A nostalgia é muito poderosa, capaz de criar conexões e levar a mundos queridos e, por vezes, esquecidos no passado. Esta premissa é aproveitada por diversas empresas nos últimos tempos, acenando para o jogador que não prefere os arrojados gráficos da atualidade ou, por saudosismo ou qualquer outro motivo, queira experimentar games da velha guarda. Tivemos, nesse sentido, uma explosão de simulacros de jogos dos anos 80 e 90. Muitas vezes lapidados por competentes estúdios independentes, estes títulos são verdadeiras joias escondidas que podem ser apreciados por todos os jogadores, tanto pelos mais antigos quanto os novos. O Brasil também se mostra presente nesta leva de jogos retrô. A JoyMasher, produtora de Blazing Chrome, criou Vengeful Guardian: Moonrider. O game de ação nos leva a um retorno triunfal a uma era de jogos diferentes dos que estamos normalmente acostumados, mas que é capaz de fornecer muita diversão. Será que este game vale a pena? Vamos descobrir.
Visuais
Vengeful Guardian: Moonrider realiza um ótimo trabalho em resgatar o tempo dos 16 bits. Isto se percebe no cenário e também com o próprio personagem e os inimigos, dispostos em sprites que formam um mosaico de encher os olhos. As fases e o mundo do game também buscam representar o visual distópico a que somos apresentados, com muitos tons de cinza e cores frias. Nosso próprio protagonista parece uma action figure viva, com um visual heróico e pronto para o combate. A identidade visual do game é muito bem trabalhada, entregando fases que misturam metal, terra, água e ar. Inimigos são bem caracterizados e bosses possuem um estilo criativo próprio. Alguns deles chegam a lembrar um pouco games como Scorn, por exemplo.
A jogabilidade de Vengeful Guardian: Moonrider
Vengeful Guardian: Moonrider é um side-scrooling 2D, onde o jogador avança por plataformas em cenários cheios de inimigos e ameaças do próprio ambiente do game. Enquanto nosso personagem prossegue, é possível atacar o inimigo de diferentes maneiras utilizando golpes que variam desde atacar de cima até o uso de armas especiais contra os inimigos. É possível correr, aumentando o poder dos golpes, pendurar-se e também utilizar as paredes como apoio para subir.
O game parece beber da fonte de clássicos que apareceram no Super Nintendo como Batman & Robin, X-Men: Mutant Apocalypse e Marvel Super Heroes: War of the Gems. Em relação aos dois últimos títulos citados, a semelhança se torna mais presente em alguns sentidos. Podemos, por exemplo, citar o fato do protagonista poder encontrar e usar certos upgrades que, indicados no canto superior direito, podem proporcionar melhorias para o herói. Ainda falando dos clássicos jogos que referenciam os X-Men e os Vingadores, Moonrider possui, após sua fase inicial, uma certa liberdade ao jogador: podemos escolher para qual fase vamos nos dirigir.
Os inimigos são marcados por uma certa repetição, o que é algo comum considerando a época que o visual do game busca emular. Eles podem realizar diversos tipos de ataque, desde corpo a corpo a tiros, também utilizando miras em alguns casos.
Vengeful Guardian: Moonrider possui diversos minibosses e bosses, todos criativos e que desafiam o jogador. Seus movimentos devem ser estudados e memorizados para que se saiba o momento certo de se atacar ou se defender.
Algumas fases podem ser realmente frenéticas com momentos de perseguição em cenários que podem ser até mesmo aéreos. Há também simulações de ambiente 3D, colocando variedade na gameplay.
Em relação ao quanto a gameplay pode ser punitiva, o game emula boa parte dos jogos dos anos 90 na dificuldade com a importância de se verificar a barra de vida, os inimigos e também a precisão dos movimentos realizados pelo próprio jogador. Moonrider é discretamente mais acessível do que títulos semelhantes, entretanto, com a tela de Game Over não significando o fim e mantendo o progresso realizado até então.
História
A história talvez seja um ponto onde o game tropece, justamente por não ser tão elaborada quanto poderia. É claro que, uma vez que o maior foco do game seja a jogabilidade, há um menor espaço para a narrativa. Mas, aqui, ela aparece em um tom que beira ao caricato em alguns momentos. É, talvez, uma oportunidade perdida. A mensagem que o game passa é boa: rebeldia e esperança contra o totalitarismo, mas poderia haver um melhor desenvolvimento.
No game controlamos o Moonrider, um herói que se voltou contra um Estado autoritário e caça membros de um sistema desigual. Ele começa a caçar figuras de destaque e combater o regime opressivo. A história funciona, mas fica a sensação de que poderíamos ter mais elementos presentes.
Trilha sonora, localização e desempenho
A trilha sonora cumpre seu papel de emular um jogo dos anos 90, com tons facilmente reconhecíveis. Neste quesito, não há o de que se reclamar.
A localização também é muito boa. Uma vez que a produtora é uma empresa brasileira, poderíamos esperar este tipo de refinamento. Não há dublagem por ser algo característico do game, mas todos os textos estão bem traduzidos para nosso idioma.
O desempenho, como é de se esperar em um jogo retrô, é excelente. No PlayStation 5, corre sem engasgos ou bugs.
Vengeful Guardian: Moonrider vale a pena!
Vengeful Guardian: Moonrider é uma ótima experiência retrô. Embora sua história possa ficar aquém do esperado, a mensagem passada é importante e um aceno à esperança. Sua jogabilidade é fluída e refinada, seu level design criativo e as lutas são bem feitas. Talvez seu maior contra seja a curta duração, que faz que um gostinho de “quero mais” apareça no jogador. Em todo caso, é um jogo que merece ser experimentado e que faz jus à onda retrô que vem surgindo há algum tempo na indústria de videogames.
Obs: Esta análise foi realizada em um PlayStation 5 através de uma cópia cedida pela JoyMasher Games, a quem agradecemos.