No momento de publicação desta análise, diversas informações já foram disponibilizadas a respeito do Switch 2, o próximo console da Nintendo, que será lançado dia 5 de junho de 2025. Mesmo quando consideramos sua mescla de pontos positivos e negativos (e há vários desses, infelizmente), a chegada de uma nova geração acaba sempre sendo um momento de empolgação para os mais aficionados pelos títulos da gigante Japonesa.
Todavia, não é porque estamos à sombra de um novo console que o Nintendo Switch deixa de oferecer os seus charmes. Na realidade, Xenoblade Chronicles X parece chegar ao híbrido a tempo de mostrar que, sim, o velho e “defasado” Switch 1 ainda tem alguma lenha para queimar.
Intitulado Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition, o título que foi lançado no dia 20 de março é, na realidade, um port aprimorado do épico JRPG que havia sido lançado inicialmente para o Nintendo Wii U, há 10 anos atrás.
Como um spin-off da franquia Xenoblade Chronicles, Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition traz uma história e abordagens bastante diferentes dos outros títulos da série. Aqui, vivenciamos uma trama de ficção científica que nos coloca na pele de um dos poucos sobreviventes da raça humana, que se encontra ilhada em um planeta alienígena após um misterioso ataque realizado por criaturas alienígenas tecnologicamente avançadas.
Com base nessa premissa, o jogo apresenta um gigantesco planeta inteiramente interligado, que se desdobra diante do jogador como um instigante convite à exploração, ao mesmo tempo em que apresenta uma flora e fauna tão hostil quanto fantástica.
Tentar sobreviver nesse planeta ao mesmo tempo em que você descobre mais a respeito dessa ameaça alienígena que pode acabar com a raça humana é uma tarefa que pode durar centenas de horas — literalmente. Para o bem e para o mal, Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition apresenta uma quantidade avassaladora de conteúdo. Isso certamente é música para os ouvidos de fãs de JRPG. Agora, será que Xenoblade Chronicles X tem o suficiente para furar essa bolha? Vamos descobrir!

Os alienígenas somos nós!
Acho que a principal coisa a ser dita a respeito de Xenoblade Chronicles X é que esse é um daqueles tipos de jogos nos quais o mundo é o seu principal personagem. Como dito anteriormente, a história de Xenoblade X é focada nos últimos sobreviventes da raça humana que, após viajar em um tipo de “arca” interestelar, se veem presos em um planeta hostil e alienígena chamado Mira.
Durante o jogo, você acompanhará as tramas de dezenas de personagens, dando o seu melhor para sobreviver nesse novo mundo hostil. Todavia, seja na campanha principal, ou nas dezenas de side-quests focadas em personagens, quem brilha de verdade é o próprio planeta Mira!
Por um lado, esse aspecto pode ser visto como um pequeno “defeito” de Xenoblade Chronicles X, principalmente quando o comparamos aos outros jogos da série. Cada um dos títulos da trilogia principal de Xenoblade Chronicles traz uma narrativa épica e extremamente engajante, onde você rapidamente se simpatiza com os diversos personagens que compõem o time de herois (e também de vilões) da trama.
Você torce por aqueles personagens e fica muito intrigado para ver o desfecho de cada uma das narrativas. Em Xenoblade Chronicles X, as coisas são um pouco diferentes.

Ainda existem sim diversos personagens interessantes, e acompanhar suas tramas individuais (principalmente em side-quests focadas) é extremamente engajante. Contudo, a história principal de Xenoblade Chronicles X não atinge os mesmos pontos altos igual acontece nos outros jogos da franquia.
Existem alguns mistérios interessantes aqui e acolá, e o jogo oferece outros pontos positivos, principalmente se tratando de mecânicas, porém a trama principal perde um pouco o seu potencial impacto ao te colocar na pele de um personagem mudo, criado pelo jogador. O jogo compensa isso, contudo, ao dar um destaque muito maior ao mundo de Mira em si.
Nesse sentido, Xenoblade Chronicles X se sobressai enormemente quando comparado com quase qualquer jogo de mundo aberto, já que o planeta Mira é absurdamente expansivo, e desde o começo do jogo você pode virtualmente explorar todo o mapa.
Todavia, isso é mais fácil de falar do que fazer, já que o jogo povoa o mundo com diversos obstáculos, desde acidentes geográficos, até inimigos extremamente poderosos. Assim, embora você possa ir para qualquer canto, há todo um desafio focado em encontrar as melhores maneiras de avançar por esse mundo hostil, desbravando os territórios, encontrando segredos, novas quests, além de inimigos desafiadores.

Um combate profundo, mas pouco comum
Por falar em desafio, o aspecto no qual Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition mais se assemelha aos outros títulos da série é justamente nas mecânicas de combate. Aqui, temos um sistema de batalha que é bastante único e diferente de quase todas as outras séries de JRPGs existentes.
Basicamente, o combate de Xenoblade Chronicles funciona por meio de um sistema em tempo real, que mistura ataques automáticos com um gerenciamento de habilidades e cooldown de golpes especiais. Isso significa que, em um primeiro momento, a sua party parece lutar sozinha, desferindo ataques normais nos inimigos mais próximos.
Por conta própria, esses ataques básicos causam pouquíssimo dano, e é aí que entra a principal mecânica que torna o combate de Xenoblade Chronicles tão interessante: o seu sistema de Arts e a importância do gerenciamento de cooldowns e correto posicionamento durante a batalha.
De modo geral, Arts é o nome dado às habilidades ativas dos personagens de sua party, e você pode equipar até oito delas por vez. Cada uma delas funciona como um tipo de golpe (ou buff/debuff) específico, com poderes muito distintos e condições especiais para causar dano extra ou infringir um status especial no inimigo.
Com base nisso, o combate se torna uma dança na qual você precisa encontrar o posicionamento ideal em relação ao inimigo, enquanto gerencia os cooldowns das suas Arts, combinando-as em combos que podem fazer toda a diferença quando você precisa lidar com os inimigos mais difíceis.

Por causa desse sistema aparentemente complexo, o combate de Xenoblade Chronicles X pode parecer bastante confuso e caótico à primeira vista. Porém, o jogo faz um bom trabalho de introduzir cada uma das mecânicas lentamente, dando tempo de você aprender e dominar cada um dos elementos do combate.
Com o passar do tempo, o combate se torna um momento extremamente divertido e desafiador do jogo, onde você cria mapas mentais de quais habilidades utilizar a cada momento. Eu, por exemplo, sempre iniciava o combate causando um debuff para golpes físicos, emendando na sequência um golpe atordoante e um poder especial que causa dano extra em inimigos vulneráveis. São em momentos como esse que o combate brilha verdadeiramente.
Para acrescentar ainda mais profundidade a esse combate, cada personagem também apresenta uma classe específica, e o seu protagonista pode modificar e evoluir suas classes durante a campanha, permitindo que você combine diferentes Arts ao seu bel-prazer.
Equipamentos diversos também podem ser utilizados estrategicamente, permitindo que você customize todo o seu time entre os diversos personagens disponíveis de maneira a criar times focados em extermínio rápido, defesa, cura, ou ainda uma mescla entre os vários tipos de estratégias disponíveis.

Mostrando as suas Skells
Devido a sua estranheza e quantidade de elementos únicos, pode levar algum tempo até que um novo jogador passe a apreciar inteiramente o combate de Xenoblade Chronicles X — esse é um daqueles casos de “gosto adquirido”, sabe? Um tipo de combate tão diferente, que pode levar um tempo até você se acostumar.
Por outro lado, há um elemento de Xenoblade Chronicles X capaz de causar um amor instantâneo: os Skells, robôs gigantes que você pode desbloquear com o avançar da campanha.
Skells são um elemento muito importante de toda a trama de Xenoblade Chronicles X, e já aparecem na história do jogo desde o primeiro minuto. Porém, o jogo faz questão de que você mereça ganhar um Skell próprio, já que dependendo do seu estilo de jogo, você pode levar pelo menos 20 horas (ou mais) para desbloquear o seu primeiro Mecha. Considerando o fato de os robôs estamparem a capa do jogo, essa é uma escolha um tanto quanto ambiciosa, para dizer o mínimo.

Por mais absurdo que isso possa parecer, o desbloqueio “tardio” dos Skells faz muito sentido à trama de Xenoblade Chronicles X, e mais ainda quando analisamos o quanto esses robôs modificam o jogo estruturalmente. Isso se dá, pois, como mencionado anteriormente, o planeta Mira é um lugar hostil e perigoso.
Consequentemente, pode ser muito complicado explorar determinadas partes do mundo a pé, principalmente quando consideramos toda a verticalidade que o jogo oferece — montanhas, vales, cavernas, rios e outros acidentes geográficos funcionam como marcos e obstáculos que podem ajudar ou atrapalhar a sua exploração.
Nesse contexto, os Skells oferecem funcionalidades extras que podem mudar o modo como você encara o planeta Mira como um todo. Afinal, a possibilidade de explorar o mapa com um robô gigante — e, eventualmente, liberar opções de voo livre! — modificam drasticamente suas possibilidades de exploração.
Um cânion pode deixar de ser um obstáculo, uma montanha pode guardar segredos em seu topo, e uma enorme construção alienígena pode ser a chave para o avançar de uma quest super-importante. Esses são apenas alguns exemplos das fantásticas possibilidades que os Skells proporcionam.
Além do que, é claro, pilotar um robô gigante em um JRPG épico como esse é uma experiência fantástica por si só, principalmente quando você customiza seu robô de maneira eficiente, utilizando-o para derrotar inimigos gigantescos em pouquíssimo tempo.

Versão Definitiva, em quase todos os sentidos
A combinação entre um mundo gigantesco e expansivo e essas possibilidades interessantes propiciadas pelos Skells não seriam tão fantásticas se não fosse pela direção de arte, trilha sonora e aspectos técnicos de Xenoblade Chronicles X.
Embora esse jogo tenha sido lançado inicialmente há dez anos para o Nintendo Wii U, o trabalho de port e melhorias implementadas pela Monolith Soft não são nada menos do que espetaculares. Ver Xenoblade Chronicles X rodando como ele roda em um console híbrido que já tem oito anos é impressionante, tanto no modo portátil, quanto no modo TV.
É claro, existem algumas limitações técnicas em efeito aqui, já que o jogo apresenta uma taxa de quadros constante travadas a 30fps, bem como uma resolução variável que pode se modificar levemente dependendo da região que você está explorando.
Embora esses aspectos possam ser compreendidos como limitações (principalmente se comparados a títulos da atual geração), a direção de arte do jogo e o modo como cada região única do planeta Mira é construída conseguem facilmente sobrepujar quaisquer aspectos técnicos limitantes. Devido à escala e verticalidade do planeta Mira, esse consegue ser facilmente um dos jogos mais impressionantes do Nintendo Switch.
Além disso, essa nova versão chega com modelos de personagens inteiramente novos, que seguem uma linha mais anime que, na minha opinião, combina muito bem com a vibe da série. Novos conteúdos também foram adicionados, incluindo novos personagens, quests e história, mas não entrarei em detalhes para evitar quaisquer spoilers.

Em termos de trilha sonora, Xenoblade Chronicles X não deixa nada a desejar quando comparado aos outros títulos da série — que é conhecida por apresentar músicas extremamente contagiantes. Aqui, a direção geral de música muda um pouco, já que Xenoblade Chronicles X abraça mais uma vibe sci-fi, incluindo temas sintetizados e eletrônicos em suas composições.
O trabalho final, contudo, continua digno dos maiores JRPGs disponíveis em toda a história, já que o jogo oferece uma sequência avassaladoras de músicas, que se encaixam perfeitamente com cada um dos biomas e momentos vividos no planeta Mira.
O único aspecto em que essa versão definitiva de Xenoblade Chronicles X deixa a desejar é em relação à ausência de uma localização em português do Brasil.
Durante o evento de anúncio do Switch 2, recebemos a confirmação de que diversos títulos na Nintendo chegarão com localização, incluindo Mario Kart World, Donkey Kong Bananza e até mesmo The Legend of Zelda: Breath of the Wild e Tears of the Kingdom, que receberão atualizações gratuitas com o nosso idioma.
Não obstante, Xenoblade Chronicles X não foi incluído nessa nova leva de títulos traduzidos, o que é uma pena, visto a enorme quantidade de texto e história existentes em um JRPG como esse.

Review de Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition — um JRPG como nenhum outro
Considerando todos os aspectos positivos e negativos oferecidos pelo pacote de Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition, fica claro que esse é um JRPG muito único, capaz de oferecer uma experiência sem igual no híbrido da Nintendo.
A escala do mundo de Mira e o modo como ele oferece um mapa gigantesco a ser explorado é algo digno dos maiores e melhores jogos de mundo aberto. Nesse sentido, eu acredito veemente que Xenoblade Chronicles X pode agradar até mesmo aqueles que não são muito ligados ao gênero dos JRPGs.
É claro que, para isso, é preciso lidar com o combate único de Xenoblade, que oferece bastante profundidade, mas exige que você dê uma chance para aprender sua cadência e mecânicas únicas. Além disso, eu preciso reforçar que nem todo o conteúdo de Xenoblade Chronicles X possui o mesmo nível de qualidade.
Para dar uma longevidade maior à experiência, o jogo inclui diferentes tipos de missões, incluindo quests principais, missões de afinidades que exploram narrativas próprias de personagens específicos, quests “normais” que oferecem missões e recompensas relacionadas ao mundo do jogo, além de quests mais básicas e repetitivas. Essas últimas até mesmo lembram uma vibe MMO, já que podem exigir tarefas mais simples como derrotar uma quantidade específica de inimigos ou encontrar determinados itens no mapa.
Para aqueles que querem tirar mais da experiência (o que é válido, considerando o recente aumento dos jogos da Nintendo), esse conteúdo extra pode ser muito bem-vindo, já que pode ajudar a expandir a campanha do jogo por centenas de horas.
Aqueles mais interessados no melhor que Xenoblade tem a oferecer podem, por sua vez, escolher se focar nas quests principais e mais interessantes. Mesmo nesses casos, você terá um jogo extenso e extremamente interessante para aproveitar. Em todo caso, Xenoblade Chronicles X vale a pena simplesmente pelo tipo de mundo que ele oferece — um universo vivo, instigante e que vale a pena ser explorado. Tudo isso na palma da sua mão.
PS: A análise foi feita em um Nintendo Switch através de uma cópia cedida pela Nintendo.
Essa versão definitiva de Xenoblade Chronicles X traz ao Nintendo Switch um dos JRPGs mais épicos já criados. Com um combate único e profundo e um vasto mundo a ser explorado, esse é um jogo que surpreende ao tirar o máximo do híbrido da Nintendo.
Pontos positivos
- Mundo aberto instigante
- Combate único e profundo
- Conteúdo vasto e interessante
- Tecnicamente impressionante
Pontos negativos
- História principal não atinge o mesmo nível dos outros jogos da franquia
- Alguns conteúdos são repetitivos
- Ausência de localização
- Narrativa
- Combate
- Mundo
- Desempenho
- Visuais
- Trilha Sonora