Em uma indústria em que temos diversos remasters ou remakes de jogos que nitidamente não precisam de um retrabalho, ainda temos algumas pérolas remasterizadas que agradam bastante aos jogadores. Tales of Xillia, excelente RPG da franquia Tales of, foi lançado em 2011 para PlayStation 3 em comemoração aos 15 anos da série e lá ficou preso, até agora.
No dia 30 de outubro de 2025, a Bandai Namco nos agracia com Tales of Xillia Remastered, ampliando ainda mais o acesso para todos os jogadores, com lançamento para PS5, Xbox Series, PC e Switch. Será que fizeram um bom trabalho com essa remasterização? Vem comigo que eu conto minhas impressões.
História
O jogo se passa em um mundo medieval, onde os seres humanos convivem pacificamente com os espíritos. Ao oferecerem mana, uma substância que os humanos produzem em seus lóbulos de mana, os espíritos lhes permitem utilizar magias e habilidades especiais.
A trama foca em dois personagens principais: Jude Mathis e Milla Maxwell. Jude é um jovem estudante de medicina que aprendeu a lutar quando era mais novo, enquanto Milla diz ser reencarnação do Senhor dos Espíritos.

Ao perceber que, no subterrâneo de Rashugal, uma das principais cidades do jogo, a humanidade está criando uma poderosa arma movida a mana, algo que ameaça desestabilizar o equilíbrio dessa energia no mundo, Milla decide investigar e acaba se encontrando com Jude.

Os dois se unem com o objetivo de destruir essa arma, mas algo dá errado, e Milla acaba perdendo seus poderes, incluindo o controle sobre os quatro grandes espíritos elementais. Além disso, ambos passam a ser misteriosamente tratados como inimigos pelo reino.
A partir desse ponto, nossos protagonistas embarcam em uma jornada para recuperar os poderes de Milla e impedir que a humanidade use essa arma devastadora, buscando salvar tanto o mundo dos humanos quanto o dos espíritos.
Durante a jornada, encontramos diversos personagens, alguns dos quais se juntam à equipe para ajudar na missão. Todos são bem construídos, carismáticos e têm personalidades marcantes. Destaque especial para o enigmático Alvin e para a Elize, personagem fofa que me encantou desde sua primeira aparição.

Posso dizer que a história é um dos pontos fortes de Tales of Xillia, e o modo como ela é contada infelizmente não foi mais utilizado nos jogos posteriores da franquia. Ao iniciar a campanha, podemos escolher qual dos dois protagonistas seguir, vivenciando a narrativa sob o ponto de vista dele.
Na maior parte da história, os dois permanecem juntos, mas há momentos em que se separam por diferentes motivos. Ver os acontecimentos exclusivos pela perspectiva de cada um adiciona profundidade à trama e oferece um excelente fator replay.
Temos também algumas conversas, além das cinematicas in-game normais, onde aparecem somente os rostos dos personagens na tela, e feições que acompanham as conversas, entregando situações bem divertidas, as quais exploram e aproximam mais os personagens.

A trama possui momentos mais leves e momentos mais tensos, com abordagens mais sérias envolvendo amadurecimento, a sede de poder, e um grande foco na amizade entre os personagens. Tudo muito bem escrito e explorado durante o jogo.
Gameplay
O combate de Tales of Xillia é bastante agradável, e agora, rodando a 60 fps, está ainda melhor. Ao encostarmos em um inimigo, entramos em uma espécie de arena, onde podemos controlar livremente nosso personagem enquanto os demais são controlados pela IA.
Durante as lutas, podemos alternar livremente o personagem que controlamos. Antes de cada batalha, é possível definir estratégias e ações específicas para os personagens que não controlamos, o que adiciona um bom nível de profundidade tática.

Após as batalhas, os personagens recebem experiência e pontos que podem ser trocados por novas habilidades. De forma semelhante ao Sphere Grid de Final Fantasy X, aqui temos o sistema Lilium Orb, que permite evoluir atributos e desbloquear habilidades especiais para cada personagem. É um sistema intuitivo, estratégico e bastante satisfatório de explorar.
Durante as batalhas, também podemos linkar dois personagens, o que possibilita o uso de habilidades combinadas. Uma barra especial é preenchida conforme lutamos, permitindo o uso de golpes poderosos tanto individualmente quanto em dupla. Cada combinação de personagens resulta em habilidades únicas e visualmente impressionantes, vale muito a pena experimentar diferentes formações.

Novidades da Remasterização
Sendo uma remasterização, Tales of Xillia Remastered não traz nenhum conteúdo adicional muito relevante. Trata-se de um exemplo clássico de trabalho focado em aprimorar apenas a resolução e a taxa de quadros por segundo. O jogo roda em 4K e 60 FPS estáveis durante todo o tempo, não notei nenhuma queda de desempenho durante a jogatina. Visualmente, os cenários estão mais agradáveis e mais aceitáveis nos aparelhos da atual geração.

Houve também um retrabalho em algumas texturas, o que faz com que o jogo pareça menos datado para os padrões atuais. Até mesmo as excelentes animações produzidas pelo estúdio Ufotable receberam melhorias sutis na iluminação.
No que diz respeito aos cenários do jogo, nota-se um possivel problema orçamentario na construção do jogo original. Há uma boa variedade de áreas, com muitos inimigos visíveis no mapa, porém poucos locais são realmente diferenciados, o que passa a sensação de que os ambientes carecem de vida. Infelizmente, isso se mantém nesta remasterização, já que aqui tivemos apenas uma melhoria visual, sem revisões estruturais.

Para não dizer que não há nada de novo além das melhorias gráficas, foram adicionados indicadores de baús e missões secundárias nos mapas, o que facilita bastante a exploração. Uma das melhores adições da remasterização, prática e bem-vinda para todos os jogadores. É possivel também salvarmos o jogo rapidamente a qualquer momento.
O Grade Shop, uma espécie de loja que nos permite escolher modificadores e que anteriormente era liberada apenas após finalizar o jogo pela primeira vez, agora está disponível desde o início. Esses ajustes facilitam a progressão e podem até tornar a experiência mais simples do que o próprio modo fácil. Pessoalmente, achei esse recurso um tanto desnecessário, mas ele pode agradar quem busca uma jogatina mais leve e casual desde o início.
Som e Localização
Todos os personagens estão dublados, com opção de áudio em inglês e japonês. A dublagem japonesa é ótima, como de praxe na franquia. Infelizmente, não temos a opção de jogar com o jogo localizado em nosso idioma desta vez, não fomos agraciados com uma tradução dos textos para o português, o que não faz muito sentido, já que os últimos grandes títulos da franquia vieram totalmente localizados.
Sendo algo típico da série, Tales of Xillia apresenta musicas intensas durante as batalhas e músicas mais suaves ao explorar cidades e mapas. A Bandai Namco sempre acerta em cheio quando o assunto é trilha sonora, e Xillia não é exceção. A animação de abertura conta com uma música incrível, e confesso que já devo tê-la ouvido dezenas de vezes antes mesmo de começar a jogar.

Review de Tales of Xilia Remastered: Vale a pena?
Tales of Xillia Remastered é um título que prova que ainda existem obras da geração do PS3 para as quais uma remasterização é mais do que bem-vinda. As melhorias visuais tornam o jogo muito mais agradável aos olhos, e sua jogabilidade envelheceu surpreendentemente bem.
Ainda é possível sentir o peso de um possivel orçamento menor de seu desenvolvimento original e a ausência de legendas em português certamente pode afastar parte do público brasileiro. No entanto, trata-se de um JRPG memorável, com uma história envolvente, personagens carismáticos e um sistema de combate divertido, facilmente recomendado para os entusiastas do gênero e fãs da franquia Tales of.
Tales of Xillia Remastered é um excelente JRPG, com uma ótima história e um excelente combate. Possui algumas falhas que podem indicar um baixo orçamento, que não foram corrigidas nesse remaster, por ter foco em somente melhorar resolução e fluidez. Infelizmente não possui tradução para português brasileiro, mas é um excelente jogo para quem gosta da franquia e de um bom JRPG.
Pontos Positivos
- Gameplay viciante.
- Excelente história.
- Indicação de baús e side quests nos mapas
Pontos negativos
- Falta de tradução para portugues brasileiro.
- Alguns mapas sem vida.
- História
- Gameplay
- Visuais
- Desempenho
- Som
