Não faz muito tempo que os soulslikes e os metroidvanias entraram em alta, recebendo múltiplos exemplares nesses anos recentes. Com ótimos títulos que deixaram os dois gêneros em destaque, o ano de 2023 em específico foi muito generoso com os fãs de metroidvania. Após o recente lançamento de Blasphemous 2, chega agora The Last Faith, prometendo ser mais uma aventura épica dentro da estrutura que conquistou o mundo.
Desenvolvido pela estúdio Kumi Souls Games, uma “equipe” majoritariamente composta pelos dois irmãos Duilio e Riccardo Guglielmino, The Last Faith é um projeto que deixa evidente a paixão dos dois irmãos e você vai entender os motivos nesse review!
Um universo gótico
The Last Faith é protagonizado por um personagem chamado Eric. Sem lembrança de sua vida passada, Eric se vê envolvido em uma conspiração sem precedentes envolvendo múltiplas organizações religiosas, famílias da nobreza e profetas que anseiam em se tornar deuses.
O aspecto gótico não é percebido apenas na narrativa mas nos visuais e diálogos. A arquitetura muito se assemelha aos prédios da Europa Medieval, o que faz sentido, visto que boa parte dos desenvolvedores são italianos. Os diálogos e personagens flertam com o oculto e temos um claro rebuscamento de palavras, algo tradicional de obras que retratam épocas similares ás que o jogo se passa.
Além da narrativa principal, que é contada através dos já mencionados diálogos e de cutscenes subjetivas, temos a presença de diversas missões secundárias que expandem a lore e enriquecem o mundo de The Last Faith. Para a minha feliz surpresa, as missões secundárias do game são bem diretas e não contam com múltiplas etapas desnecessariamente complexas como vemos em outros exemplares do gênero.
A jornada pelo 100% dura por volta de 20 horas, isso claro, explorando tudo por conta própria! A cereja do bolo é a localização completa dos textos em nosso idioma, facilitando a compreensão da narrativa e aprimorando a imersão na aventura.
Metamorfose Ambulante
O combate de The Last Faith é bem prazeroso. Altamente responsivo, o game conta com um arsenal formidável de armas únicas que adicionam uma boa versatilidade na aventura. Divididas em duas categorias, armas de corpo a corpo e armas de fogo, as armas escalam com diferentes atributos e algumas apresentam efeitos especiais de raio, gelo ou fogo.
Cada arma do jogo possui uma habilidade especial que pode ser acionada com o uso de Mana. Além disso, obtemos Estigmas ao longo da nossa aventura que adicionam uma habilidade ativa. Ao todo são três estigmas, um permite que o jogador apare os golpes inimigos, o outro serve como um escudo de bloqueio e o outro amplifica nossa velocidade de ataque.
Um ponto não tão positivo e que demanda ajustes é que podemos ficar bem fortes logo no começo da jornada após pegar uma espada de Força que está muito desbalanceada. Essa Espada torna praticamente todas as lutas contra chefes bem triviais. Falando neles, o design está excelente, tanto visualmente falando quanto das batalhas e o desafio seria bem dosado caso a espada não existisse.
The Last Faith segue à risca a cartilha de outros games do gênero. Obtemos cintos que aumentam a nossa quantidade de poções de cura e de munição carregadas, corações que aumentam o HP e Mana e precisamos encontrar habilidades de travessia que permitem o progresso na história. Os tradicionais dash, pulo duplo e gancho se fazem presentes aqui.
O jogo tem uma quantidade enorme de paredes escondidas que infelizmente possuem uma péssima indicação visual. A quantidade de altares que servem como checkpoints e pontos de viagem rápida deixam a desejar, fazendo com que a exploração do mapa não seja nada prazerosa.
O backtracking em The Last Faith é real mas não é tão recompensador quanto deveria. Temos diversos itens em locais de dificil acesso que não são nada atrativos pro trabalho que dá coletar eles, mas, caso você queira ir perseguir os 100%, é necessário explorar cada canto pois diversos colecionáveis e itens de quest estão atrás dessas paredes.
Outro problema com a exploração de The Last Faith é o mapa mal formulado. Apesar do jogo permitir que a gente coloque marcadores, os mapas das salas não foram bem desenhados e muitas vezes achamos que faltou uma parte para visitar mas era só um buraco. Outra mudança que seria bem vinda é colocar uma % de conclusão pra cada zona, isso ajudaria ao jogador saber se resta alguma coisa a ser feita nas muitas zonas do jogo.
Fé na atual geração
Testei a versão de The Last Faith no PS5 e não tenho nada negativo pra falar. Por ser um game bem leve, feito em pixel art, não temos a presença de loadings no game. Também não tive nenhum bug, glitch ou quedas de frames.
Um problema inusitado é que alguns troféus estão com a descrição errada e levam o jogador a fazer outra coisa. Um deles por exemplo diz pra esquivarmos de 50 golpes mas o troféu só cai ao aparar os golpes e não esquivar deles.
Visualmente falando, o jogo aplica uma estética em pixel art que se apoia bastante em elementos góticos. Temos uma variedade interessante de cenários que vão desde a montanhas congeladas, cidades, florestas e palácios. As animações dos golpes estão incríveis, principalmente os efeitos dos encantamentos. Outro ponto de destaque é a animação das finalizações, elas estão brutais e me lembraram de God of War 3 e a fúria do Fantasma de Esparta. Pisotear cabeças, arrancar asas, cortar cabeças com machado. Elas estão bem gráficas.
Um ponto fraco é a trilha sonora. Ela não está ruim, longe disso, mas em muitas vezes acaba passando despercebida. Por ser um game de escopo menor, isso é compreensível e não chega a incomodar.
Review de The Last Faith: Vale muito a pena!
Em um ano tão recheado de jogos, The Last Faith é mais uma grata surpresa! Apesar de não revolucionar em nada, ele entrega um projeto bastante divertido e que certamente vai ser apreciado pelos fãs do gênero. Se você gostou de games como Hollow Knight e Blasphemous, coloque The Last Faith em sua lista!
The Last Faith não inova mas entrega um metroidvania de qualidade que reúne todas as características amadas pelos fãs do gênero!
- Narrativa e Lore
- Jogabilidade
- Conteúdo Secundário
- Desempenho
- Visuais
- Som (Trilha e Efeitos)