O PS5 Pro é, de forma indiscutível, o assunto da semana. O novo console da Sony tem como público-alvo os entusiastas de tecnologia que buscam as melhores versões dos jogos nos consoles. Mas, como está a situação da Microsoft e seu Xbox no mercado?
No início da atual geração, a Microsoft lançou dois consoles: o Series S, custando 299 dólares, com um hardware modesto, voltado para quem busca custo-benefício, e o Series X, o console mais poderoso da história, com a empresa ostentando seus 12 teraflops e o slogan ‘Power Your Dreams.’
A ideia de lançar dois consoles com públicos-alvo diferentes parecia genial, porém, não demorou muito para os problemas começarem a aparecer.
A Paridade entre os Xbox Series X|S
A Microsoft definiu uma paridade entre os consoles, exigindo que todos os recursos disponíveis no modelo mais forte também estivessem no mais fraco. Isso acabou limitando o desenvolvimento dos seus próprios estúdios, afinal, pegaria mal para a imagem da plataforma se ela mesma lançasse versões com discrepâncias de qualidade.
Publicamente, a Microsoft nunca admitiu, mas diversos desenvolvedores da indústria já mencionaram que o “calcanhar de Aquiles” do Series S é sua memória RAM, que não teve ganhos reais em comparação à geração passada.
A própria empresa chegou a lançar uma atualização que liberava um pouco mais de memória para desenvolvimento, mas na prática, isso não teve grande efeito.
Halo Infinite e Forza Motorsport tiveram seus modos split screen cancelados, recursos que exigem mais memória para serem executados.
Redfall e Starfield foram lançados a apenas 30 fps, enquanto hardwares mais fracos que o Series X rodavam a 60 quadros por segundo. Em uma geração que 75% dos jogadores escolhem o modo performance, isso caiu muito mal para a imagem da plataforma.
Nos multiplataformas, a situação é ainda pior, com o Xbox perdendo dois jogos que explodiram em popularidade nos últimos anos:
- Baldur’s Gate 3, onde a Larian Studios admitiu que não conseguiu rodar o modo split screen no Series S, foi adiado na plataforma por meses. O lançamento só foi possível porque a Microsoft, mesmo após enviar seus próprios desenvolvedores para tentar resolver a situação, cedeu e quebrou a paridade pela primeira vez.
- Black Myth: Wukong, onde a desenvolvedora alega problemas na otimização para a plataforma, precisando de mais tempo para se adequar ao padrão de qualidade.
Esse foi um dos diversos motivos que fizeram os Xbox Series X|S não caírem nas graças do público, com estimativas atuais de vendas apontando cinco PlayStation 5 vendidos para cada Xbox Series, segundo a firma de analistas Niko Partners.
Os novos Xbox Series X|S
Historicamente, o Xbox sempre rodou os jogos da geração melhor que o PlayStation:
- O Xbox clássico era bem mais forte que o PS2, inclusive ganhando exclusivos pelo seu poder bruto.
- O Xbox 360 era tecnicamente mais fraco que o PS3, mas devido à sua arquitetura mais simples, conseguiu rodar muitos jogos de forma mais eficiente do que o concorrente.
- O Xbox One era mais fraco que o PS4, contudo, quando o Xbox One X foi lançado, ganhou o posto de console com as melhores versões da geração passada, posição que mantém até hoje.
Possivelmente, a ideia da Microsoft era que a tradição se mantivesse e o Series X rodasse melhor que o PlayStation 5. Entretanto, na pratica isso não ocorreu, com ambos os consoles bem parelhos, e por muitas vezes o PlayStation 5 levando a melhor.
Há poucos meses, a Microsoft anunciou novas versões dos seus consoles Xbox, com variantes sem drive de disco e com o dobro de armazenamento. No entanto, essas versões não trouxeram nenhuma melhoria no poder bruto da plataforma.
Mudando apenas o SSD e as cores, o novo Series X está sendo vendido na pré-venda por 599 dólares.
PlayStation para todos os públicos
Na situação atual da geração, o PlayStation 5 está “nadando de braçada”, pois, mesmo com todos os erros por parte da Sony, atinge todos os públicos-alvo dos consoles de mesa:
- Jogador que busca custo-benefício: PlayStation 5 Slim sem leitor de disco.
- Jogador que busca uma experiência tradicional: PlayStation 5 Slim.
- Jogador que busca as melhores versões dos jogos: PlayStation 5 Pro.
A principal crítica ao PS5 Pro, com razão, é o seu preço elevado de 700 dólares. Porém, analisando o cenário onde seu concorrente vende o modelo padrão a 600 dólares, sem ganhos em hardware, a Sony se sentiu confortável para definir esse valor.
A Microsoft está encurralada
Em breve, a Sony vai abocanhar uma parcela ainda maior do mercado, já que entusiastas irão buscar o console e não há concorrentes.
Sem uma versão “Xbox Series PRO”, comparações gráficas entre o PS5 Pro e o Series X serão inevitáveis, haja vista que a Microsoft tanto ostentou poder ao longo dos anos.
E, com a nova estratégia da Microsoft de tornar seus jogos proprietários multiplataformas, como Indiana Jones and the Great Circle e DOOM: The Dark Ages, os jogos do Xbox rodarão melhor no console da concorrente, para o pesadelo dos fãs da marca.
Cercada, a Microsoft tem duas alternativas:
- Quebrar a promessa feita no início da geração, onde dizia que o Series S é o Xbox base e o Series X é a sua versão PRO.
- Antecipar o lançamento da sua próxima geração.
Se a Microsoft escolher a primeira opção, as chances de problemas maiores oriundos do Series S surgirem são altíssimas, já que as empresas precisariam desenvolver três versões diferentes para uma única plataforma, respeitando a paridade entre elas.
Se a Microsoft escolher a segunda opção, assim como aconteceu com o Xbox 360 (2005), que foi lançado um ano antes do PlayStation 3 (2006), ela vai desagradar quem comprou a linha Series há pouco tempo, acreditando que a geração duraria pelo menos 7 anos, tempo médio das gerações.
Em qualquer um dos cenários, em poucos meses a Microsoft verá sua principal concorrente ostentar o slogan de “console mais poderoso”.
Além disso, com o lançamento do GTA VI, que promete trazer o maior pico de vendas de consoles dos últimos anos.
Portanto, a possível inércia da Microsoft pode ser determinante para o futuro da plataforma.
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