa vez, conhecemos a história de Mio e Zoe, duas escritoras que buscam ter um grande sonho realizado: ter uma história publicada por uma editora.

A figura de antagonismo é preenchida por Rader, o CEO da Editora Rader. Sua empresa criou uma máquina peculiar, engenhosamente chamada de A Máquina. A engenhoca é capaz de extrair todas as histórias de um escritor. A ideia você já sabe, pegar todas as ideias de uma pessoa e monetizar todas para maximizar os lucros.
Contudo, imprevistos acontecem e as duas acabam indo parar em um universo alternativo, onde elas passam a fazer parte de suas próprias histórias. Mio é responsável por escrever sobre ficção científica e Zoe foca em aventuras de fantasia.
As histórias criadas por elas refletem com perfeição suas respectivas personalidades. Mio é mais ciníca e fria, direta ao ponto, já Zoe é esperançosa e bem humorada. O calcanhar de aquiles de Split Fiction é justamente sua parte narrativa.
Como a história não aborda temas centrais como It Takes Two, eu acredito que ela não vai ressoar com todos os jogadores e não achei que os traumas emocionais de cada uma das protagonistas foram bem explorados. Em contraponto, a evolução da amizade delas acontece de maneira orgânica e sublime.

Um ponto que me chamou MUITO à atenção é que o CEO da Rader lembra muito Andrew Wilson na aparência. Caso você não saiba quem é Andrew Wilson, ele é o CEO da EA, a publisher do jogo. Pode ser uma mera “viagem” da minha parte, mas achei inusitado à crítica direcionada para um executivo que usa ideias narrativas de outras pessoas para lucrar.
Maravilhosamente mirabolante
Split Fiction é o puro suco de videogame. Seguindo a tradição de It Takes Two, o jogo brinca a todo momento com outros gêneros e, claro, referências da cultura pop em geral.
Temos menções diretas à obras como Portal, Tubarão, fora inspirações claras de fases que parecem ter saído de outras IPs como Crash Bandicoot, SSX, God of War, Spyro the Dragon, Star Wars, Pinball, Dark Souls e muito mais.
Essas referências funcionam muito mais do que meros eastereggs, cumprindo um papel importantíssimo na geração de diversidade ao jogar. A criatividade da equipe da Hazelight é tão absurda que praticamente não existem sistemas repetidos no jogo.

A cada 2-3 minutos você vai estar fazendo coisas completamente diferentes, tornando quase impossível largar o controle. O nível de interatividade está muito maior do que o que vimos em It Takes Two e, o up no orçamento fez com que a jogabilidade ficasse ainda mais responsiva, com um senso de urgência fantástico e a mencionada variedade quase que infinita.
Com um orçamento mais robusto, a equipe não se segurou, entregando maestria em praticamente todos os campos no jogo. Um dos aspectos que mais me impressionou foi a genialidade das lutas contra os chefes. Sério, elas estão em um nível absurdo de qualidade, colocando vários AAAs conhecidos por suas lutas contra chefes no chinelo.

A movimentação das personagens foi muito aprimorada em comparação ao jogo de 2021, resultado direto do orçamento amplificado. Jogar Split Fiction é como visitar virtualmente a “Disney” dos games. Cada cantinho do jogo foi projetado especialmente para servir como uma carta de amor aos fãs da melhor forma de entretenimento já criada na história da humanidade.
Refinado como um bom vinho
Split Fiction conta com um orçamento quase duas vezes maior do que It Takes Two. Esse boost enorme de financiamento é extremamente visível em cada trecho do jogo.
Os setpieces são impressionantes, em uma escala difícil de encontrar nos jogos eletrônicos da atualidade. Existem alguns trechos como o de pinball e o final do jogo, que beiram o inacreditável.
São várias coisas acontecendo na tela e nos cenários com um desempenho que beira o perfeito. Eu joguei 14 horas do jogo no PS5 Pro e não tive nenhum bug ou queda de frame. O lip sync está maravilhoso, assim como todo o elenco de vozes. As vozes casaram perfeitamente com cada personagem, ajudando e muito na imersão da história.

Somado a isso, temos uma trilha sonora competente e efeitos sonoros impecáveis. Naves explodindo pelo mapa, portais gigantescas de metais se mexendo.. Podemos ouvir todo com perfeição e em um nível de realismo fantástico.
Review de Split Fiction: Vale a Pena?
Com Split Fiction, a Hazelight se consagra como um dos melhores estúdios da atualidade, elevando sua fórmula até a máxima potência. Com um respeito máximo aos consumidores e uma dose infinita de criatividade, Josef Fares e sua equipe entregam o “suco perfeito de videogames”, com uma história cheia de paralelos com a vida real e, claro, uma jogabilidade com uma variedade tão grande que chega a assustar. Split Fiction é, sem nenhum pingo de dúvida, o jogo cooperativo perfeito.
A Hazelight dá uma aula magna do que é um videogame. Se você gosta dessa forma de entretenimento, Split Fiction é obrigatório.
Pontos Positivos
- Gameplay EXTREMAMENTE variado
- Escala muito maior do que os jogos anteriores
- Efeitos sonoros e voice acting de ponta
- Criatividade em um nível que chega a assustar
Pontos Negativos
- A história das duas personagens poderia ser melhor explorada
- História
- Desempenho
- Jogabilidade
- Visuais
- Som