O ano de 2025 está se encerrando e chegamos ao já tradicional apanhado geral de como a plataforma Xbox se portou aos olhos de um fã da marca.
Preparamos este artigo analisando os principais feitos, sejam eles positivos ou negativos, e como isso deve impactar o futuro da divisão de jogos da Microsoft.
Pela primeira vez na história, tenho a sensação de que o saldo do ano foi mais negativo do que positivo, mesmo com a empresa atendendo expectativas criadas em eras anteriores. Ainda assim, vamos começar pelos pontos positivos, que espero que se mantenham em 2026.
Obs: Este texto tem caráter de opinião pessoal. Sinta-se à vontade para discordar e, se necessário, debater nos comentários.
Acertos do Xbox em 2025
A line-up do Xbox Game Pass foi recheada em todos os meses
Se antes a Microsoft era constantemente cobrada por não conseguir entregar uma consistência em títulos proprietários, neste ano a empresa lançou jogos de seus estúdios em intervalos muito curtos de tempo.
No primeiro semestre, tivemos títulos como Avowed, South of Midnight e DOOM: The Dark Ages, além do lançamento surpresa de The Elder Scrolls IV Oblivion Remastered.
Já no segundo semestre, a constância se manteve e, mesmo com jogos que não são propriamente desenvolvidos pela Microsoft, como Ninja Gaiden 4, a empresa assinou o título como parte da Xbox Game Studios.
Somado a isso, os jogadores de Xbox puderam desfrutar de jogos third party de grande destaque ao longo do ano, como Blue Prince, Clair Obscur Expedition 33 e Hollow Knight Silksong.
Clair Obscur conseguiu se destacar a ponto de vencer o prêmio de Jogo do Ano no The Game Awards 2025, enquanto Silksong se tornou o indie mais hypado da história, com um lançamento que derrubou diversas lojas digitais.
Ter jogos desse porte disponíveis no catálogo mostrou a força do serviço e como o Xbox Game Pass foi avassalador ao longo de todo o ano.
ROG Xbox Ally e a expansão do Play Anywhere
Rumores indicavam há bastante tempo que a Microsoft planejava lançar um Xbox portátil. Apesar de não ser um portátil proprietário da marca, como muitos fãs imaginavam, a parceria com a Asus para criar um “computador portátil” voltado para jogos, usando o ROG Ally como base, mostrou-se um acerto.
Digo isso porque, com essa parceria, foi possível alcançar mercados que provavelmente seriam deixados de lado pela Microsoft. Como a Asus possui operações oficiais em diversos países, o lançamento aconteceu em regiões como o Brasil, que hoje conta tanto com o ROG Xbox Ally quanto com o ROG Xbox Ally X disponíveis nas varejistas online.
Além disso, a Microsoft vem deixando claro que a próxima geração de consoles Xbox será algo mais próxima do PC. Nesse contexto, investir em um Windows customizado para games, que será evoluído ao longo do tempo, pode resultar em um sistema operacional mais maduro no futuro.
O ano de 2025 também foi marcado pelo maior investimento já feito no programa Xbox Play Anywhere, recurso que permite jogar com uma única cópia no console Xbox e no PC, além de compartilhar saves, conquistas e outros progressos.
Claramente, a empresa está preparando o terreno para a próxima geração, o que pode ser extremamente positivo, já que a unificação em um único ecossistema tende a beneficiar diretamente os jogadores.
Microsoft Rewards está premiando mais do que nunca
Com a reformulação do Game Pass e o aumento de preço, que abordaremos no tópico abaixo, a Microsoft decidiu compensar os usuários ao melhorar o programa Rewards, oferecendo muito mais pontos para os jogadores que se dedicam a cumprir as missões disponíveis.
Nunca foi tão fácil acumular pontos e trocá-los por saldo na plataforma escolhida. Atualmente, um assinante do plano Game Pass Ultimate consegue resgatar entre R$ 60 e R$ 90 por mês sem muito esforço, além de receber um cashback considerável em pontos por todas as compras realizadas na Xbox Store.
Na prática, para quem se dispõe a completar as atividades, o aprimoramento do Rewards ajuda a suavizar o valor da assinatura e ainda estimula novas compras dentro da loja, tornando-se um dos principais atrativos da plataforma atualmente.
Erros do Xbox em 2025
O aumento absurdo do Game Pass
Por muito tempo, a comunidade Xbox releveu decisões que desagradavam uma parcela significativa do público, como a falta de jogos exclusivos no console Xbox e o aumento de preço do Xbox Series S, sustentada pelo bom custo-benefício da plataforma, especialmente por conta do Game Pass.
É inegável que o serviço da Microsoft era, de forma disparada, o melhor da indústria, pois alinhava um custo relativamente baixo para os consumidores, entregava jogos relevantes e oferecia lançamentos proprietários no day one.
No entanto, no início de outubro, a empresa decidiu reformular completamente o serviço, alegando que passaria a oferecer mais benefícios aos assinantes, como a inclusão do Clube Fortnite. O problema é que essa mudança veio acompanhada de um salto agressivo no preço do plano Ultimate, que passou de R$ 60 para R$ 120 no Brasil, representando um aumento de 100%.
Além disso, os níveis inferiores perderam o acesso a lançamentos no day one, com os jogos chegando ao catálogo apenas após, no mínimo, um ano de seu lançamento, com exceção de Call of Duty, que não possui um prazo definido para inclusão.
No momento atual, parte dos jogadores ainda não percebeu o quão impactante foi essa decisão, já que muitos ainda possuem tempo de assinatura acumulado, que pode durar até o próximo ano. Além disso, ainda é possível encontrar gift cards das assinaturas sendo vendidos pelo valor antigo nas varejistas nacionais.
No entanto, em 2026 é possível que ocorra uma grande debandada de assinantes. Mesmo em um cenário no qual um grande lançamento custa cerca de R$ 350, ao colocar tudo na ponta do lápis, poucos jogadores conseguem aproveitar vários jogos em um único mês. Uma parcela considerável do público leva semanas ou até meses para finalizar apenas um título.
Com uma assinatura recorrente custando R$ 120, pode sair mais barato comprar o jogo e tê-lo permanentemente na biblioteca, jogando sem pressa, do que depender de um catálogo rotativo.
Isso fica ainda mais evidente em jogos menores. Hollow Knight Silksong, por exemplo, foi lançado por R$ 60 e, em menos de um mês, já estava em promoção por cerca de R$ 50. Nesse cenário, a assinatura sequer se justifica, fazendo com que o custo-benefício do serviço praticamente deixe de existir.
A ausência de estoque do Xbox Series X|S
Já faz alguns anos que comento sobre a ausência de estoque do Xbox Series X no Brasil, período em que era possível encontrar apenas o Xbox Series S.
No entanto, ao longo de 2025, ambos os produtos foram praticamente extintos do nosso território. Quando a versão Series S ainda aparece à venda, costuma estar com valores que não compensam frente aos concorrentes diretos, como o PlayStation 5 Slim.
Para piorar a situação, tudo indica que a Microsoft desistiu, na prática, de vender consoles em escala global. Em diversos países, as vendas já foram interrompidas, conforme confirmado por varejistas locais.
Mesmo em mercados considerados prioritários, como Estados Unidos e Europa, jogadores relatam com frequência nas redes sociais da marca que não conseguem encontrar consoles disponíveis para compra.
Na Black Friday, diferentemente dos anos anteriores, a Microsoft optou por não realizar nenhuma ação comercial relevante para atrair o público, enquanto a concorrência aplicou descontos agressivos.
O resultado foi evidente: segundo estimativas do VGChartz, o PlayStation 5 vendeu cerca de 17 vezes mais do que o Xbox Series X|S no período.

Historicamente, o PlayStation sempre vendeu mais do que o Xbox, muitas vezes com uma diferença de duas ou até três vezes. No entanto, um abismo de 17 vezes evidencia o descaso da marca e a falta de interesse em impulsionar as vendas do próprio hardware.
Some-se a isso o investimento constante em campanhas de marketing que parecem desestimular a compra dos consoles, ao focar excessivamente em PC e nuvem, muitas vezes ironizando ou debochando dos fãs mais tradicionais, como aqueles que ainda valorizam a mídia física e acabam retratados como antiquados pela própria Microsoft.
O descaso com o Brasil
Como mencionado, já faz alguns anos que praticamente não existem consoles Xbox em nosso território. Some-se a isso o fim da comercialização das mídias físicas no início da atual geração. Por muito tempo, esse cenário foi considerado justificável por o Brasil ser um dos maiores mercados consumidores de jogos em nuvem.
No entanto, entra aqui mais um exemplo do descaso da Microsoft com o país. Após a reformulação do Game Pass, o xCloud recebeu melhorias na qualidade de imagem, com aumento do bitrate e suporte à resolução 1440p durante o streaming. Essas melhorias não chegaram ao Brasil e sequer possuem uma data prevista.

A Microsoft sempre foi uma das pioneiras na localização de seus jogos em português do Brasil, oferecendo dublagem e legendas para atrair o público local. Halo 3 dublado foi um grande marco para o país e mostrava como a empresa se preocupava em estar inserida no nosso mercado.
Contudo, nos últimos anos, esse investimento vem sendo reduzido gradualmente. Muitos não perceberam, mas jogos originais da Xbox Game Studios passaram a chegar apenas com legendas. Em alguns casos, como Grounded e Wasteland 3, a legenda em português foi adicionada apenas após o lançamento inicial.
A exceção sempre foram as franquias proprietárias que historicamente receberam localização completa, como Forza, Halo e Gears, além de outros jogos pertencentes à Microsoft, mas operados por publicadoras diferentes, como a Bethesda com Deathloop e a Activision com Call of Duty.
Halo: Campaign Evolved foi anunciado nas últimas semanas e já teve confirmado que não contará com dublagem. Essa é a primeira vez que um título da tríade Halo, Gears e Forza deixa de receber localização nos últimos dez anos.

O mais impressionante é que praticamente ninguém se surpreendeu, já que a Microsoft atualmente esnoba o mercado brasileiro.
A opção de enviar jogos como presente foi removida sem maiores explicações, gerando teorias da conspiração. Para piorar, a empresa, especialmente neste final de ano, está promovendo ações incentivando o uso de uma função indisponível no Brasil. Lógica? Nenhuma.
O Xbox constantemente realiza pesquisas perguntando quais opções de pagamento os usuários do programa beta gostariam de ter, mas mesmo com sugestões como PIX e parcelamento no cartão, não há qualquer indício de que essas implementações estejam a caminho.
O ROG Xbox Ally só está sendo vendido oficialmente por aqui porque a Asus possui operação no Brasil e foi responsável por trazer o produto ao país.
Agora, ao imaginar o cenário da próxima geração de Xbox, que possivelmente será um PC premium, surge a pergunta: alguém realmente acredita que ele será comercializado oficialmente no Brasil, considerando o claro relaxamento da Microsoft em relação à sua presença nacional? Hoje, isso é algo difícil até de imaginar.
O cancelamento de jogos “prontos”
Quando a The Initiative foi fundada em 2018, surgiu com a promessa de reunir um verdadeiro time dos sonhos, composto por grandes nomes da indústria, para produzir jogos AAA para o Xbox.
Por muito tempo, essa promessa foi sustentada, especialmente após o anúncio do retorno de Perfect Dark, apresentado como um projeto altamente promissor. Everwild, uma nova IP da Rare, também chamava atenção por prometer uma experiência artística e fora dos padrões convencionais. Já Contraband parecia, no mínimo, um jogo cooperativo interessante.
O que todos esses projetos têm em comum é o fato de terem aparecido em eventos oficiais do Xbox, indicando avanços em seus desenvolvimentos. Perfect Dark, inclusive, recebeu uma gameplay robusta durante o Xbox Showcase de 2024, reforçando a ideia de que o projeto estava em estágio avançado.
E o que aconteceu com eles? Foram cancelados sem maiores explicações, e seus desenvolvedores acabaram sendo demitidos.
Falando em demissões, a cada novo balanço trimestral, mesmo com a empresa registrando lucros, qualquer flutuação na divisão de games parece resultar sempre na mesma solução: cortes de pessoal e fechamento de estúdios.
É compreensível que não seja normal um estúdio passar uma década desenvolvendo um jogo sem entregar resultados concretos. Também é fato que, após as aquisições da Bethesda e da Activision Blizzard, a divisão de games da Microsoft ficou inchada, muitas vezes com cargos redundantes.
O que não dá para normalizar, no entanto, é a prática de apresentar jogos ao público, mostrar que eles estão em estágios avançados de desenvolvimento e, posteriormente, simplesmente cancelá-los sem oferecer explicações claras.
O que esperar do Xbox para 2026?
Em 2026, a marca Xbox completará 25 anos de existência. A Microsoft promete, como de costume, que o próximo ano será excepcional para a divisão de games, especialmente com os lançamentos de Halo: Campaign Evolved, Gears of War E-Day e Forza Horizon 6.
A plataforma deve continuar recebendo muitos jogos ao longo do ano, como aconteceu durante todo o período de 2025. Na prática, porém, quem tende a se beneficiar desse volume de lançamentos são os jogadores de PlayStation, PC e possivelmente Nintendo Switch. O motivo é simples.
Todos os jogos da Microsoft agora são multiplataforma e, em um cenário no qual o Xbox Game Pass deixou de valer a pena, quem tiver interesse nesses títulos precisará comprá-los. No PC, os preços costumam ser mais baixos. No PlayStation, existe a opção de parcelamento nativo. No Switch, a portabilidade se torna um diferencial.
E o jogador de Xbox? Aqueles que ainda possuem assinatura acumulada poderão aproveitar os jogos enquanto ela estiver ativa. No entanto, em um cenário em que a assinatura se encerre e a renovação não seja uma opção, investir na plataforma se tornou sinônimo de incerteza.
Sem a venda consistente de consoles, que diminui a cada dia, não há novos jogadores entrando na comunidade. Embora nada seja oficial, a Microsoft dá sinais de que o próximo Xbox será um PC.
Caso isso se confirme, surge uma dúvida importante: se for um PC, ele não rodará nativamente jogos de Xbox. A empresa recorrerá a algum tipo de emulação? Existem rumores nesse sentido, mas, como o próprio nome indica, são apenas rumores.
Atualmente, a Microsoft sequer se movimenta para realizar ações básicas de engajamento, como retrospectivas anuais, algo comum em todas as outras plataformas. A impressão é de que não há interesse em cativar ou fortalecer sua própria comunidade.
Sem novos jogadores, não há comunidade. E sem comunidade, não há fãs. O Xbox conseguirá atravessar mais uma geração? Essa é uma grande incógnita, e tudo indica que não, já que a marca parece cada vez menor dentro da indústria.
Qual o seu balanço para o ano de 2025 do Xbox? Concorda do que foi apresentado no texto? Fala para gente nos comentários!
