Quando Outriders saiu em 2021, o jogo foi uma espécie de sucesso modesto, gerando bons comentários de quem gosta dos famosos loot shooters. Porém, uma série de bugs e um conteúdo, ao menos no lançamento, não muito longo, fez com que ele não recebesse o crédito que, para muitos, inclusive eu, eram de seu merecimento.
Corte para mais de um ano depois, várias melhorias e atualizações, e a People Can Fly, desenvolvedora original do título, lançou a expansão Worldslayer, com uma missão principal que continua a linha narrativa introduzida no final do jogo base. O que achamos dessa nova aventura? Confira em nosso review:
Spoilers logo de cara sobre o final do jogo base! Fique atento!
Outriders, agora, tem universo interessante
Outriders Worldslayer começa logo depois do final da missão principal do jogo base, como dito acima, dando continuidade ao destino dos humanos presos em Enoch, planeta em que o jogo se passa. É notável, de cara, que a expansão está tentando aumentar a história do jogo – mesmo que isso signifique às vezes modificações nos tons da narrativa.
Isso não é ruim, mas confesso que Wordslayer talvez seja um dos maiores exemplos de como a forma que uma história é contada pode alterar toda a percepção do mundo e de seus habitantes. Enquanto no original eu simplesmente não me importei, na expansão eu fiquei instigado a entender mais de Enoch, que agora sai de um planeta com biomas diversos para justificar a jogabilidade para um mundo que, mesmo ainda não podendo ter “rico” como adjetivo, é muito mais engajante que o apresentado um ano atrás.
O que é interessante, porém, é que indo reavaliar o título base, eu me lembrei que a premissa dele era a mesma da expansão. A história lá atrás, sobre ameaças superpoderosas desconhecidas que concedem poderes aos jogadores, não me prendeu, e agora, veja só, lá estava eu, nas seis horas que levei para concluir a campanha, completamente engajado. Sinceramente, é um elogio grande, e não penso que consiga descrever em palavras o quanto isso me tocou, de certa forma – ver algo melhorando, com um esforço de apresentar um produto mais interessante, é algo que muitas empresas, a meu ver, deveriam sempre tentar fazer.
Jogabilidade frenética e dificuldade andando lado a lado
Mas se o ponto mais fraco do título original foi melhorado, o que aconteceu então com o atrativo principal anterior? Bom, seguindo mais um esquema de não mexer em time que está ganhando, Outriders Worldslayer traz poucas alterações para o jogo original.
A jogabilidade fluida e rápida que lembra muito os TPS da época do PS3 e do Xbox 360 continua ridiculamente engajante, criando sequências empolgantes de saraivadas de tiro em qualquer cenário do jogo. Deixar pilhas de corpos no caminho é comum, e faz parte desse sistema que já havia conquistado tanta gente um ano atrás e pode continuar seguindo essa missão.
O loot também continua divertido, e agora, não sei se impressão minha ou algo realmente modificado, mas parece jogar itens raros com mais frequência – embora isso talvez seja uma consequência da expansão manter os personagens no nível em que eles estavam no jogo base, tornando assim sua experiência mais agradável e com um senso de recompensa mais notável.
Ao mesmo tempo, mesmo com esses itens mais raros, os inimigos boss do jogo continuam um verdadeiro terror, fazendo com que o aspecto multiplayer do título seja necessário. Inclusive, agradeço demais a muitos jogadores muito mais fortes do que eu que me ajudaram no último chefe da campanha da expansão – não tenho vergonha nenhuma de admitir que fui carregado por eles.
E para quem concluir a história da expansão, uma dungeon extra e desafiadora é aberta, cujo eu não consegui finalizar até o momento em que escrevo esse review. Chamada The Trial of Tarya Gratar, é inegável que ela rende bons loots, mas seu chefe talvez seja o inimigo que mais me fez passar raiva em 2022.
E usando a raiva como gancho, aproveito para frisar que, mesmo que a sequência de tiros rápida e frenética do título pareça algo um tanto quanto “arcade”, o multiplayer e as lutas contra chefes não são um passeio de só atirar – coordenação é importante, e se ela não for possível pelo menos a ciência de que tipo de papel cada build pode desempenhar no confronto se torna necessário.
Uma otimização estranha, assim como no original
Quando o Outriders original saiu, era comum ouvir relatos de bugs que atrapalhavam o progresso de forma contínua. Eu não experienciei nada disso em Worldslayer, mas situações de otimização estranha, principalmente se tratando de um jogo de 2022, se fizeram presentes.
Elas tomaram a forma especificamente de sequências de loading estranhas, como entrar em edifícios ou mesmo passar de um bioma para o outro que, pelo menos no campo de visão, pareciam conectados. Eu entendo que o escopo do jogo, com recursos multiplayers, modifica a forma em que a programação e seu funcionamento interno ocorrem, mas não consegui evitar sentir incomodo nessas situações – quem sabe algo que possa mudar em uma próxima expansão, embora que talvez, falando como leigo de desenvolvimento aqui, isso seja um reflexo da engine do jogo.
Conclusão
Outriders Wordslayer é a melhor parte do título que expande. Um ano depois do lançamento original, a realidade é que o título se tornou algo diferente, com novos tons narrativos mas ainda com uma jogabilidade engajante e viciante.
Com o final deixando um gancho para continuação, já fico no aguardo da próxima expansão – e se a desenvolvedora conseguirá elevando a bola que, pelo menos nesse lançamento de julho de 2022, foi alçada para os céus.
Outriders Worldslayer está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series S/X e PC. Diferentemente do jogo original, porém, a expansão não está no lançamento no GamePass.
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