No fim de janeiro tivemos a estreia do terceiro episódio de The Last of Us, Long Long Time. O capítulo deixou de focar no protagonismo de Joel e Ellie e nos mostrou a construção e vida do casal Bill e Frank. Embora tenha muita qualidade, ele também despertou dúvidas do motivo de ser vital para a série. Confira abaixo uma visão sobre as razões pelas quais Long Long Time Ago foi um excelente e necessário episódio:
Mais de Bill e Frank
Long Long Time nos dá a oportunidade de conhecer mais de Bill, um dos personagens mais importantes do game. No original, Bill era um homem ranzinza e paranoico, e na série conhecemos um pouco mais disso: ele é um teórico da conspiração acreditando em invenções como a “Nova Ordem Mundial”. Bill é um prepper, um sujeito sobrevivencialista que se preparou para emergências e catástrofes mundiais. A série também mostra como ele criou seu mundo particular e cuidou dele durante anos.
Após isso tivemos a chegada de Frank, encontrado já morto no jogo. Não é fácil desenvolver um romance em apenas um episódio ou capítulo. É por isso, talvez, que no game a relação entre os dois tenha sido muito mais tangenciada do que de fato abordada. É de se pensar que os roteiristas da série provavelmente tiveram que escolher: ou dedicavam um episódio a reproduzir fielmente o que vimos no game ou apresentavam algo novo, mas que não fugisse tanto do que já existia.
A escolha foi a segunda opção, o que se apresentou em um episódio intimista e tocante. Muitos sentiram falta da interação de Ellie e Bill, é verdade. Deve ter sido difícil remover isto da série. Mas o que foi apresentado, em uma lista de prós e contras, foi superior e fez justiça ao relacionamento entre Bill e Frank.
Houve cumplicidade, parceria e respeito. O game nos mostrou apenas Frank morto, a série trouxe Bill e Frank juntos em mais de uma década. Importa também o fato de que a morte de ambos não foi violenta. Foi pacífica e, ainda assim, um soco no estômago para todos. O que podemos fazer quando nos despedimos de quem amamos? É desolador para qualquer um, sem dúvida.
Para quem queria apenas ação, esbarrou no fato de que The Last of Us (assim como outras séries do gênero) é sobre as relações humanas e em como os laços persistem e se mantêm mesmo após uma catástrofe global.
Vale lembrar que o jogo apresentou Bill, Ellie e Joel enfrentando um Baiacu/Verme. Como estamos no terceiro episódio e já foram mostrados três tipos de zumbis, é provável que tenha sido uma jogada inteligente guardar o Baiacu mais pra frente e colocá-lo em uma cena na qual ele se encaixe melhor.
A mudança de mentalidade em Joel e os suprimentos de Bill
Há ainda o final no qual um roteiro extremamente amarrado mostra que Joel começou a aceitar o seu “fardo” (e futuramente dádiva): cuidar de Ellie. Não é só por acreditar na imunidade da garota, é por perceber na carta de despedida do Bill que ele tem um trabalho a fazer e que deve proteger. Joel não pôde proteger Sarah. Não pôde proteger Tess. Com Ellie, isso não vai se repetir. E é essa a noção que começa a surgir na cabeça do personagem no fim do episódio.
E para quem acreditou que o acúmulo de recursos feito por Bill não influenciou em nada a trama, a série levou Joel e Ellie ao mesmo objetivo que eles procuravam no game a esta altura: obter um carro. Não só isso, foi possível também obter suprimentos que ajudaram a dupla.
Respostas em The Last of Us
Outra coisa que foi muito bem-vinda em Long Long Time é a existência de respostas que não surgiram no game. De início, tivemos a revelação do que causou o apocalipse: os fungos que estavam em lotes de farinha importada foram ingeridos e causaram a infecção em humanos. Joel, Tommy e Sarah não se infectaram por não comerem bolo ou biscoitos no fatídico dia em que tudo começou. Outra grande questão era há quanto tempo Tess estava com Joel e, pelo que vimos no episódio, a parceria durou muitos anos antes da morte da contrabandista. Mais uma questão abordada foi as músicas em código, item presente desde o primeiro episódio. Foi revelado que a forma de comunicação havia sido criada por Frank em uma conversa com Tess.
Em resumo, Long Long Time é um excelente episódio não só por apresentar um relacionamento sincero e emocionante, mas também por aprofundar a relação de Joel e Ellie e encaminhá-los a uma parceria que continuará sendo testada no avançar da série. É um excelente acerto da HBO e dos roteiristas.