O cinema e as plataformas de streaming de 2025 já mostraram que este é um ano cheio de grandes lançamentos. Desde produções nacionais emocionantes até blockbusters que quebraram recordes, o público teve diversas opções para curtir. Além disso, filmes premiados em festivais chamaram atenção e provaram que qualidade também conta.
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Para facilitar, reunimos os 25 filmes mais assistidos do ano em ordem alfabética. Enquanto alguns ainda serão lançados, é bom se programar para não perder. Por outro lado, outros já estão disponíveis e podem ser assistidos agora mesmo. Dessa forma, você consegue acompanhar todas as tendências e, assim, não fica de fora dos maiores sucessos de 2025.
Vivo ou Morto: Um Mistério Knives Out
Vivo ou Morto: Um Mistério Knives Out confirma mais uma vez o talento de Rian Johnson como diretor e roteirista. Além disso, a franquia continua divertida e cheia de charme, combinando mistério com humor inteligente. Enquanto referências pop aparecem ao longo do filme, a piada com Scooby-Doo garante boas risadas, enquanto questões atuais enriquecem os personagens que cercam a trama.
Por outro lado, cada detalhe parece cuidadosamente planejado, como se cada filme de Benoit Blanc fosse uma obra artesanal. Embora manter a qualidade até o terceiro capítulo de uma franquia não seja tarefa fácil, Johnson, junto de Daniel Craig e Josh O’Connor, entrega um mistério envolvente e bem construído. Dessa forma, o público se mantém imerso na narrativa do começo ao fim.
Valor Sentimental
Valor Sentimental acompanha Nora (Renate Reinsve) em uma jornada de autoconhecimento, diferente das vezes em que seus papéis eram formas de se esconder. A abertura do filme mostra um exercício que ela escreveu na escola, imaginando-se como um objeto inanimado e transformando a casa da família em personagem. No desfecho, já adulta, Nora revisita essas palavras, mas as rejeita, enquanto a câmera revela uma rachadura na parede símbolo das marcas que permanecem em seu interior.
O filme de Joachim Trier também revela que essas feridas não são apenas de Nora. Seus pais, avó e antepassados lidaram com depressão, perdas e perseguições dentro da mesma casa, refletindo-se na arte familiar. Enquanto Nora tenta escapar de si mesma nos personagens que interpreta, seu pai, o cineasta Gustav Borg (Stellan Skarsgård), transforma experiências pessoais em obras há anos, mostrando diferentes formas de lidar com a vida e a arte.
Se Eu Tivesse Pernas, Eu te Chutaria
Se Eu Tivesse Pernas, Eu Te Chutaria não é um filme para quem busca leveza, mas a intensidade da obra tem um propósito claro. No seu segundo longa, Mary Bronstein que em Yeast já havia trabalhado com uma jovem Greta Gerwig traça um retrato duro do isolamento e da instabilidade da maternidade, mostrando como pressões sociais geram ansiedades profundas e medos que mal podem ser expressos.
O filme mostra ainda que, mesmo quando se tenta escapar dessas tensões, a liberdade é limitada. Olhares de desaprovação, gestos de distanciamento e críticas constantes prolongam o isolamento, reforçando a sensação de vulnerabilidade.
Uma Batalha Após a Outra
ma Batalha Após a Outra é impossível de ignorar. Críticos atentos concordam: o épico intenso, engraçado e ambicioso de Paul Thomas Anderson marca seu primeiro filme contemporâneo desde Embrigados de Amor, em 2002, trazendo o mesmo talento visto em Sangue Negro e O Mestre.
Enquanto naquela comédia romântica Anderson explorava profundamente os atores para criar momentos atemporais, neste filme ele apresenta algo urgente e pulsante. Cada cena reflete o presente de forma poderosa, como um registro vivo do agora. O resultado é uma obra capaz de impactar o público e, possivelmente, de definir tendências para o cinema deste século, consolidando Anderson como um dos cineastas mais inventivos e relevantes de sua geração.
O Último Azul
Uma marca constante na obra de Gabriel Mascaro é a criação de distopias que refletem criticamente o mundo ao nosso redor. Em filmes anteriores, elementos fantásticos funcionavam como metáforas da realidade, mas Mascaro nunca se afastou da verdade crua: o coronelismo de Boi Neon, a hipocrisia religiosa em Divino Amor.
Em O Último Azul, o cineasta revisita personagens e situações que revelam um Brasil pouco mostrado no cinema mainstream. Com isso, sua evolução narrativa se torna evidente, resultando em uma obra que transmite maturidade e profundidade. Este filme destaca-se como uma das produções mais refinadas de Mascaro, oferecendo ao público uma experiência que combina sensibilidade, crítica social e um olhar aguçado sobre as complexidades do país.
Sonhos de Trem
Sonhos de Trem se destaca não apenas pela narração calorosa e cheia de sabedoria de Will Patton, mas também pela qualidade literária que o diretor Clint Bentley imprime à obra. Cada corte funciona como uma página virada, capturando a passagem do tempo, das estações e das vidas que se desenrolam na tela.
O foco está em Robert Grainier, interpretado por Joel Edgerton, cuja atuação revela todas as facetas e emoções do personagem em cada gesto e olhar. O filme acompanha seus 80 anos, do final do século 19 até a era das corridas espaciais, criando um recorte perfeito para explorar tanto as transformações humanas quanto as mudanças na natureza, sejam elas orgânicas ou provocadas pelo homem. Sonhos de Trem é, assim, uma narrativa sensível que combina história, reflexão e um olhar profundo sobre a vida e o tempo.
Superman (2025)
As melhores interpretações do Superman capturam a essência do personagem. O que o torna fascinante não são suas habilidades sobre-humanas ele é mais forte que uma locomotiva e mais rápido que uma bala, mas seu desejo profundo de não estar sozinho. Diferente de um bilionário genial em combater crimes, Clark Kent se conecta com nossas emoções e vulnerabilidades.
Na versão de James Gunn, essa humanidade se destaca. Mesmo imperfeito, Superman combina ação e fantasia com elementos clássicos dos gibis da DC, mostrando que seus poderes não afastam sua empatia. Esse equilíbrio entre força, emoção e aventura estabelece um novo marco para o cinema de heróis, transformando o herói icônico em um personagem moderno que se aproxima do público e reinventa a narrativa dos filmes de super-heróis.
Sorry, Baby
Sorry, Baby é, antes de tudo, uma história sobre a vida de uma mulher e sua experiência única no mundo. Agnes (Eva Victor, também diretora e roteirista) enfrenta a solidão após sua melhor amiga se mudar para Nova York. Ao mesmo tempo, desenvolve uma amizade com benefícios com o vizinho Gavin (Lucas Hedges), encontra alegria em ensinar, cria laços com uma gatinha e lida com uma experiência dolorosa que ninguém deveria enfrentar.
O roteiro, estruturado em quatro capítulos correspondentes a anos diferentes e apresentado fora da ordem cronológica, já desafia suas expectativas. Apesar de eventos traumáticos marcarem sua vida como o episódio com Decker (Louis Cancelmi), Agnes nunca é reduzida a seus traumas. Victor constrói um retrato sensível de uma mulher complexa, mostrando sua força, vulnerabilidade e capacidade de seguir adiante sem transformar sua dor em simples sintomas.
Predators
Predators combina imagens de arquivo, bastidores e entrevistas de forma impressionante, oferecendo respostas sobre o impacto de programas como To Catch a Predator. No entanto, é o vazio deixado por essas respostas que dá força ao documentário de David Osit.
O programa, mesmo após vários episódios e imitadores, não conseguiu prevenir abusos ou auxiliar na reabilitação dos envolvidos. Predators questiona, então, qual era seu verdadeiro propósito. Por meio de análises psicológicas e depoimentos de ex-atores e policiais, o filme sugere que o foco estava na humilhação pública, e não na justiça. Ao destacar esse aspecto, Osit cria um documentário provocador, que força o público a refletir sobre ética, responsabilidade e os limites do entretenimento baseado em sofrimento alheio.
Predador: Assassino dos Assassinos
Predador: Assassino dos Assassinos é empolgante, divertido e cheio de cenas de ação que deixam qualquer fã do gênero na ponta do sofá. O filme mostra que o icônico personagem criado por Jim e John Thomas na década de 1980 ainda tem muito a oferecer. Dan Trachtenberg entende melhor do que qualquer sucessor do filme original que é essencial se importar com a parte humana da história.
É justamente essa conexão com os personagens que aumenta a tensão e o impacto das cenas de ação, quando a força brutal do Predador se manifesta de forma impressionante. Predador: Assassino dos Assassinos acerta ao equilibrar momentos de emoção com adrenalina, garantindo tanto a diversão quanto o envolvimento emocional do público, mantendo viva a relevância de um clássico do cinema de ação e ficção científica.
Pecadores
Ryan Coogler retorna com Pecadores usando o entretenimento como porta de entrada para histórias profundas, e traz de volta Michael B. Jordan.
O filme é um drama histórico intenso e bem pesquisado, que explora o blues como “a música do diabo”, conforme rotulado pela alta sociedade estadunidense no início do século XX. Pecadores mostra como o gênero evoluiu, conectando suas origens à mitologia e às tradições das religiões de matriz africana praticadas pelos descendentes de escravizados. Coogler constrói uma narrativa rica, que combina contexto histórico, cultura e emoção, oferecendo ao público uma experiência envolvente e educativa sobre a música e a herança cultural que moldou o blues.
Oeste Outra Vez
Oeste Outra Vez dedica tempo para mostrar os espaços onde seus protagonistas vivem sozinhos, revelando detalhes que contam histórias silenciosas. O design de produção, assinado por Carol Tanajura veterana de filmes como Longe do Paraíso e A Cidade do Futuro, contribui para essa narrativa visual.
Nas casas de Totó (Ângelo Antônio), Durval (Babu Santana), Jerominho (Rodger Rogério) e Ermitão (Antonio Pitanga), a negligência se manifesta em pias cheias de louça, fogões quebrados e lixo acumulado. Esses desajustes estereotipicamente masculinos ajudam a construir a visão do filme sobre a masculinidade: homens que não aprenderam a cuidar de si mesmos, do ambiente ou das pessoas ao redor. Oeste Outra Vez transforma esses pequenos detalhes em uma reflexão sensível e direta sobre hábitos, solidão e responsabilidade pessoal.
A Meia Irmã-Feia
O filme norueguês A Meia Irmã-Feia, dirigido por Emilie Blichfeldt, lembra por vezes A Substância, de Coralie Fargeat. No entanto, foi concebido e filmado antes do sucesso do longa francês.
Trata-se de um body horror que explora o calvário social imposto ao corpo feminino. Blichfeldt vai além do choque, combinando humor sutil para envolver e provocar o público. Com menos de duas horas, o filme apresenta uma releitura de Cinderela sob o olhar de uma das “irmãs feias”. A diretora revela ideias sofisticadas sobre a beleza e como ela pode aprisionar a mente feminina em um ciclo de autodestruição.
Mais do que um filme de impacto, A Meia Irmã-Feia se destaca por sua reflexão sensível e inteligente sobre estética, autoestima e expectativas sociais.
A Hora do Mal
A Hora do Mal foca mais em criar confusão e desconforto do que em sustos fáceis. O horror do filme surge ao mostrar desequilíbrios morais e, talvez, espirituais dentro de lares que parecem tranquilos à primeira vista.
Zach Cregger aplica um toque lynchiano, sem recorrer ao surrealismo extremo, para explorar temas atuais como desconfiança e individualismo na classe média ocidental do século 21. Câmeras de segurança estão por toda parte, adultos buscam culpados, policiais têm o dedo no gatilho e a comunidade parece prestes a explodir. O resultado é um suspense tenso e inteligente, que prende o espectador ao mesmo tempo que reflete sobre a fragilidade das relações humanas e a tensão social moderna.
Hamnet
Hamnet transforma os ecos da obra de Shakespeare em uma narrativa concreta. O filme não recorre a metáforas fáceis sobre o talento do autor nem reproduz trechos de sua vida.
Sob a direção de Chloé Zhao, com atuações marcantes de Jessie Buckley e Paul Mescal, o longa se destaca pelo poder das palavras e dos sentimentos. A universalidade da dor e o medo da finitude tornam a história de Agnes e sua família profundamente impactante.
Hamnet explora a eterna busca pelo sentido da vida e evoca a reflexão clássica do “Ser ou não ser”. O público recebe uma experiência visual e emocional intensa, que combina sensibilidade, humanidade e poesia cinematográfica.
Guerreiras do K-Pop
Apesar de recordes e números impressionantes, Guerreiras do K-Pop se destaca como um filme de qualidade rara. A animação recebeu comparações com Frozen, e a comparação faz sentido: assim como o sucesso da Disney, o longa acerta na narrativa e na execução visual.
A história acompanha uma princesa que não se sente confortável em seu corpo nem em seu ambiente. Ela aprende a se libertar, compreender seus poderes e encontrar força no amor da irmã, não em um príncipe encantado. O enredo ressoa com o público contemporâneo, refletindo independência, autoaceitação e empoderamento feminino, tornando Guerreiras do K-Pop relevante e cativante para todas as idades.
Foi Apenas um Acidente
O filme de Jafar Panahi não é uma comédia tradicional, mas usa o humor desconfortável das escolhas e discussões arriscadas dos personagens, como a decisão dos noivos de enfrentar tudo já vestidos para o casamento, como fio condutor da narrativa. Cada risada vem acompanhada de reflexão, conectando o público aos dilemas dos protagonistas.
Esses momentos mostram não apenas o absurdo da situação, mas também a disposição de pessoas injustiçadas a cometer atos extremos em busca de justiça ou para exorcizar seus próprios demônios. Foi Apenas um Acidente questiona o limite entre vingança e misericórdia, mostrando que, em um mundo de tortura e morte, equilibrar justiça e humanidade é um desafio complexo e provocador.
F1 – O Filme
F1 – O Filme pode ser visto como três histórias em uma. Primeiro, temos a narrativa clássica do herói Brad Pitt que retorna desacreditado por todos. Depois, surge a versão ficcional de um reality show dentro da Fórmula 1. Por fim, o filme se transforma em uma aventura de ação ao estilo do cinema americano tradicional, combinando os dois elementos com a intensidade de Top Gun: Maverick. A diferença é que a velocidade e os desafios da Fórmula 1 amplificam a sensação de perigo e impacto.
Esse terceiro aspecto é, sem dúvida, o ponto mais forte do longa. Joseph Kosinski consolida seu novo estilo de cinema de ação, unindo efeitos práticos e computação gráfica de forma impecável. Som e imagem trabalham juntos para criar uma experiência cinematográfica única, impossível de ser reproduzida em qualquer outra mídia, tornando F1 – O Filme uma experiência visual e sensorial memorável.
Extermínio: A Evolução
Extermínio: A Evolução evita metáforas fáceis sobre o presente. Embora uma infecção remeta à pandemia de covid-19 e a separação do Reino Unido evoque o Brexit, Danny Boyle cria um contraste que revela, de forma poderosa, o caos e o ruído da vida moderna, sem precisar literalizar os eventos.
O filme transmite a sensação constante de perigo ao redor, reforçada pela escolha de um pré-adolescente como protagonista. Desenvolvida por Boyle e Alex Garland, a história funciona como um conto sobre a perda da inocência, mostrando que até os mais jovens estão expostos às ameaças do mundo contemporâneo. Extermínio: A Evolução combina suspense, crítica social e tensão contínua, oferecendo uma experiência intensa e reflexiva sobre vulnerabilidade e sobrevivência.
Dreams (Sex Love)
Dreams – parte da trilogia composta por Dag Johan Haugerud com Sex e Love – mistura estudo da perda da inocência, narrativa de amadurecimento e reflexão sobre o poder da arte para nos conectar com os outros e conosco. No centro do filme, o desejo funciona como combustível: ele pode partir corações, despertar criatividade e levar a decisões impulsivas.
Ainda assim, o aspecto mais marcante do longa é a forma honesta como analisa o que acontece quando o desejo passa. Quem nos tornamos depois que o sonho acaba? Dreams provoca reflexões sobre identidade, emoções e limites, oferecendo uma experiência sensível e profunda, que explora as nuances da vida, do amor e das escolhas humanas.
Corra Que a Polícia Vem Aí
Enquanto os filmes originais satirizavam a política da época, com George Bush e a Guerra do Golfo, o novo Corra Que a Polícia Vem Aí foca em bilionários, Big Techs e na ineficiência das instituições americanas. O esquadrão de Drebin é antiquado. Muitas piadas exploram essa defasagem, a violência policial e o jeito leviano com que os agentes vestem seus distintivos.
A escolha de Liam Neeson é brilhante. Conhecido por interpretar homens com habilidades extraordinárias, ele se torna um policial desastrado, mas mantém o semblante sério de “eu vou te achar e eu vou te matar”. Esse contraste cria humor eficaz e contribui para uma comédia de ação inteligente, que mistura sátira social, humor físico e críticas afiadas à modernidade.
Coração de Lutador: The Smashing Machine
Coração de Lutador: The Smashing Machine não se apoia em grandes combates ao estilo Rocky vs. Apollo. O filme se destaca nos momentos mais íntimos, como quando Kerr apoia seu treinador lidando com dores futuras ou questiona um funcionário do parque sobre um brinquedo que o deixa enjoado. A autenticidade de Dwayne Johnson ao abraçar essas cenas é o que dá força à narrativa.
O longa prova, de forma merecida e respeitosa, a capacidade de Johnson de interpretar um papel sério. Ao final, o público não sai apenas vendo The Rock em ação, mas conhecendo Mark Kerr, o ex-lutador, e entendendo a complexidade e humanidade de sua história. Coração de Lutador é, assim, uma celebração da dedicação, superação e do lado humano do esporte.
Cloud – Núvem de Vingança
Nenhuma experiência é totalmente individual, mas algumas se tornam coletivas. É o que aprende o jovem Ryosuke Yoshii (Masaki Suda) ao abandonar seu emprego numa fábrica em Tóquio. Ele passa a se dedicar integralmente ao comércio online, revendendo produtos do atacado, de bolsas finas a bonecos colecionáveis, com preços inflacionados. Embora arriscada, a atividade leva Cloud – Nuvem de Vingança a transitar do suspense psicológico à ação intensa, quase sem que Yoshii perceba.
O diretor Kiyoshi Kurosawa aborda temas do capitalismo tardio, criando uma trama de perseguição que lembra filmes como O Menu e séries como The White Lotus. Em vez de discursos moralizantes, Cloud segue o ponto de vista de Yoshii. O longa explora os efeitos da alienação, da ambição e da pressão social, resultando em uma narrativa tensa, envolvente e reflexiva sobre a vida moderna.
Bolero, A Melodia Eterna
Logo no início de Bolero A Melodia Eterna, o maestro Maurice Ravel (Raphaël Personnaz) interrompe um ensaio para alertar os músicos: “A valsa exige precisão extrema. O ritmo deve ser mantido a todo custo”. Seguindo essa filosofia, a diretora Anne Fontaine constrói um filme de rigor absoluto, focado na vida do compositor e na criação de sua obra-prima.
A Melodia Eterna combina encenações econômicas com longos silêncios, valorizando cada nota da música de Ravel. O estoicismo do protagonista transmite emoções profundas, muitas vezes contidas ou não verbalizadas. Assim, a cinebiografia explora com sensibilidade a genialidade, o esforço e a intensidade da vida artística de um dos maiores compositores franceses.
O Agente Secreto
Espionagem é, em essência, a arte do apagamento. O agente perde seu nome, esconde seu passado e camufla suas intenções, movendo-se por territórios desconhecidos sem deixar rastros.
Kleber Mendonça Filho explora esse universo em O Agente Secreto. O filme é misterioso, grandioso e melancólico, mostrando como pessoas e lugares no Brasil são apagados ou esquecidos. A obra dialoga com Ainda Estou Aqui e Retratos Fantasmas, filmes anteriores do diretor. Wagner Moura entrega uma atuação poderosa, dando vida a um protagonista complexo e envolvente. O resultado é uma reflexão sensível sobre memória, identidade e as sombras do poder.
