Há alguns meses, avaliei aqui no Desconto em Games Voice of Cards: The Forsaken Maiden – para poucos dias depois a Square Enix anunciar um terceiro título da série, The Beasts of Burden, que agora, também analiso após seu lançamento em meados de setembro.
A estranha narrativa com envolvimento de Yoko Taro continua sendo um experimento bem curioso, embora começo a me preocupar com a frequência de lançamentos da série – a saturação, talvez, pode estar chegando a galope.
Mais uma vez, o conforto das cartas
Logo de cara, explicito que tudo que achei em termos de jogabilidade em minha análise de The Forsaken Maiden se aplica em Beasts of Burden também – trazendo uma experiência reflexiva e um tanto melancólica para o jogador.
A primeira forma que isso é alcançada é através do Game Master, uma narradora que conduz a história junto do jogador, com uma voz incrivelmente agradável e que vai conduzindo o jogo de maneira calma, mesmo nos momentos em que a trama se torna mais séria e o jogador se encontra em um papel mais tenso.
A segunda é na própria condução do jogo, em que no papel de Al’e, uma ex-habitante de uma vila debaixo da terra destruída por monstros, sai em uma jornada de vingança contra essas criaturas, com cada passo e interação com os dados e cartas que constroem o tabuleiro que corresponde ao mundo mostrando mais e mais dessa aventura.
Ao mesmo tempo, o tom pesado começa a assumir diferentes vertentes com reflexões sobre como nossos medos, anseios e afins acabam, na realidade, se tornando verdadeiras conversas sobre como enxergamos nos outros nossos próprios monstros, e a dictomia preto e branca do começo do jogo vira cinzenta, se tornando algo bem mais interessante do que originalmente esperado pela premissa da história.
Ao mesmo tempo, achei que os choques e momentos mais tensos do jogo não tiveram tanto efeito em mim quanto os encontrados em The Forsaken Maiden, mas talvez isso faça sentido: o título anterior tinha uma premissa mais confortável em seu começo, enquanto em The Beasts of Burden ela já começa falando de sentimentos como vingança – além disso, a Game Master desse título é um pouco menos jocosa, também diminuindo o impacto do choque, muitas vezes, por vermos que um outro observador externo também está lidando com ele.
Mais do mesmo na exploração
Se por um lado a narrativa do jogo pode ser bem diferente, o mesmo não pode ser dito de sua jogabilidade: ela é idêntica ao título de alguns meses atrás, só com novas artes de cartas e um novo contexto narrativo. É complicado.
Descrever ela é um tanto maçante, mas basicamente o jogador anda em um tabuleiro com centenas de cartas viradas para baixo, e elas são abertas a medida que o peão repousa sobre elas. Os efeitos podem ser variados, desde calabouços sendo descobertos, vilas para serem exploradas ou até mesmo batalhas aleatórias – e assim como em The Forsaken Maiden, atraindo no começo, em poucas horas, vira uma difícil jornada que não é para todo mundo, gerando desanimo principalmente pela pouca variação de conteúdos.
Conclusão
É complicado. Eu ainda acredito gostar mais de The Forsaken Maiden, mas muito por talvez eu ter jogado ele sem muitas lembranças do anterior – The Beast of Burden, embora narrativamente impressionante, ainda é mais do mesmo em sua jogabilidade, o que pode afastar muitos jogadores.
E mesmo quem for novato na franquia Voice of Cards, talvez, não consiga gostar do título, já que para o bem e para o mal, ele é uma das coisas mais únicas disponíveis atualmente nesse universo de videogames. É uma recomendação complicada, mas quem sabe o game não merece uma chance em uma promoção, não?