Esta review de Echoes of the End vai mostrar um jogo que passa grandes sucessos modernos pelo liquidificador, como God of War, Banishers: Ghosts of New Eden e até Hellblade, e ainda consegue entregar versões piores de muitos desses elementos.
A Myrkur Games, em seu jogo de estreia, mistura referências de forma óbvia e, infelizmente, nem sempre entende o que tornava aquelas inspirações tão boas. Continue lendo esta review de Echoes of the End para entender por que tantas boas ideias acabam cansando mais do que empolgando.
Obs: Fique tranquilo, esta review de Echoes of the End é livre de SPOILERS

História: uma jornada que não empolga

Echoes of the End coloca o jogador no papel de Ryn, uma jovem conhecida como Vestigial, seres raros que carregam fragmentos de um antigo poder mágico chamado de Eco. Essa energia concede habilidades sobrenaturais, mas também faz com que Vestigiais sejam temidos, usados como armas e até caçados por diferentes nações.

No início da trama, durante uma patrulha com seu irmão adotivo Cor, Ryn é forçada a lutar contra um exército rival que tenta sequestrá-lo para iniciar uma guerra. O fracasso da missão leva à captura de Cor, e esse evento serve como gatilho para toda a jornada da protagonista.

Em sua busca, Ryn encontra Abram, um mago mais velho e excêntrico que se torna seu principal aliado. Ao lado dele, Ryn descobre aos poucos que a captura de seu irmão não foi um incidente isolado, mas parte de uma conspiração que envolve diferentes reinos de Aema.

Conforme a história avança, ela passa a questionar o próprio papel dos Vestigiais na sociedade e o que realmente significa ser livre quando seu poder é visto apenas como uma ferramenta militar.
Apesar desse pano de fundo promissor, a narrativa explora raramente as nuances dessa guerra ou a complexidade dos inimigos. Os antagonistas surgem como vilões genéricos e decepcionantes, com pouco desenvolvimento.
Mesmo os momentos que deveriam carregar peso emocional acabam soando mecânicos e previsíveis, sem espaço para decisões morais ou consequências reais das ações de Ryn. É uma história que parece ter potencial épico, mas que nunca mergulha de verdade nos conflitos que ela mesma apresenta, entregando um enredo funcional, mas pouco memorável.
Um corredor extenso demais
Um problema grave é a ausência de missões secundárias. O jogo é um trilho: apenas a campanha principal, com pouquíssima exploração e colecionáveis que pouco motivam. Isso deixa tudo excessivamente linear.
Sem sidequests, sem New Game+, sem motivo real para revisitar o jogo, assim o fator replay some. Eu zerei em cerca de 16 horas; se o jogo tivesse sido enxugado em 4–6 horas ou oferecido missões paralelas, teria sido menos enfadonho.
Em comparação, jogos como Spider-Man 2 possuem 8 horas de campanha e conseguem oferecer ritmo e densidade narrativa em menos tempo. Aqui, o excesso de duração se sente como enchimento: inimigos repetitivos, combate que não diverte e uma sequência interminável de puzzles que só aceleram a fadiga.
Puzzles em excesso e ritmo quebrado

Os puzzles são um dos pontos mais controversos. Alguns são inteligentes, ligando-se bem às habilidades mágicas de Ryn; porém, a maioria é cansativa, sem propósito claro e em quantidade exagerada.

Um mérito é Abram: diferente de companheiros que ficam repetindo dicas, ele só ajuda quando solicitado, o que dá sensação de conquista. Ainda assim, bugs em puzzles e glitches que travam progressão aparecem em alguns trechos, forçando reinícios e aumentando a frustração. Em vários momentos precisei pausar e voltar mais tarde porque a sequência de enigmas já tinha me esgotado.
Combate lento e repetitivo

O combate mistura ataques leves, magias (arremessar objetos, sugar vida, explosões de mana) e execuções viscerais. A ideia é interessante, mas a execução é lenta e pouco responsiva. A árvore de habilidades é simplória; os upgrades mudam raramente a sensação de jogo.
Magias muitas vezes soam e parecem sem impacto real, e certas animações de execução apresentam bugs que quebram a imersão.

Chefes que visualmente prometem acabam sendo esponjas de dano, sem padrões interessantes. Em resumo: há variedade aparente, mas, na prática, o combate não recompensa habilidade nem estratégia de forma satisfatória.

Visual atraente, pelo menos de longe

Os cenários inspirados na Islândia ficam ótimos em capturas: florestas, vulcões, planícies e castelos nevados. No entanto, alguns ambientes parecem inacabados, com texturas faltando ou detalhes preguiçosos que denunciam limitações de budget ou experiência do estúdio.

O jogo puxa referências óbvias de God of War (viagens de barco na neve, conversas durante trajetos) e também lembra Banishers: Ghosts of New Eden no estilo gráfico. Mas essas semelhanças soam mais como imitação do que homenagem.

Trilha sonora que cumpre o básico
A trilha sonora de Echoes of the End segue um caminho seguro e pouco ousado. Durante os momentos de exploração, as músicas aparecem de forma discreta, com tons suaves e quase imperceptíveis, enquanto nos combates elas ganham um leve impulso para tentar criar tensão.
Não há faixas marcantes que fiquem na memória, nem composições que incomodem. Elas simplesmente estão ali, funcionando como pano de fundo e nada além disso.
Os efeitos sonoros seguem a mesma linha: cumprem seu papel sem chamar atenção. O som dos golpes, da magia ou da movimentação dos personagens é competente, mas não transmite peso ou impacto.
Também não chegam a ser mal feitos, o que evita que se tornem um defeito, mas é tudo muito genérico. No fim, a parte sonora do jogo existe apenas para acompanhar a ação, sem jamais se destacar.
Desempenho no PS5 base
No PlayStation 5 base, Echoes of the End sofre quedas de FPS perceptíveis quando há muitos inimigos e efeitos na tela. Não é tão desastroso quanto alguns lançamentos problemáticos do passado, mas é constante o suficiente para atrapalhar o combate e a sensação de fluidez. Esses pontos técnicos tiram parte do brilho das belas paisagens e das sequências cinematográficas.
Considerações finais
Finalizo esta review de Echoes of the End deixando claro que o jogo tem qualidades reais, como cenários belos, algumas sequências de puzzle bem pensadas e a química entre Ryn e Abram, entretanto, é prejudicado por decisões de design que insistem em alongar a campanha e saturar o jogador com enigmas repetitivos.
O combate desengonçado, a árvore de habilidades limitada e as quedas de desempenho no PS5 base aprofundam a sensação de jogo inacabado.
Ainda assim, se você gosta de vasculhar mundos, vai encontrar easter eggs divertidos (incluindo referências a obras conhecidas, como O Senhor dos Anéis) que rendem bons momentos para quem explora com calma. Porém, esses achados são pontuais e não salvam a experiência geral.
Em resumo: Echoes of the End oferece uma aventura visualmente atraente, mas cansativa e com pouca substância de gameplay. Vale a pena apenas para quem aceita um ritmo mais calmo e quer ver o potencial do estúdio; para o jogador que busca combate sólido, exploração recompensadora e narrativa bem trabalhada, a recomendação é aguardar patches e promoções.
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- Review: The Rogue Prince of Persia (PS5 Pro)
- Review: BrokenLore: Don’t Watch (PS5)
- Review – Cronos: The New Dawn
Bonito, mas não empolga
Echoes of the End oferece cenários bonitos e personagens carismáticos, mas é prejudicado por uma campanha longa e repetitiva, combate pouco satisfatório, puzzles excessivos e bugs. Vale apenas para quem busca exploração tranquila e curiosidade pelas referências do jogo.
Beleza não paga conta
- Personagens carismáticos, especialmente a química entre Ryn e Abram.
- Cenários bonitos e cinematográficos, com alguns puzzles inteligentes.
- Easter eggs e referências divertidas para quem explora.
A melhor parte é o "The End" mesmo
- Campanha longa e cansativa, com gameplay repetitiva e linear.
- ombate lento, árvore de habilidades rasa e chefes pouco desafiadores.
- Puzzles em excesso e bugs que prejudicam a progressão.
- Visual inacabado em alguns pontos e pouca motivação para replay.
- História
- Jogabilidade
- Visuais
- Desempenho
- Trilha Sonora