Criatividade em games é uma pauta que costuma gerar discussões calorosas. Uma parcela de jogadores alega que a geração atual está menos criativa, enquanto outros dizem o oposto.
Em projetos mirabolantes que custam centenas de milhões de dólares, é realmente difícil ver algo do tipo, contudo, existem projetos menores, cheios de valentia, que esbanjam criatividade e alma.
É nesse contexto que surge The Plucky Squire, conhecido no Brasil como O Escudeiro Valente. Desenvolvido pelo estúdio All Possible Futures e publicado pela Devolver Digital, o jogo chega hoje Day One na PS Plus.
Será que vale a pena dar uma chance ao Escudeiro mais divertido do pedaço? É isso que você vai descobrir nesse review de The Plucky Squire!
Manada
Nossa história é protagonizada por Pontinho, o grande herói do Reino de Mana. Pontinho tem o incrível costume de escrever sobre suas façanhas e isso tornou o Escudeiro muito conhecido e bem quisto no Reino.
É claro que, imitando a vida, o sucesso sempre vem acompanhado de um invejoso. O maligno Enfezaldo, um mago cheio de rancor, começa a alterar o rumo da história, gerando reverberações inimagináveis para o povo do Reino de Mana.
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The Plucky Squire não esconde que o seu público-alvo é a criançada mas até adultos irão conseguir tirar proveito da história. É claro que pra alguns, ela vai ser considerada boba demais. Um aspecto positivo é que o game busca reforçar comportamentos positivos em quem joga, como o da própria leitura!
A narrativa aqui não é pra ser profunda, mas divertida e aconchegante e isso ela cumpre bem. Além de Pontinho, temos alguns personagens secundários, como Violeta e Barbalunar, que são bem irreverentes.
Eu platinei The Plucky Squire em 11 horas, tendo gasto ao menos 2 dessas 11 procurando os 60 colecionáveis necessários pra platina. No fim, a sensação que fica é que ele tem uma duração perfeita, sendo o suficiente para afastar o sentimento de repetitividade e deixar um gostinho de “quero mais” para possíveis sequências.
Outro ponto positivo é que a criatividade do jogo foi reforçada por várias obras da cultura pop como Trolls, Os Smurfs e até Senhor dos Anéis. É estranho por que, no bom sentido, se os personagens fossem azuis, poderia jurar que esse era um novo jogo dos Smurfs.
Só que apesar dessa sensação, O Escudeiro Valente esbanja personalidade, e me vi pensando em seus personagens mesmo dias após zerar o game.
Por Mana!
É na jogabilidade que The Plucky Squire brilha e dá uma aula de criatividade. Temos MUITAS mecânicas que concedem um charme a mais ao jogo.
Começando pela base da estrutura: a jogabilidade dentro do livro e fora do livro. Como o game conta uma história dentro da história, Pontinho percorre as fases viajando entre páginas de um livro. Nesses momentos, o jogo brinca com elementos 2.5D e 3D, onde batalhamos contra insetos e resolvemos enigmas.
Em certos momentos da jornada, temos minigames criativos que vão desde a uma disputa entre cartas, até lutas de boxe e um minigame que lembra sucessos como Candy Crush.
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Os comandos são bem responsivos e a progressão é bem simples: compramos habilidades através de uma NPC que aparece no caminho principal dos capítulos.
A mistura dá um charme a mais ao jogo e lembra o conceito de It Takes Two, mas, claro, feito de maneira mais compacta e simplificada. Lembre-se que estamos falando de um jogo com um orçamento mais restrito.
A quantidade de elementos novos na jogabilidade é suficiente para nunca dar aquela sensação de estar fazendo constantemente a mesma coisa. Um mecanismo formidável é o de alterar estágios ao trocar as palavras de uma frase.
As palavras são um elemento-chave no jogo e isso é respeitado e levado ao pé da letra. Temos que carregar palavras e trocar elas de frases para gerar as modificações, permitindo o progresso ou acionando animações engraçadas. Gerar pilares de queijo, transformar sapos em seres gigantes e mais…
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A mente serve como incubadora para a criatividade e as palavras funcionam como um veículo. The Plucky Squire entende isso muito bem e é gratificante ver um game dando a importância e respeito merecido a isso.
Outra forma de interatividade no jogo acontece fora do livro. Ao avançar na história, desbloqueamos carimbos com efeitos especiais, como desacelerar o tempo ou implantar bombas dentro do livro. A mecânica funciona bem mas senti que ela poderia ter sido mais usada nos estágios. Quando desbloqueamos ambas, já estamos no finalzinho da aventura.
Para extender a duração da aventura, temos dois tipos de colecionáveis que podem ser obtidos. Errinhos, pássaros repletos de fofura e Pergaminhos de Arte. Os Pergaminhos revelam esboços de personagens e estágios, servindo como uma ótima ferramenta para o jogador criar um carinho maior com a obra.
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A maior parte dos colecionáveis podem ser encontrados de maneira intuitiva, mas alguns deles estão muito bem escondidos, gerando um desafio a mais para os complecionistas.
Digno de um Hans Christian Andersen
Se você não faz ideia do que é um Hans Christian Andersen, eu explico. Ele é considerado o maior prêmio da literatura infanto-juvenil e é dado de 2 em 2 anos.
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Se The Plucky Squire fosse, de fato, um livro, ele facilmente estaria no nível de ser considerado para tal prêmio. Tecnicamente falando, o jogo é um primor.
As transições entre 2D e 3D acontecem de maneira super natural, toda a parte sonora é fantástica, com destaque especial para a dublagem de Marco Ramos, assumindo o papel do Narrador. Os visuais estão lindíssimos também e resgatam o estilo artístico de The Swords of Ditto, um projeto anterior de um dos desenvolvedores envolvidos no game.
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Eu só tive um problema que se repetiu por duas vezes. Ao sair do livro, os comandos paravam de funcionar, apenas o Options pegava.
Fora isso, sem bugs, crashes ou quedas de frame. Eu senti um pouco da falta de dificuldade. Até os trechos de plataforma são bem simples e não demandam perícia por parte de quem joga, mas entendo que isso foi motivado pelo público-alvo. É um jogo para crianças!
Review de The Plucky Squire: Vale muito a pena!
Jogar The Plucky Squire é uma experiência semelhante à uma lasanha de domingo em família. Diversão, sabor, aconchego. É sobre momentos, tempero, leveza e estar aberto a vida.
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Em uma indústria que caminha a passos largos de jogar no seguro e apostar no que já deu certo, o Escudeiro reuniu toda sua valentia pra provar que ainda existe esperança e fôlego para aventuras com alma.
The Plucky Squire é um claro exemplo de que ainda existe espaço para jogos com alma na indústria.
- História
- Jogabilidade
- Desempenho
- Direção de Arte
- Som