Se você acompanha games, você certamente já ouviu falar sobre Paper Mario, o RPG inusitado da Nintendo. Alcançando um grande sucesso comercial, não seria louco imaginar que logo muitos estúdios tentariam replicar as conquistas obtidas pela franquia.
Assim nasceu The Outbound Ghost, o mais novo projeto do estúdio Conradical Games. Facilmente sendo reconhecido como o projeto mais ambicioso da equipe até agora, será que o jogo tem ideias próprias e boas o suficiente para obter destaque? É isso que você vai descobrir nesse review.
Perdido no Limbo
Nós controlamos um fantasma com amnésia que chega misteriosamente na cidade de Outbound. Quase todos os habitantes foram abatidos por um serial killer e o resto morreu após o abastecimento de água do vilarejo ter sido envenenado.
Diante desse contexto, nosso protagonista chega em Outbound tendo que lidar com a desconfiança de alguns habitantes. Michael, um aspirante a detetive chega até a acusar o personagem pelos acontecimentos infelizes que ocorreram na vila.
Os personagens do jogo são cheios de identidade e carregam uma grande carga emocional, contudo, a equipe decidiu dar um tom mais humorístico para o jogo. Com o estilo visual adotado, consigo ver o sentido nisso, mas confesso de que gostaria de ver uma história mais sombria e voltada para um público mais adulto. O título retrata de temas importantes que acabam ficando sem o peso devido em virtude da falta de seriedade implementada nos diálogos.
Por falar nisso, a história basicamente consiste em reunir informações sobre quem somos e o que de fato aconteceu em Outbound. Para os jogadores mais sedentos por exploração, a experiência deve durar no máximo 8-10 horas. Um lado negativo para os jogadores brasileiros é a ausência de legendas em PT-BR.
Eu escolho você!
The Outbound Ghost é estruturado como um RPG de turnos. Temos ataques normais, defesa e magias especiais. Um elemento interessante é que existe uma barra temporizadora nos ataques, aumentando ou diminuindo o dano causado.
As lutas são combatidas pelos Figments (frutos da imaginação), que lutam contra as Aparições, seres gerados pelos sentimentos dos fantasmas. Os Figments são obtidos no curso natural da história e em salas não tão escondidas. A progressão dos Figments é bem básica. Podemos mudar de nível e equipar Aspectos, item que serve como equipamento, aumentando elementos como HP, SP e por aí vai.
Infelizmente, a simplicidade do combate acaba sendo um problema após algumas horas, deixando a sensação de repetitividade tomar conta. Tentava a todo custo evitar as batalhas simplesmente por ser um processo tedioso.
Se você já jogou algum RPG de turno em sua vida, com certeza os sistemas serão bem familiares e nenhuma dificuldade será encontrada. Por falar em dificuldade, podemos personalizar algumas categorias, aumentando coisas como dano causado, dano sofrido e até a % ganha de XP.
O poder da nova geração
Por ser um RPG de turno, o combate do jogo carrega consigo várias transições de tela. Ao encontrar os inimigos, chega de frente ou em encontros surpresas, temos uma transição de tela para o combate. Isso acaba gerando interrupções irritantes que quebram o clímax do título. Felizmente, o poder do PS5 e a velocidade de carregamento ajudam a mitigar um pouco do problema.
Os visuais em papel ajudam a conceder uma identidade bem irreverente para a obra, distanciando-se da maioria dos indies no mercado. Aliado a isso, temos uma trilha sonora orquestrada que adiciona um bom tempero no mix, culminando numa experiência prazerosa pra quem curte games com um escopo menor.
The Outbound Ghost: Vale a Pena?
Com um sistema de combate extremamente simples, as forças do game são os visuais inspirados em Paper Mario, a trilha sonora orquestrada e, claro, uma história que intriga e deixa o jogador ávido por mais informações. O jogo proporciona uma boa experiência indie e consegue ter identidade o suficiente pra não ser apenas um clone de Paper Mario. Infelizmente, a falta de mais “tempero” no combate e uma infantilização da história acabam prejudicando um pouco a jornada.
PS: Este review foi feito com um código de PlayStation 5 cedido pela Digerati, publisher do jogo.