B.I.O.T.A. é um jogo interessante, mas não pelos motivos que, nos últimos anos, a maioria acredita que sejam indicadores de qualidade. Esse simpático Metroidvania feito com gráficos retrô, em especial remetendo aos 8-bits, faz um esforço palpável em não ser algo inovador ou único, mas sim ser suficientemente funcional ao ponto de se tornar uma experiência agradável. Confira o review a seguir:
B.I.O.T.A. e a variedade de personagens
A premissa de B.I.O.T.A é simples: o jogador assume o comando de um grupo de oito mercenários com a missão de explorar uma colonia espacial que sofre com um constante ataque alienígena. Para descobrir os motivos dessa situação, é necessário explorar toda a localização, como qualquer bom Metroidvania, na busca de segredos e também de habilidades que possam vencer os extraterrestres.
Porém, essa premissa básica já começa a ganhar tons mais diferentes quando, de cara, o jogador se depara com a escolha entre quatro personagens: um “Rambo”, cheio de armas, um soldado normal, mais parecido com os típicos personagens de Metroidvania, um Sniper e um homem com uma shotgun – com cada uma das armas características sendo utilizadas de formas diferentes, sejam elas de curto-alcance ou com trajetórias de tiro mais diversas.
Esse número de personagens pode se expandir no passar do jogo, com outros bonecos, mais curiosos e com habilidades mais únicas sendo encontrados pela colonia – com um dos que mais me despertou a atenção sendo um robô que é obrigatório para a exploração de uma usina nuclear, mas que só pode ser liberado após o jogador realizar várias tarefas para expandir seu inventório de recursos.
Com isso, além da exploração de Metroidvanias, conhecer os chefes dos jogos e saber quais armas funcionam melhor no embate se tornam experiências curiosas e divertidas – adicionando uma descoberta além da exploração de salas ao título que, sinceramente, é muito bem-vinda.
Ritmo típico de Metroidvanias
Embora a abordagem de Metroidvania adicione uma pegada diferente para o jogo, pelo menos no início, basta começar a se engajar mais com a experiência para notar que você está em um título com raízes em Castlevania ou Metroid. Logo de cara, o ritmo lento do game, por exemplo, faz com que a progressão de sala em sala pareça lenta, até que você começa a entender melhor como aquele mundo se conecta.
Com isso, em cerca de 40 minutos de jogo, eu já estava completamente apaixonado pela mecânica principal de todo Metroidvania: explorar, matar os inimigos, registrar em que lugar um item x ou y está parado, que eu não posso alcançar e, por fim, começar a procurar uma forma de chegar naquele lugar.
Ao mesmo tempo, o jogo também conta com itens que podem ser coletados que, de certa forma, acabam sendo um pouco decepcionantes, pelo menos ao meu ver: as chamadas Palettes (Paletas, em bom português). Elas, quando ativadas, mudam a cor regente dos gráficos do jogo, podendo ir pro cinza, azul ou até mesmo para uma combinação psicodélica de tons que, admito, me induziu uma pequena enxaqueca.
Esses itens, estando espalhados pelo mapa como se fossem outros colecionáveis ou armas, acabaram atrapalhando um pouco a experiência, admito. Muitas vezes, principalmente no começo do jogo, eu achava que um lugar escondido poderia me render algo produtivo, mas no fim era só algo para liberar paletas – e, sinceramente, o jogo não parece fazer questão que o jogador se importe muito com elas, fazendo essa recompensa se tornar um tanto inefetiva.
B.I.OT.A. vale MUITO a pena!
B.I.O.T.A. foi finalizado em cerca de 4 horas e, honestamente, foi um jogo que não me deu a sensação de quero mais, não por ser ruim, mas sim por sua experiência ser tão fechadinha e satisfatória, que eu me vi em um título pouco comum em 2022 – um que em vez de querer criar setpieces e novos momentos icônicos, tenta ao máximo fazer uma campanha boa em toda sua duração.
No fim, como Infernax há alguns meses, eu sinto que B.I.O.T.A. é o tipo de jogo que mostra uma camada menos ambiciosa dos indies, mas que com certeza guarda ainda muitas pérolas. Tendo uma oportunidade, recomendamos que você o jogue.