Quando Tiny Tina’s Wonderlands foi anunciado oficialmente, fiquei com um sorriso no rosto. Por ser um fã da franquia Borderlands, o jogo reúne dois grandes elementos que gosto bastante: a jogabilidade frenética da franquia e um setting de fantasia medieval, fugindo da roupagem de velho oeste/steampunk da franquia original. Com diversos passos na direção certa, Tiny Tina’s Wonderlands traz um frescor muito necessário para a saga, apesar de que ainda existe potencial para entregar muito mais.
O fantástico mundo de Wonderlands
A nossa aventura mirabolante é justificada pelos devaneios da mente de Tina, uma das personagens mais emblemáticas de Borderlands. Tudo se inicia através de um jogo de tabuleiro e temos diversos elementos característicos disso. Nós assumimos o papel do Fatemaker e nosso objetivo principal é derrotar o Dragonlord, um vilão terrível e poderoso. A história é extremamente clichê e todo o charme vem da interação dos personagens e dos diálogos irreverentes que tornaram a franquia Borderlands o que ela é hoje.
O humor ácido continua presente e Tina é tão irritante quanto o querido/odiado Claptrap. Em alguns momentos, essa irritação chega a cansar, visto que ela causa inúmeras interrupções na jogatina de maneira completamente desnecessária. Ao analisar o todo, percebemos facilmente que Tiny Tina’s Wonderlands se trata de uma sátira aos RPGs de mesa e esse é o seu principal diferencial e charme. A campanha leva em torno de 30 horas para ser concluída e pode ser jogada ao lado de um amigo. Inclusive, já deixo essa recomendação. O jogo brilha muito mais quando experimentado em co-op. Viver essa aventura sozinho será um processo extremamente tedioso, visto a enorme repetitividade do game.
Como mencionei mais acima, os cenários, inimigos e magias transportados do gênero de fantasia medieval trouxeram consigo um bom ar de novidade que a franquia precisava muito. No lugar de bandidos exóticos, temos caveiras, duendes e outros seres fantásticos que querem nos matar a qualquer custo. Essa “localização” deu um ar maior de originalidade para a obra, visto que ela em sua essência é um spin-off gerado a partir de uma DLC.
Lá e cá… De volta, outra vez
Apesar da roupagem nova, a jogabilidade e a progressão do jogo funciona exatamente da mesma forma que os outros títulos da saga principal. O sistema de loot continua a dropar centenas de tralhas que são vendidas constantemente, as armas continuam com os graus básicos de raridade vistos em todos os RPGs e a progressão do personagem e a construção das builds continua bem similar ao que já vimos antes. Tudo é muito bem feito e funcional, o problema é que essa fórmula já possui mais de 10 anos, gerando um enorme cansaço após algumas horas de jogo.
Como nos outros games, temos incontáveis combinações de armas e efeitos distintos que trazem um bom grau de varieade ao combate, contudo, após algumas horas, essa variedade é quase que imperceptível, visto que na prática você vai estar segurando o gatilho de atirar e lançado magias ao esmo.
Já que o setting e a forma de contar a história foram alterados, penso que a equipe poderia ter tido um cuidado maior com a progressão, apresentando novas formas de moldar e evoluir o nosso personagem. Uma adição interessante foi na exploração do mundo aberto. O jogo assume uma câmera isométrica e o visual se torna chibi, fazendo alusão aos RPGs clássicos da era do PS1. Se andarmos nas gramas altas por exemplo, muitas vezes somos surpreendidos com encontros contra bandidos.
É esse tipo de adição fora da caixa que queria ver com mais frequência na franquia. Borderlands é conhecido por não se levar a sério em nenhum momento. Tiny Tina’s Wonderlands segue o mesmo “código genético”, contudo, a equipe não brincou tanto com outros gêneros e possibilidades quanto poderia (e deveria). O design das missões, tanto das principais quanto das secundárias, é tedioso e segue o mesmo arroz com feijão de sempre. Sabote uma catapulta, mate X inimigos, roube tal saque e por aí vai. Vale mencionar que isso não torna o jogo ruim, só que certamente tira o brilho do mesmo, visto que ele segue uma fórmula que já se encontra extremamente desgastada.
Tiny Tina’s Wonderlands e o PS5
Como o título do review deixa claro, este review foi feito com base na versão de PS5. Aqui temos mais um caso de uma boa otimização. Não tive nenhum problema técnico durante a minha aventura. Os frames ficam estáveis e não presenciei nenhum bug ou crash. O uso do DualSense também se faz presente. Ele não chega a ser tão constante quanto em títulos como Astro’s Playroom mas consegue entregar uma imersão muito bem vinda ao jogo.
No que diz respeito a trilha sonora, ela casa muito bem com a proposta cáotica da obra, contudo, o mesmo não pode ser dito dos visuais. O padrão cartoonesco foi mantido pela equipe, o que não ajudou nem um pouco o game. O estilo visual envelheceu mal demais e já está defasado, indo de encontro com um jogo lançado na atual geração de consoles. Se você espera encontrar visuais incríveis e de ponta, bom, você vai se decepcionar neste sentido.
Tiny Tina’s Wonderlands: Vale a pena pros fãs!
Se você é fã de Borderlands, não tenho dúvidas de que você vai se deliciar nesse novo mundo gerado pela mente insana de Tina. Caso você não seja tão fã assim, mas está procurando uma aventura para desfrutar ao lado de um amigo, também deixo a minha recomendação. Como mencionei mais acima, o jogo se torna extremamente divertido ao ser jogado ao lado de amigos. Contudo, caso você esteja sozinho e não seja um fã da fórmula, recomendo aguardar por uma boa promoção, caso contrário, você certamente vai ficar frustrado após algumas horas de jogo.
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Eu tenho mais interesse em conhecer Borderlands que esse novo jogo k