Faz alguns bons anos que os fãs clamam pelo retorno da franquia Onimusha e a Capcom sempre me manteve silenciosa. O último lançamento principal da saga, Onimusha: Dawn of Dreams, foi lançado 17 anos atrás. Um fato curioso é que o título original da franquia foi o primeiro jogo a ultrapassar a marca de 1 milhão de unidades vendidas no PS2 e fez um sucesso estrondoso na época.
Os anos se passaram e, praticamente de surpresa, a Capcom apareceu com um presente para os fãs. Um anime de 8 episódios construído em parceria com a Netflix. Produzido pelo estúdio Sublimation (o mesmo responsável pelo anime de Dragon’s Dogma) e dirigido por Shin’ya Sugai, a história do anime é protagonizada pelo personagem Musashi Miyamoto, um espadachim que era tratado como personagem secundário no universo dos games. Um fato curioso é que Musashi é dublado por Akio Otsuka, que deu voz à Nobunaga Oda nos games. Em suma, é quase uma volta para casa para o ator!
Na trama, Musashi é contratado para dar fim, de maneira sigilosa, em um grande problema do daimiô. Iemon, antes um espadachim de confiança do daimiô, se rebelou, gerando problemas para o governante local. É diante desse contexto que somos introduzidos ao protagonista e seu bando, que eram irmãos de guerra de Iemon. O plot segue o caminho tradicional de uma história como essa, contudo, as motivações de Iemon poderiam ser melhor trabalhadas, assim como o personagem como um todo. Sua construção se esbarra muito nos clichês e não convence.
Felizmente, o mesmo não pode ser dito sobre os outros personagens. Ao longo dos 8 episódios, todos os membros do grupo são bem desenvolvidos e passamos a nos conectar com cada um deles. Os destaques são Kaizen, o monge que permanece inabalável em sua fé, Sahei, o médico e Sayo, uma garota astuta que foi forçada à sobreviver em um ambiente hostil. Musashi, com seu jeito canastrão, serve como alívio cômico do grupo.
A lore do jogo é profundamente respeitada e temos diversas conexões que seguem à risca o que vimos nos games, principalmente as histórias envolvendo Musashi e, claro, a Manopla Oni. A Manopla rende cenas fantásticas que preenchem a cota de fan service da trama. Por serem apenas 8 episódios onde boa parte apresenta apenas 20 minutos de duração, algumas coisas ficaram apressadas.
Não existe nenhuma introdução sobre o Clã Oni e os Genma, logo, viajantes de primeira viagem vão ficar um pouco perdidos na ambientação e lore. Felizmente, a obra deixa bastante espaço para que spin-offs ou novas temporadas preencham essas lacunas! O estúdio Sublimation fez um trabalho impecável na trilha sonora, que ora reforça o aspecto épico dos combates, ora reforça o pavor causado pelos Genma com sons agudos. Os visuais também estão belíssimos, garantindo uma boa imersão no Japão Feudal retratado pelo anime. O combate está visceral e brutal, com uma enorme presença de sangue e muitas cenas de desmembramentos.
No fim, fica um gostinho de quero mais. O anime cumpre perfeitamente o seu papel de transportar a IP para um novo formato de mídia e deixa evidente o quanto Onimusha poderia ser aproveitado em todos os espaços de mídia. É um mundo e lore bons demais para serem mantidos na geladeira.
Capcom, estamos prontos e querendo!
O anime de Onimusha prova o quanto a IP tem potencial, entregando bons personagens e cenas de ação memoráveis!