Tales of Arise é mais um acerto crítico da Bandai Namco. Lançado no dia 9 de Setembro deste ano, o game não eleva (e muito) apenas o nível da franquia Tales Of, como dos JRPGs como um todo. Com personagens incríveis e bem desenvolvidos, visuais estonteantes, um combate frenético e uma história madura, Tales of Arise é, com bastante folga, o melhor RPG de 2021. Dificilmente algum lançamento posterior sequer chegue próximo de tirá-lo do trono.
O Libertador
Nossa aventura é iniciada com o Máscara de Ferro. Um escravo que luta pelos outros e sonha com dias melhores. Completamente sem memória e incapaz de sentir dor, sua benevolência acaba gerando consequências colossais, fazendo com que a história se desenrole. Aos poucos vamos descobrindo que o Máscara de Ferro se chama Alphen e seu papel no mundo é maior e mais complexo do que ele imagina. Não irei me aprofundar isso para evitar spoilers, mas, um dos pontos mais brilhantes do jogo é o desenvolvimento/crescimento dos personagens ao longo da trama.
A medida que avançamos na história, vamos compondo nosso grupo. Unidos por causas diferentes, logo os participantes da Iniciativa “Libertadora” acabam nutrindo um vínculo de família, rendendo interações divertidas e muitas vezes profundas. Apesar de terem interesses distintos, um ponto em comum une todos os seis membros do grupo: a vontade de ver o mundo livre dos Lordes.
Os Lordes são os líderes de cada um dos cinco reinos. A nomeação do título clichê é acompanhada da mesma motivação superficial. Os Lordes usam escravos para extrair energia e acumular poder. O objetivo? Participar de um Torneio onde o vencedor se torna o Lorde Supremo, o senhor de todos os reinos. Apesar da motivação superficial dos chefes adversários, as consequências de seus atos são bem profundas e abordadas com maestria. Existe opressão, fome, corrupção e muita desconfiança entre os povos que habitam os reinos.
Fiquei genuinamente surpreso em como o jogo aborda perdas, a importância de ser livre e a esperança por dias melhores. Minha surpresa com as semelhanças entre os comportamentos dos ditadores do jogo com os da vida real foi ainda maior. Por ser um JRPG, Tales of Arise possui muitos momentos leves, fofos e de bastante riso, mas, não se engane, a trama é bem madura.
Alimentando a Chama
Como de costume, Tales of Arise se apoia na famosa “Jornada do Herói” para manter os jogadores interessados pela trama. Começamos com um Alphen inexperiente e relativamente fraco, evoluindo suas habilidades e o do resto da equipe enquanto caçamos os Lordes dos 5 Reinos. Além disso, obtemos equipamentos e armamentos melhores, bem dentro da fórmula dos RPGs.
É aí que entra o que, pra mim, é estrela principal do jogo: o seu combate quase perfeito. Só podemos controlar uma pessoa da equipe, que pode ser alternado durante as lutas. Como de prache na franquia, as batalhas em condições normais dependem da sinergia da equipe montada e do uso de combos poderosos. Cada personagem possui uma barrinha de ataque especial que, quando preenchida, pode ser ativada para construir combos fantásticos, causando uma enorme quantidade de dano e/ou quebrando a guarda de chefes mais poderosos.
Se tratando de um RPG cheio de sistemas, o jogo a todo momento nos entrega elementos novos. Um pouco após a metade da história aprendemos a técnica de Superação por exemplo. Após tomar quantidades consideráveis de danos, entramos nesse estado de Superação, permitindo que o personagem em questão use golpes de BA (habilidades de ataque) sem usar pontos de ação. Vale mencionar que o estado dura apenas alguns segundos. Em dificuldades mais altas, o jogo é bastante desafiador e obriga o jogador a se planejar bem e montar sua equipe de maneira meticulosa, caso contrário, fica quase impossível vencer alguns chefes. Caso você não seja um adepto de games desafiadores, recomendo jogar na dificuldade Normal ou inferior.
Firulas de Tales of Arise
Por ser um JRPG, os jogadores geralmente esperam diversas atividades secundárias com o intuito de extender a duração do jogo. Curiosamente, este não é o caso de Tales of Arise. Com uma dose maior de “ocidentalização”, o jogo possui uma estrutura um tanto linear, sendo mais direto ao ponto do que outros games do gênero. Mas calma, temos 70 missões secundárias que explicam um pouco mais sobre a história do mundo e claro, ajuda na evolução dos personagens.
Também é possível pescar peixes e treinar o grupo em batalhas na Arena, desbloqueando habilidades e recompensas muito bem-vindas na progressão. Minha atividade favorita são as batalhas contra os Gigantes, chefes secundários que concedem itens valiosos para o fortalecimento da equipe. Em relação a colecionáveis, o destaque fica para as Corujas que podem ser encontradas em alguns cenários e concedem recompensas cosméticas quando encontradas.
Aspectos Técnicos
Antes de continuarmos, vale evidenciar que o review se baseia na versão de PS5. O Pulse 3D possibilita uma experiência fantástica com a sonoplastia do jogo. A trilha sonora de Tales of Arise é, sem dúvidas, a melhor do ano em um jogo eletrônico. Os loadings são extremamente velozes, permitindo que a viagem rápida seja realmente rápida.
O uso do DualSense decepciona pela falta de profundidade e não existe suporte para o Game Help, tornando-se mais um game na pilha crescente que basicamente ignora o recurso.. Em relação aos visuais, o jogo é estonteante e entrega belíssimas cenas dentro da estética “animelesca”. Algumas cutscenes em animes são muito bem feitas, dando um gostinho do potencial enorme que um anime baseado no jogo teria.
Tales of Arise: Vale MUITO a Pena!
Se você é fã de RPG, o jogo é obrigatório. Com uma história excelente, uma parte técnica quase impecável e um combate extremamente divertido e denso, é muito difícil se decepcionar com o game. Mais um trabalho excelente da Bandai Namco que vive uma de suas melhores fases!