Hoje, dia 9, teve início a pré-venda global do Nintendo Switch 2 ao redor do mundo, com exceção de alguns países, como Estados Unidos, Canadá e Brasil.
Se você ainda não sabe o motivo de o nosso país ter ficado de fora da lista inicial, nossa equipe preparou este artigo explicando o cenário conturbado que a Nintendo está enfrentando em pleno anúncio do seu novo console.
No dia 2 de abril, o presidente Donald Trump impôs tarifas sobre uma série de países, afetando todos os produtos importados para os Estados Unidos.
Poucos dias depois, a Nintendo anunciou a suspensão da pré-venda do console nos Estados Unidos e no Canadá.
A empresa afirmou que irá “avaliar o possível impacto das tarifas e das condições de mercado em evolução”. Ou seja, o preço inicial previsto de US$ 449,99 poderá ser alterado após essa análise.
As medidas adotadas por Trump pegaram diversas empresas de surpresa, deixando a Nintendo sem uma direção definida.
Por enquanto, a única informação confirmada pela empresa é que a data de lançamento, prevista para o dia 5 de junho, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, permanece inalterada.
Dito isso, vamos tentar entender o processo logístico de fabricação dos produtos da Nintendo, as variáveis envolvidas no lançamento do Switch 2 e o que pode acontecer a curto e médio prazo com o console.
Onde o Nintendo Switch é fabricado?
Embora a Nintendo seja uma empresa japonesa, grande parte da produção de seus produtos ocorre em países como China, Camboja e Vietnã. O motivo? Mão de obra mais barata e menores taxas.

Os Estados Unidos e a China, no entanto, já vivem uma espécie de guerra comercial há alguns anos. Temendo que os americanos aplicassem tarifas sobre produtos chineses, a Nintendo transferiu boa parte da produção de seus consoles para fábricas no Vietnã, em 2019.
O problema é que o governo Trump impôs uma tarifa de 104% sobre produtos importados da China, enquanto as importações vindas do Vietnã estão sendo tarifadas em 46%.
Ou seja, atualmente, não há como a Nintendo enviar produtos para os EUA sem ser impactada pela nova taxação. E, assim como acontece nos Estados Unidos, os consoles vendidos no Brasil chegam via importação e também estão sujeitos à tributação nacional.
Por quanto tempo as tarifas vão vigorar?
Ainda não se sabe. Tudo depende da evolução da política comercial dos EUA e das negociações com os países afetados. O governo Trump é conhecido por tomar decisões de forma bastante volátil. As tarifas podem ser temporárias ou não.

Em uma ligação com o governo americano, o Vietnã já demonstrou estar disposto a reduzir as tarifas a zero, caso Donald Trump também aceite zerar as tarifas impostas ao país.
Mas, por hora, não houve qualquer definição e as tarifas americanas seguem em vigor.
Quais são as alternativas da Nintendo?
Essa certamente é uma das principais discussões em curso nos bastidores da empresa.
Uma possível solução seria enviar os consoles do Vietnã para o Reino Unido e, de lá, para os Estados Unidos. Por quê? Porque a tarifa imposta por Trump sobre produtos importados do Reino Unido é de 10%, o que poderia representar uma economia significativa.
O problema é que essa estratégia pode não ser viável. Utilizar o Reino Unido como intermediário geraria custos extras com transporte e taxas alfandegárias britânicas, o que poderia acabar tornando o processo ainda mais caro do que importar diretamente do Vietnã.
Outra alternativa, que a Apple está considerando, é montar seus produtos diretamente em países menos afetados pelas tarifas de importação, como o próprio Brasil.
A Nintendo, por sua vez, poderia transferir a produção de seus produtos para a Zona Franca de Manaus, aproveitando os incentivos fiscais oferecidos pelo governo brasileiro e viabilizando a distribuição para todo o continente americano.

Essa seria uma alternativa mais viável, mas exigiria tempo para estruturar toda a logística de fabricação, ultrapassando com folga os dois meses que restam até o lançamento oficial do Switch 2.
De qualquer forma, analistas preveem que, caso a Nintendo não encontre uma solução viável a tempo, o preço do Switch 2 pode subir dos US$ 449,99 iniciais para pelo menos US$ 630 nos EUA, já que a Nintendo deve repassar os novos custos aos consumidores.
E como fica a situação da Nintendo no Brasil?
A Nintendo do Brasil é administrada por um escritório localizado no México, dentro da divisão Nintendo of America. E por que essa informação é importante?
Porque a Nintendo of America, como o próprio nome indica, gerencia toda a operação no continente americano, incluindo estoque e distribuição.

Analistas estimam que a Nintendo venderá entre 6 e 8 milhões de unidades do Switch 2 no primeiro dia de lançamento mundial. Antecipando essa alta demanda, a empresa já havia reservado estoques dentro dos Estados Unidos.
Esses estoques não serão afetados pelas novas tarifas, já que estão em território americano, e podem ser suficientes para atender à demanda inicial.
O problema, no entanto, surge no médio prazo. Se a alíquota da tarifa não for reduzida e a Nintendo of America for obrigada a aumentar o preço do Switch 2 nos Estados Unidos, é muito provável que o valor do console suba também em todo o continente americano. E por quê?
Porque a demanda nos Estados Unidos é muito maior do que nos demais países da região. Afinal, trata-se do maior mercado consumidor de games do mundo.
Em uma situação em que o Switch 2 custe 650 dólares nos Estados Unidos, mas continue sendo vendido por 450 dólares no Canadá, no México e no Brasil, há um risco considerável de consumidores americanos começarem a importar o console de outros países.
Isso poderia gerar escassez nesses mercados e prejudicar as vendas domésticas nos Estados Unidos, que ficariam com consoles encalhados nas prateleiras.
Para evitar esse cenário, é possível que a Nintendo of America adote um preço unificado mais alto para todo o continente.
Afinal, qual será o preço do Nintendo Switch 2 no Brasil?
Essa é uma pergunta que, atualmente, não tem resposta. E quem estiver afirmando o contrário está mentindo.
As tarifas impostas por Donald Trump entraram em vigor no último sábado (5) e, pelo menos por enquanto, ele não dá indícios de que irá recuar.
A Nintendo precisa resolver todos esses impasses em aproximadamente dois meses e, até o momento, a única confirmação oficial é de que o lançamento está mantido para o dia 5 de junho em todo o mundo.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Doug Bowser, presidente da Nintendo of America, disse que o mercado brasileiro deve ser menos atingido pelas novas tarifas do Trump.
“Quanto ao nosso negócio na América Latina e no Brasil, com base nas decisões de ontem [dia 2], esses serão menos impactados e esperamos que continue assim”.
Doug Bowser, presidente da Nintendo of America

Com tantas indefinições, o máximo que podemos fazer atualmente é especular o preço com base nos valores praticados pela Nintendo no Brasil e na cotação do dólar.
Atualmente, a Nintendo utiliza uma conversão aproximada de R$ 5,80 por dólar no Brasil. Por exemplo:
• Jogos de US$ 60 são vendidos por R$ 349
• Jogos de US$ 70 saem por R$ 399

O Nintendo Switch OLED custa, nos EUA, US$ 349. Na conversão direta (5,80), o valor seria de R$ 2.024, mas aqui é vendido oficialmente por R$ 2.699.
Seguindo essa lógica, o Switch 2, que custará US$ 449, sairia por R$ 2.604 na conversão direta. No entanto, é provável que, considerando o fator “lançamento”, o valor do Nintendo Switch 2 praticado no Brasil fique em torno de R$ 3.499.
Existe, porém, uma tradição que não pode ser ignorada: produtos de lançamento geralmente têm seus preços em dólar multiplicados por 10 no mercado brasileiro.
Isso aconteceu, por exemplo, com o PlayStation 5 com leitor, que chegou custando US$ 499 nos EUA e R$ 4.999 no Brasil.
Portanto, se a Nintendo quisesse realmente surpreender o mercado com um preço agressivo, poderia lançar o Switch 2 por um valor próximo ao do PlayStation 5 Digital, flutuando na faixa de R$ 3.500.

Mas, sendo realistas e torcendo para que não ocorra um aumento generalizado de preços em todo o continente americano, o mais provável é que o Nintendo Switch 2 chegue ao Brasil custando algo em torno dos já esperados R$ 4.499.
Por fim, caso não haja um recuo do governo americano ou os países afetados pelas novas tarifas não consigam chegar a um acordo, a tendência é que todos os eletrônicos, e não apenas os consoles de videogame, tenham seus preços elevados de forma exponencial.
Ou seja, a melhor hora para adquirir o item desejado pode ser agora, enquanto ainda há estoque com os preços antigos.
Caso você esteja em busca de todas as informações sobre o lançamento e o início da pré-venda do Nintendo Switch 2 no Brasil, não deixe de conferir nossos grupos dedicados às compras antecipadas.
Quanto ao futuro, só resta fazer como a própria Nintendo: aguardar os desdobramentos da economia global.