Você com certeza já se deparou com algum jogo de “navinha” em algum momento de sua vida. Extremamente populares no passado, jogos do gênero shmup eram uma febre, contudo, a categoria está cada vez mais esquecida. Em contrapartida, temos o gênero metroidvania, cada vez mais popular e contando com exemplares novos praticamente num ritmo semanal. É aí que entra o estúdio Super Mega Team. A equipe teve a incrível ideia de unir os dois gêneros, entregando uma das melhores surpresas de 2022.
Salvando o Planeta
Logo no começo da jornada somos introduzidos à história de The Knight Witch. Com uma pauta incrivelmente ecológica, o mundo do game estava sendo explorado pelos Daigadai, uma classe imperialista que dominava o país. Ávidos pelo avanço e pelo acúmulo de riquezas, os Daigadai acabaram esgotando os recursos da Terra, causando uma destruição em massa do ecossistema. Foi diante desse contexto que surgiram as Knight Witches, bruxas consideradas forças da natureza que viam seu poder ser escalonado a medida que mais pessoas acreditavam nelas.
Após anos de paz, uma nova ameaça surge no horizonte, decidida a exterminar as Knight Witches e devolver o planeta para o estado natural. Contudo, nem tudo é o que parece e a jornada carrega consigo diversos segredos e reviravoltas interessantes. Apoiando-se na estrutura da jornada de herói, a aventura é protagonizada por Rayne, uma bruxa em treinamento que não conseguiu ser aceita na ordem das Knight Witches.
Abordando pautas sociais e ecológicas, The Knight Witch apresenta uma narrativa fantástica que mescla emoção e humor na dosagem correta, entregando entre 10 a 12 horas de uma experiência de qualidade.
Uma mistura caótica e perfeita
The Knight Witch mistura três estilos distintos: metroidvania, shmup e card game. Pode parecer muita coisa, contudo, o estúdio trabalhou os elementos característicos de cada gênero de maneira magistral, criando uma experiência fantástica. Toda a movimentação é através do vôo de Rayne, afinal, ela é uma bruxa. Em virtude disso, alguns trechos ficam bem complicados pro jogador sobreviver, a tela enche de disparos inimigos e só aprendemos o feitiço de desvio após uns bons minutos na aventura.
A curva de dificuldade é bastante acentuada, principalmente pelo sistema de cartas existentes. As magias que podem ser acionadas por Rayne são aleatórias. Temos ao nosso dispor três cartas que aparecem de maneira constante. Podemos montar nosso deck, escolhendo quais cartas estarão nele, contudo, o nosso controle se encerra aí. Para lançar as magias, consumimos Mana, orbes azuis que são dropados pelos inimigos. Cada feitiço gasta uma quantia determinada de Mana, demandando um pouco de estratégia por parte do jogador.
Rayne possuí um nível que é aprimorado através do Link, nossa conexão com os habitantes do mundo. O link evolui à medida que salvamos as pessoas em perigo. The Knight Witch possuí duas moedas que servem como a economia do jogo. Os Fragmentos, objetos na cor verde, que permitem a compra de poções e armaduras. E as moedas Y, que permitem a compra de cartas de maneira aleatória.
Todos os sistemas funcionam muito bem e de maneira intuitiva, permitindo que o jogador foque nas duas coisas que mais importa: na história e no combate viciante e extremamente frenético. Graças ao seu viés de metroidvania, o level design é sublime, recheado de cenários estonteantes, salas com recompensas e caminhos intuitivos que impedem que o jogador fique empacado em algum trecho. Por ser um shmup, o estúdio se preocupou até em adicionar um sistema de autoaim, permitindo que os inimigos sejam atingidos sem usar a mira, contudo, esses ataques causam apenas metade do dano dos ataques direcionados.
Colírio aos olhos
The Knight Witch é um deleite visual. Os cenários, personagens e inimigos parecem ter sido esculpidos à mão, cheios de elementos incríveis que concedem um ar original para cada um deles. A trilha sonora dá outro show a parte, com uma roupagem que lembra bastante os cantos gregorianos da Idade Média.
Graças ao poder do PlayStation 5, os loadings são praticamente inexistentes, tornando a experiência o mais fluída possível. Contudo, a equipe poderia ter explorado um pouco mais o DualSense. Foi uma oportunidade perdida que poderia aumentar ainda mais a imersão no título.
The Knight Witch: Vale a Pena?
Criatividade e coragem sempre compensam e o jogo da Super Mega Team é a prova fiel disso. The Knight Witch é facilmente um dos melhores indies de 2022, tornando-se um exemplo vivo de que a mesclagem de gêneros pode dar incrivelmente certo quando feita da maneira correta e bem dosada.
PS: Esta review foi feita graças a um código de PS5 cedido pela publisher Team17.