Ontem (21), a Microsoft revelou os países que receberão os novos modelos de Xbox Series X|S no futuro, com o Brasil ficando de fora da lista.
A decisão assustou os fãs da marca no país, mas só surpreendeu aqueles que não acompanham os movimentos da empresa nos últimos anos.
Neste artigo, vamos tentar entender o que vem acontecendo com o Xbox no Brasil e explorar o possível futuro da marca em terras tupiniquins.
2013 – Onde tudo começou
Em 2013, o Xbox vivia seu auge: estava pareado em vendas de consoles com seu principal concorrente, o PlayStation, e a oitava geração de consoles estava prestes a ser lançada.
No Brasil, a marca estava consolidada como uma das gigantes dos videogames, com seus jogos proprietários sendo 100% localizados em português do Brasil, como exemplificado por Halo 4 e Forza Horizon, ambos lançados um ano antes, em 2012.
Em outubro de 2013, a Microsoft anunciou que o Xbox One seria fabricado no Brasil, e, pela primeira vez na história, o lançamento do console aconteceria simultaneamente com o lançamento mundial.
De fato, isso ocorreu, e, por possuir fabricação nacional, o Xbox One tinha um preço sugerido de R$ 2.199, bem abaixo do seu concorrente direto, o PlayStation 4, que foi lançado por R$ 4.000.
Os três grandes títulos de lançamento: Dead Rising 3, Forza 5, e Ryse, também estavam localizados para o público brasileiro, com dublagem e legendas.
A geração do Xbox One
A geração do Xbox One foi um período conturbado para a marca. Decisões empresariais confusas, cancelamento de jogos em desenvolvimento, e um grande foco em títulos menores, como Sea of Thieves e State of Decay 2, marcaram a era. No entanto, a Microsoft eventualmente conseguiu organizar as coisas e lançar grandes títulos AAA, como Gears e Forza.
Curiosamente, durante esse período, os jogos menores perderam suas dublagens em português, e alguns até foram lançados sem legendas, como Grounded e Wasteland, que posteriormente receberam atualizações para incluir o idioma. No entanto, os jogos AAA continuaram seguindo o padrão estabelecido pela empresa há anos, com localização completa.
No campo dos acessórios, a presença forte da marca no Brasil garantiu a chegada de produtos como o kit Play and Charge e o controle Elite ao país.
Além disso, em termos de suporte, o Xbox oferecia um dos melhores serviços pós-venda que o Brasil já viu, disponibilizando o conserto de produtos por um valor simbólico e oferecendo garantia global, independentemente da região onde o produto foi comprado.
2020 – Lançamento do Xbox Series X|S e os problemas seguintes
Após toda a turbulência da oitava geração, 2020 parecia ser o ano em que a Microsoft deixaria o passado para trás e se concentraria no lançamento da nova geração, com o Xbox Series X|S prestes a chegar ao mercado.
O lançamento estava marcado para o dia 10 de novembro de 2020, e a pré-venda mundial começou em 22 de setembro de 2020. No entanto, o Brasil foi inicialmente deixado de fora dessa lista, o que causou preocupação entre os fãs da marca no país.
Pouco tempo depois, a divisão Xbox Brasil conseguiu realizar a pré-venda nacional, e o Xbox Series X|S foi lançado simultaneamente com o resto do mundo. Esse atraso na inclusão do Brasil na pré-venda foi o primeiro grande sinal de que algo estava errado com a divisão nacional.
Naquele período, o mundo enfrentava a pandemia de COVID-19, o que obrigou não só a Microsoft, mas todas as empresas globais, a reajustarem suas estratégias.
Eventos presenciais como a Brasil Game Show (BGS) e a Comic Con Experience (CCXP) foram cancelados ou adiados indefinidamente, e a escassez de produtos se tornou uma realidade devido a problemas na cadeia de suprimentos.
Em 2022, o controle Elite Series 2 foi lançado nos EUA, e a Microsoft confirmou oficialmente que o acessório não chegaria ao Brasil. Houve certa insatisfação por parte dos fãs, já que seriam obrigados a importar o produto de forma não oficial.
No entanto, como se tratava de um item de nicho, a repercussão não foi tão grande quanto poderia ter sido. Esse episódio, no entanto, foi mais um indicativo das dificuldades que a marca enfrentava no Brasil.
2023 – O fim das mídias físicas no Brasil
Em fevereiro de 2023, a Microsoft surpreendeu os usuários brasileiros ao anunciar que deixaria de comercializar mídias físicas de seus jogos no país. Inicialmente, muitos pensaram que se tratava de um movimento global, mas logo ficou claro que a decisão era restrita ao Brasil.
A empresa confirmou que continuaria vendendo mídias físicas em outras regiões, como Estados Unidos e Europa, evidenciando que a mudança era uma medida local.
Nesse período, a pandemia já estava se tornando um assunto do passado, e as empresas começavam a normalizar os estoques de seus produtos.
Enquanto Sony e Nintendo conseguiam comercializar seus consoles normalmente no Brasil, o Xbox enfrentava uma “eterna falta de estoque.”
Em dezembro do mesmo ano, a Microsoft reajustou o preço do Xbox Series S, seu console voltado para o custo-benefício, em quase mil reais, ficando com o preço sugerido de R$3.599.
A medida foi um “golpe” para quem desejava adquirir o console, pois, com o alto valor, ele perdeu seu objetivo inicial. Como justificativa, a Xbox alegou que o custo para empreender no Brasil é elevado e não estava sendo vantajoso para a empresa.
Curiosamente, no mesmo período, a Nintendo retornou ao Brasil e a PlayStation abriu uma nova fábrica, expandindo sua operação nacional.
Os consoles e acessórios do Xbox começaram a desaparecer das prateleiras das lojas varejistas, forçando os consumidores que desejavam adquirir produtos da Microsoft a recorrer ao “mercado cinza” para realizar suas compras.
Além da Amazon, as revendedoras oficiais da Microsoft incluem: Lojas Americanas, Casas Bahia, Extra, Magazine Luiza, Ponto Frio, Shoptime, Submarino, Bemol, Lojas Colombo, Havan, Ibyte, Info Store, Kabum, Miranda e Nagem.
Em nenhuma dessas lojas o console Xbox está sendo vendido há meses, apenas por meio de vendedores do marketplace.
Diversos problemas podem surgir ao comprar no mercado cinza:
- O cabo de fonte não será no padrão ABNT, o que obrigará o uso de um adaptador ou a compra separada de um cabo no padrão nacional.
- A ausência de nota fiscal não garante a garantia legal do produto. Falando em garantia, além de deixar de ser global, diversos relatos sobre a piora no atendimento da empresa surgem diariamente.
- Não há um padrão de preço, ficando o valor à mercê do estipulado pelos revendedores.
O estado atual do Xbox
Como mencionamos no início do texto, os novos consoles Xbox não chegarão oficialmente ao Brasil. Atualmente, não há consoles da Microsoft no varejo brasileiro e não há expectativas de reabastecimento.
Enquanto suas concorrentes têm representação em todos os lugares que envolvem games, como lojas e eventos, o Xbox perdeu seu espaço.
O Xbox Series X, no mercado cinza, tem um preço médio de R$3.700, enquanto o PS5 nas grandes varejistas custa em média R$3.400, com a possibilidade de cashback, parcelamento sem juros e garantia oficial. Cada vez menos vemos consoles Xbox nas mãos do público.
A Microsoft garantiu que continuará a localizar seus jogos para nosso idioma. Sob sua tutela, o Xbox possui um enorme conglomerado de estúdios.
Infelizmente, a empresa não faz um esforço para padronizar os idiomas, deixando a cargo dos estúdios a escolha de quais jogos serão dublados em português.
Por exemplo:
- A desenvolvedora Bethesda nunca dublou seus jogos (como Fallout e The Elder Scrolls), e Starfield, seu último lançamento, também não veio dublado. A empresa localizou o jogo até para japonês e ignorou o português do Brasil.
- Enquanto a Tango Gameworks, Arkane e Id Software, já dublavam seus jogos antes de serem adquiridas pela Microsoft, e assim seguem trabalhando.
Durante a participação de Phil Spencer na CCXP no final do último ano, ele mencionou que o Brasil é o segundo maior consumidor de jogos na nuvem, com grande uso do xCloud nas TVs da Samsung.
Além do grande uso dos jogos na nuvem, Spencer também afirmou que o Brasil é o segundo país com o maior número de assinantes do PC Game Pass.
O futuro da marca no país
O Xbox claramente não faz mais questão de vender consoles no Brasil.
Com altos custos para manter toda a operação nacional, é mais simples para a empresa não vender hardware físico e deixar que quem quiser consumir a marca utilize outros meios, como o xCloud e o PC Game Pass.
Devido à dificuldade de adquirir os produtos físicos do Xbox, fica difícil recomendá-los para qualquer pessoa no Brasil.
Enquanto isso, a PlayStation continua a atrair o consumidor médio a cada dia, e a Nintendo consegue agradar a todos os públicos com sua proposta de jogos para a família e consoles portáteis.
Resta apenas a esperança dos fãs de que haja mudanças nas diretrizes do Xbox e que a empresa volte a olhar para o Brasil com o carinho de tempos anteriores.
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