Ana Moser, atual Ministra do Esporte do Brasil, concedeu uma entrevista ao Uol e fez afirmações extremamente preocupantes para os jogadores e que podem ser facilmente consideradas arcaicas. Nas palavras de Ana, eSports não pode ser considerado um esporte. Ela chegou a falar, com um certo orgulho, de que esteve envolvida no projeto que “fechou a definição de esportes” para impedir que investimentos sejam direcionados aos esportes eletrônicos.
“Ao meu ver, o esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento, o propósito dele é se divertir,”, sorrindo, Ana ainda usou Ivete Sangalo para fornecer um exemplo completamente sem nexo e descabido. De acordo com ela, a cantora também treina para fazer suas performances e nem por isso ela pode ser considerada uma “atleta da música”, diminuindo os esforços que os atletas dos esportes eletrônicos fazem diariamente para performar em alto nível.
Afinal, eSports pode ser considerado um esporte?
A origem etimólogica da palavra diz que sim. A palavra esporte vem do francês deportarse. Combinando o -de, que indica o ato de se afastar, com -portare, que denota a atitude de carregar algo, munido da associação com portus. Em suma, deportarse significa se afastar dos problemas e se distrair. Então sim, a etimologia da palavra sustenta de que eSports podem facilmente ser enquadrados como esportes convencionais. Esperava-se que uma ex-atleta tivesse um conhecimento maior sobre a atividade que a colocou onde se encontra hoje. Pra quem não sabe, Ana Moser é considerada uma das maiores atletas da história do voleibol feminino.
Não é difícil entender o motivo de tantas pessoas não conseguirem enquadrar eSports como esportes convencionais. Elas continuam presas à visão grega do esporte, onde a atividade física era imperativa. Essa visão é defasada e já está mudando nos principais países do mundo. Eis algumas estatísticas divulgadas pelo Newzoo:
- Audiência dos eSports:
– 2019: 197 milhões
– 2020: 215.4 milhões
– 2021: 229.6 milhões
– Projeção de 2024: 285.7 milhões - Receita gerada pelos eSports:
– 2019: U$957 milhões
– 2020: U$947 milhões
– 2021: U$1.08 bilhões
– Projeção de 2024: U$1.6 bilhões
Por mero capricho de um governo com visão arcaica, o Brasil não vai investir em um setor com projeção de crescimento de 11% em 2024. Felizmente, o setor privado e alguns municipios brasileiros pensam de maneira oposta, investindo no segmento e trazendo grandes campeonatos para o Brasil. O CBLOL e o IEL Rio Major são dois grandes exemplos disso!
Aproveitando a deixa, segue a lista de países que consideram eSports como esporte:
- Estados Unidos
- Finlândia
- Alemanha
- Coréia do Sul
- China
- África do Sul
- Nepal
- Rússia
- Itália
- Dinamarca
- Ucrânia
- Tailândia
A ministra Ana Moser deve saber de algo a mais do que países com uma forte tradição olímpica. Até uma federação internacional de esportes eletrônicos já foi criada, a IESF. Atualmente, organizações de mais de 130 nações diferentes fazem parte da federação (incluindo o Brasil!!!)