Quase 20 anos após seu antecessor entregar uma das campanhas mais originais do gênero, Titan Quest 2 finalmente está entre nós, lançando em uma versão de acesso antecipado e prometendo se destacar na multidão de ARPGs atuais. Mas será que ele consegue esse feito titânico? Venha conferir em nosso review de Titan Quest 2!
Familiar, mas diferente
Action RPG, comumente abreviado como ARPG, é um gênero de jogos no qual o foco é matar inimigos, coletar loot e matar ainda mais monstros. Se você jogou ou já viu alguém jogando Diablo, sabe do que se trata — mas Titan Quest 2 não é exatamente assim.
A campanha é sempre a parte mais negligenciada nesse tipo de jogo, afinal, construir personagens do zero, testar novas builds e mecânicas de season enquanto aniquila milhares de monstros é o grande chamariz. Isso inevitavelmente afeta a qualidade da primeira jogatina, e é aí que Titan Quest tenta se diferenciar.

A história acompanha a jornada de um herói misterioso, filho de uma mulher espartana amaldiçoada por Nêmesis, uma deusa da destruição focada em erradicar a humanidade e determinada a eliminar a única pessoa capaz de absorver divindade e frustrar seus planos: o protagonista, e o porquê de sermos tão especiais é revelado bem cedo na campanha.
Apesar de uma narrativa interessante, o foco da campanha está na progressão e na exploração muito bem-feitas, com referencias a dezenas de figuras e cenários da Grécia antiga e sua mitologia, apresentando durante a jornada quests sem marcação, puzzles intrigantes e áreas com tesouros separadas do caminho principal. Surpreendi-me bastante ao descobrir vários segredos enquanto explorava o mapa, que resultavam até em boss fights totalmente opcionais.

Entretanto, o ponto mais destoante, se comparado a outros jogos do gênero, é o estilo de gameplay, que foca em um combate mais tático e baseado em combos, em vez de velocidade e abate de hordas, semelhante ao recente Path of Exile 2. Essa escolha dividiu bastante a fanbase, e, infelizmente, estou entre os que não gostaram tanto do novo jogo.
Boa base para o gameplay, mas precisa melhorar
Ainda assim, ele entrega uma boa customização de habilidades, semelhante a Last Epoch, em que uma habilidade simples, como lançar um raio do céu, pode ter diversos resultados diferentes, como se dividir ao atingir inimigos ou explodir adversários com status negativos.

O sistema de multiclasse do jogo também parece bastante profundo, claramente inspirado em Grim Dawn, onde duas classes — ou, como dito no jogo, naturezas de poder — combinam para criar algo inédito. Misturar as naturezas de terra e tempestade, por exemplo, resulta na classe elementalista, que usei durante minha jogatina. Os inimigos e bosses até agora são os esperados e, de certa forma, genéricos, mas cumprem seu papel. Um dos primeiros chefes do jogo por exemplo, tem somente 3 tipos de golpes bem telegrafados, tornando embates que deveriam ser épicos em algo muito simplório, provavelmente veremos melhorias nisso ao longo do desenvolvimento.

A quantidade de loot e sistema de equipamento compõem também o acervo de pontos fracos do jogo, com muito equipamento de raridade baixa dropando o tempo inteiro, piorado pela falta de filtro de loot, e afixos e sufixos sem nenhuma originalidade ou mecânicas inéditas, tornando a escolha de itens para seu personagem chata e simples, sendo isso talvez minha maior ressalva com o estado atual do jogo.

Visual de dar inveja aos deuses
A trilha sonora e, principalmente, os visuais foram aspectos que me surpreenderam positivamente, especialmente por se tratar de um jogo no início do acesso antecipado. Cânticos gregos agregam muito ao contexto heroico do jogo, enquanto que a qualidade da água excepcional e as texturas dos mapas resultam em uma parte técnica confortavelmente entre as melhores do gênero. O personagem principal também está bem detalhado, com armas e armaduras bonitas, assim como os inimigos e NPCs. Porém, notei uma qualidade inferior nos efeitos de muitas habilidades, mas isso certamente será ajustado até o lançamento da versão 1.0.

A performance, por outro lado, me surpreendeu muito negativamente. Uma RTX 4080 e um Ryzen 5600X se provaram mais do que suficientes para rodar ARPGs como Path of Exile, com seus 500 mobs na tela, ou o próprio Path of Exile 2, o jogo mais bonito do gênero até hoje, em alta qualidade gráfica e com boa performance.
Por isso, ver Titan Quest 2 com quedas de FPS toda vez que invoco uma tempestade ou, às vezes, até travar por alguns segundos ao usar um teleporte, me deixou bastante frustrado. De forma alguma isso torna o jogo injogável, e a desenvolvedora já informou que está focada em melhorar esse aspecto desde o alpha fechado deste ano, mas fica o alerta para quem planeja jogar agora.
Review de Titan Quest 2 – Vale a pena?
Analisando como um jogo no início de seu acesso antecipado, Titan Quest 2 não decepciona, entregando uma campanha visualmente linda e interessante de desvendar, além de uma gameplay inicialmente dinâmica e envolvente. Contudo, o endgame e o fator replay, que são decisivos nesse tipo de jogo, ainda não podem ser avaliados devido ao conteúdo limitado, e muitos ajustes no moveset dos inimigos e sistema de equipamentos precisam ser feitos.
Finalizo essa review esperançoso, imaginando como Titan Quest 2 evoluirá ate o fim do acesso antecipado, pois o potencial existe e com certeza acompanharei de perto o desenvolvimento do jogo até seu o lançamento oficial.
Pontos positivos
- Campanha muito engajante
- Visuais belissimos
- Sistema de multiclasse excelente
Pontos negativos
- Desempenho muito ruim
- Sistema de equipamento simples
- Lento se comparado a outros do gênero
- Narrativa e Lore
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Som