H. P. Lovecraft morreu em 1937 mas ele segue influenciando centenas de obras até hoje. A revolução literária provocada pelo escritor foi tão enorme que reverbera quase 100 anos após o seu falecimento.
É ciente disso que o Plot Twist, estúdio polonês, bebeu dessa fonte para criar The Last Case of Benedict Fox. Previamente disponível no Xbox e PC, a versão definitiva do jogo chegou em outras plataformas recentemente, com destaque para o PS5.
Se aconchegue e aproveite esse review de The Last Case of Benedict Fox: Definitive Edition.
A história
Graças à sua inspiração nos contos de Lovecraft, Benedict Fox se apoia bastante no ocultismo para construir os alicerces de sua lore. Logo no início da aventura somos apresentados a duas organizações: o Primeiro Círculo e a Ordem Ira Dei.
O Primeiro Círculo é uma organização secreta ocultista que realiza experimentos e pesquisas não autorizadas. Já a Ordem Ira Dei foi um grupo criado para conter o Primeiro Círculo.
Benedict, nosso protagonista, se recusa a ser controlado e recebe uma ligação misteriosa para ir até a casa de seu pai. Chegando lá, ele encontra o corpo do seu pai e é aí que o último caso de investigação de Benedict se inicia.
Curiosamente, Benedict não está sozinho. Dentro dele existe uma criatura, que lembra muito um demônio, que é muito sensitiva e tem poderes especiais. A criatura passa a auxiliar Benedict, permitindo que ele acesse as memórias do pai e da madrasta para tentar juntar as peças e descobrir o que aconteceu.
A trama do jogo é relativamente complexa pela forma em que ela é contada. Temos as cutscenes tradicionais mas uma quantidade absurda de detalhes importantes estão presentes nas descrições dos itens. Em suma, a leitura extra adiciona MUITO para a trama.
No geral, senti que a história faz jus ao nome do estúdio. O desenvolvimento e as reviravoltas na história são ótimos e o jogo tem a duração certa. Eu levei 9 horas para obter a platina e em nenhum momento me senti exausto com a experiência ou com uma sensação de repetição.
A jogabilidade
The Last Case of Benedict Fox: Definitive Edition abraça sua natureza de metroidvania. Se você conhece o gênero, já sabe exatamente o que esperar.
Temos habilidades de travessia, ligadas ao Companheiro, que permitem acessar novas áreas. Como o jogo se passa essencialmente em três cenários: a Mansão, as memórias de James e as memórias de Mary, o backtracking existe e ocorre com frequência.
Apesar do combate existir, fiquei com a impressão de que ele foi implementado mais como um apoio do que algo “principal” do jogo. Os sistemas são bem básicos e quase não existe variedade de habilidades. Existe uma quantidade bem pequena de inimigos diferentes e as lutas contra chefes são decepcionantes.
A progressão acontece em duas instâncias: usando moedas para melhorar os consumíveis e os equipamentos e usando tinta para fazer tatuagens e aprender habilidades inéditas.
Um ponto forte de Benedict Fox são os puzzles. Temos uma quantidade generosa deles e a maior parte deles são bem inteligentes. Caso o jogador fique empacado, existe a opção de selecionar os puzzles de maneira automática.
Falando em opção, é fantástico ver que a acessibilidade foi uma preocupação grande do estúdio e temos diversas opções ligadas a isso. Podemos desligar ou ligar os indicadores, ativar um modo em que matamos os inimigos com um único golpe ou até mesmo ligar a invencibilidade. Isso permite que os players que só querem apreciar a história desfrutem do game.
A parte técnica
Tecnicamente falando, The Last Case of Benedict Fox é decepcionante. Durante minhas 9 horas de jogatina, tive quedas constantes de frames, algo injustificável para um jogo tão leve e que exige pouco do hardware do PS5.
O combate, como mencionei acima, é engessado e não é tão responsivo quanto outros metroidvanias mas entendo que isso não foi o foco de Benedict Fox. Com a versão de PS5, temos um leve flerte com os recursos do DualSense mas nada digno de nota ou que de fato incremente a experiência.
A atmosfera do jogo é muito bem construída, graças a direção de arte primorosa aplicada ao projeto. Em muitos momentos me senti de fato em uma experiência de investigação noir com toques generosos de horror. O estúdio captou bem seus materiais de inspiração.
Eu não tive nenhum bug ou crash, mas as quedas constantes de FPS são bem perceptíveis e incomodam muito.
Review de The Last Case of Benedict Fox – Vale a pena?
O jogo me proporcionou uma experiência bem conflitante. Eu adorei a história, toda a lore construída pela Plot Twist e a ambientação do game. Contudo, em praticamente quase todos os outros aspectos, ele deixa demais a desejar. Se o estúdio conseguisse amarrar bem o todo, seria facilmente um dos metroidvanias mais originais do mercado.
Com sistemas superficiais e problemas de desempenho, recomendo que você aguarde uma promoção e compre o jogo após alguns patches de correção.
Apesar dos percalços, o estúdio polonês é muito promissor e já estou ansioso pra ver qual será a próxima criação da equipe!
The Last Case of Benedict Fox tem uma lore excelente e uma ambientação fantástica, contudo, o jogo deixa a desejar em componentes importantes como gameplay e desempenho.
- Narrativa e Lore
- Jogabilidade
- Visuais
- Desempenho
- Som