Em 2021, o estúdio Ryu Ga Gotoku(RGG) lançou Yakuza Like a Dragon(LAD), jogo que àquela altura era uma sequência direta do Yakuza 6: Song of Life. Junto a isso, veio uma mudança de estilo de gameplay, um novo protagonista e novos personagens, novas cidades, novas sidequests e atividades e etc.
Para surpresa de alguns e alegria de outros, o jogo foi um grande sucesso de crítica e entre a maior parte dos seus fãs. Por que estou citando isso? O motivo é simples. Nesse novo capítulo, Like a Dragon: Infinite Wealth, o estúdio aprimorou os conceitos criados para o Like a Dragon, assim como expandiu e entregou algo a altura dos melhores jogos da franquia. Vou destrinchar como foi a minha experiência com esse que sem dúvida é o primeiro grande lançamento de 2024.
Antes de qualquer coisa, uma breve sinopse. Após os acontecimentos de Yakuza Like a Dragon, Ichiban e seus amigos vivem suas vidas, até que eventos inesperados o colocam na paradisíaca ilha de Honolulu, no Havaí. E nesse lugar, Ichiban se encontra com Kiryu, o lendário protagonista da franquia, que após uma breve aparição no jogo principal anterior (e no spin off Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name, lançado em novembro de 2023), está no Havaí em uma missão. A partir disso, é que o jogo se desenvolve. Dizer mais é algo que pode implicar em spoilers, então pararei por aqui.
História
Com a sinopse escrita anteriormente, e sabendo como os jogos da franquia Yakuza tem inúmeras reviravoltas e cliffhangers, espere uma narrativa com todo o esmero e qualidade que o estudio RGG sabe fazer, mesmo que em certos momentos possa ocorrer coisas óbvias. A qualidade do texto e das performances dos atores são ótimas e transmitem o que o estúdio pretende mostrar ao jogador nas inúmeras horas de cutscenes presentes na jogatina (eu acredito que facilmente tem mais de 15h ao todo).
Além disso, como em qualquer jogo do RGG, existem várias sidequests com histórias tão intrigantes como diversas. Mais a frente exemplificarei algumas pois elas se enquadram na variedade de gameplay e atividades que Infinite Wealth oferece.
Um pequeno adendo aqui: tem um determinado momento da história que é recompensadora pro jogador, mais ou menos na metade do jogo. Não citarei o que é por spoilers obviamente, mas quando você passar por isso, entenderá o que quero dizer.
Dito isso, Infinite Wealth não apresenta a melhor narrativa da franquia (Yakuza 0, Kiwami 2, e Judgment e Lost Judgment ainda estão em um nível acima), mas o game apresenta uma narrativa ótima e que deve agradar até os fãs mais ferrenhos da franquia.
Gameplay
Se tem algo que o estudio RGG sabe entregar nos jogos da franquia Yakuza, são ótimos gameplays com várias possibilidades do jogador se divertir e nunca se sentir enjoado. Vou detalhar o que encontramos em Infinite Wealth.
A primeira coisa que merece ser dita é a seguinte: se você gostou do LAD, vai amar o Infinite Wealth, porque tudo que tem no Like a Dragon, foi melhorado e expandido aqui. Pra começar no combate, que mais uma vez é um combate por turnos que foi introduzido no jogo anterior. Em Like a Dragon, quando o jogador iria executar uma ação, o raio ao qual você poderia fazer esse ataque/movimento era muito pequeno, o que as vezes incomodava.
Em Infinite Wealth, o RGG fez uma importante alteração nessa mecânica que além de ser possível se movimentar no cenário melhor, existe um bônus de dano que quanto mais próximo ao seu alvo você estiver, maior será o dano, podendo até garantir dano crítico. Só essa mudança já melhora o combate que veio do anterior, deixando mais dinâmico. Além disso, esse raio de ação aumenta com os níveis, o que é uma forma de impulsionar o jogador a querer evoluir e ficar mais forte.
Outro ponto importante do combate são as ações em equipe, que para serem desbloqueadas com cada personagem jogável(com exceção dos protagonistas), é necessário aumentar os seus laços com cada um deles. Na minha jogatina, eu não consegui completar o nível máximo de cada um que é nível 100, mas fiz o necessário pra sentir que estava forte.
Por exemplo, no nível 10 dessas amizades, o golpe em equipe é liberado; no 20, o personagem desbloqueia uma ação automática toda vez que um inimigo está caído, para dar um dano extra (coisa que me salvou inúmeras vezes durante a campanha); no 30, libera-se um ataque com os inimigos em pé, quando um personagem está próximo a outro jogável, que causa um dano em área; e nos níveis acima, fortalece-se esses ataques. Ou seja, o jogo estimula o jogador a desenvolver essas amizades para fortaleces essas vantagens em combate, o que é muito válido e bom para um jogo desse tipo.
Saindo um pouco do combate e indo pra outros pontos do gameplay. Existem várias atividades novas que são introduzidas na ilha de Honolulu, que é onde a maior parte do jogo se desenrola. Dentre essas atividades estão: entrega maluca; um mini game que é praticamente algo como Pokemon, chamado aqui de Sujimon(quem diria né!); o mini game da Ilha Dondoko que detalharei mais a frente; um mini game de tirar fotos de pessoas taradas(!) dentro de um bondinho; e vários que retornam como o karaokê.
Além disso, em certo momento do inicio da campanha, o jogo disponibiliza um método de locomoção com um patinete automático que facilita muito o deslocamento entre os pontos dos objetivos, haja vista que a cidade de Honolulu é o maior mapa da franquia Yakuza até hoje; só existe um porém aqui, que é a bateria desse patinete, e o jogador sempre precisará recarrega-la, e isso é pago durante todo o tempo (no meu caso, em nenhum momento fiquei sem dinheiro para isso – os valores são bem administráveis).
É difícil falar de tudo de atividades que o jogo disponibiliza, pois é possível que eu tenha deixado algo passar, mas tudo isso ajuda a explicar o tempo de jogo que o estudio RGG havia informado anteriormente. Eu terminei o jogo com 76(!) horas segundo o sistema do PS App, e no save do jogo, consta 62 horas, o que me faz acreditar que o save não contabiliza o tempo de cutscenes que eu citei anteriormente. Então, o que você pode esperar de gameplay em Infinite Wealth é uma infinidade de coisas que mesmo após você terminar a campanha principal, ficara tentado a voltar e completar o que não terminou naturalmente.
Ilha Dondoko
A Ilha Dondoko é um mini game que é liberado no Capitulo 6 que deve ser citado de forma separada. É praticamente um outro jogo dentro do jogo. Sem duvidas as inspirações vem de Animal Crossing, algo que o próprio diretor Hiroyuki Sakamoto disse. Nesse mini game, temos uma ilha para administrar, em que a mesma foi um grande resort e que após uma uma série de desastres e problemas, a deixou impossível de ser habitada novamente. Dessa forma, Ichiban resolve ajudar o dono da ilha e seus amigos a revitalizar essa ilha. Algumas atividades aqui são a expulsão de invasores, reciclagem de lixo e recursos naturais para construção de móveis, instalações e por ai vai. Durante minha campanha, eu fiz somente o primeiro objetivo, que era tornar a ilha 1 estrela, permitindo começar a buscar hospedes e o inicio do desenvolvimento dela. O objetivo desse mini game é deixar a ilha 5 estrelas para ser a referencia do Havai turisticamente.
Acredito que a duração completa desse mini game deve ser umas 10h, o que aumenta substancialmente o tempo de gameplay. Investir tempo aqui pode gerar dinheiro que você conseguirá usar durante a campanha em equipamentos, itens de cura e etc.
Efeitos Sonoros
Tradicionalmente, os jogos da franquia Yakuza tem boas trilhas sonoras e aqui não é diferente, apesar de nada especial. Os efeitos são muito bem produzidos e no geral, a parte de som não é algo que mereça ser criticada, apesar de achar que poderia ter algo mais marcante.
Performance e Desempenho Gráfico
Eu joguei em um PS4 e o jogo estava a 1080p com 30 FPS. No geral, rodou de forma fluida, com nenhum bug detectado (o que me surpreendeu). Contudo, ao visitar lugares mais povoados e com mais elementos em tela (a praia por exemplo), ocorria drops visíveis de FPS, não a ponto de atrapalhar a jogatina, mas notável a olho nu, algo que é totalmente compreensível devido ao hardware do PS4.
Já na parte gráfica, eu não senti uma evolução ante ao jogo anterior, o Like a Dragon, nem ao spin-off do Gaiden. O jogo roda numa versão da Dragon Engine do estudio RGG, e recentemente em entrevistas, o pessoal do estudio deixou a entender que podem mudar essa engine em jogos futuros, provavelmente visando deixar os jogos mais leves nos próximos anos.
Assim como no Yakuza: Like a Dragon, Infinite Wealth possui localização em PT-BR nos textos do game. Esse esforço da Sega BR em aproximar o jogador do seu produto através do idioma é fundamental pra popularizar ainda mais a franquia Yakuza/Like a Dragon do jogador brasileiro. Por ser um jogo longo e com muito texto, essa decisão merece ser destacada e elogiada.
Veredito
Like a Dragon: Infinite Wealth é um excelente jogo, com conteúdo suficiente pra horas e horas de jogatina, estimulando o jogador a explorar as possibilidades, e claro, acompanhado de uma trama dramática e com personagens extremamente carismáticos e bem apresentados. Se você é fã da franquia, pode ir sem medo que valerá cada minuto que você estiver disposto a colocar aqui. Se você não conhece a franquia, acho válido pelo menos testar o Yakuza: Like a Dragon, pois o loop de gameplay vem dele, sendo aqui aprimorado.
- História
- Performance e Gráficos
- Gameplay
- Trilha Sonora