Ghostwire: Tokyo é o mais novo projeto da Tango Gameworks, estúdio responsável pela franquia The Evil Within. Eu tive a oportunidade de experimentar o game de maneira antecipada e trago minhas impressões do jogo neste review sem spoilers.
O que é Ghostwire: Tokyo?
Pra resumir da melhor forma possível, o jogo se trata de um conto folclórico moderno. Na história, acompanhamos Akito, um jovem que tenta resgatar sua irmã das garras de um culto obscuro que tem como líder uma figura misteriosa chamada de Hannya. Contudo, Akito é bem inexperiente com questões do mundo espiritual e acaba sendo possuído por KK, um ex-policial com humor ácido que quer se vingar de Hannya.
Graças a enorme diferença entre as personalidades dos dois, temos uma interação bacana, recheada de humor e que traz um certo alívio cômico para a atmosfera sombria que o jogo tenta passar. Mas calma, isso é bem dosado e as interrupções são mínimas. A história é fácil de ser compreendida, muito pelo excelente trabalho de localização realizado pela equipe. Apesar do ocultismo e da espiritualidade serem pontos fortes, assim como a presença de Yokais, não classificaria Ghostwire: Tokyo como um jogo de terror, apesar dele usar bastante do horror para causar um certo incômodo em quem joga.
As missões principais podem ser concluídas entre 15 a 20 horas, contudo, o jogo tem uma quantidade generosa de atividades secundárias que podem ser realizadas para extender facilmente essa duração. Felizmente, esse conteúdo secundário é bastante agradável e recompensa bem o jogador, trazendo sentido para a exploração. Cada cantinho que você visitar terá comidas, agrupamentos de espíritos para serem absorvidos, estátuas de Jizos ou colecionáveis. Além disso, a representação de Tokyo ficou belíssima, sendo um dos principais pontos fortes do game. As missões secundárias não decepcionam, trazendo uma interação bacana com espíritos presos na Terra. Curiosamente, essas missões tentam passar lições importantes para quem joga, podendo ser consideradas espécies de biscoitinhos da sorte com uma frase profunda no interior.
Uma dica: os animais de Tokyo são grandes amigos. Sempre leia os pensamentos dos felinos e caninos. Eles farão você dar boas gargalhadas ou irão revelar informações importantes para a aventura. Além disso, sempre alimente os cães. Eles irão cavar buracos e te conceder boas quantias de Meika (a moeda do jogo) em troca da sua generosidade!
Yu Mo Gui Gwai Fai Di Zao
Em Ghostwire: Tokyo, usamos a Tecelagem para atacar os Visitantes (espíritos malignos). Esses espíritos geralmente representam algum lado negativo da humanidade. Como por exemplo a avareza ou a exaustão por conta do trabalho. O objetivo é enfraquecer eles a ponto de podermos remover seus respectivos núcleos. São diversos tipos de tecelagem que trazem consigo padrões e efeitos diferentes nos ataques.
A tecelagem etérea libera ataques de ventos, mas, o jogo também possui outros elementos como fogo e água. Esse leque com uma grande variedade de ataques se abre rapidamente no jogo, apesar de ser necessário expurgar os Portões Torii. Caso você não saiba, esses portais marcam um momento de transição entre o que é mundano e o que é sagrado/espiritual.
Outra função importantíssima ao purificar os portões é que eles dissipam a névoa do mapa, facilitando e muito a exploração por exibir pontos de interesse. No geral, o game funciona como uma espécie de shooter, nossos ataques são limitados por quantidades de disparos. Essa quantidade pode ser aumentada e as munições são reabastecidas ao destruir objetos étereos no mapa ou ao arrancar o núcleo de um Visitante.
A progressão do jogo segue um modelo padrão de todo RPG. Ganhamos experiência e, ao mudar de nível, o nível de nossa sinergia com KK aumenta, fazendo com que Akito ganhe pontos de técnica espiritual que servem para aprimorar ataques e outras habilidades como a capacidade de planar por mais tempo. Um caminho interessante escolhido pelo estúdio é que ao comer, ganhamos um bônus permanente de vida. Em suma, o jogo incentiva o consumo dessas comidas para facilitar a jornada. Por falar em facilitar, existem diversas opções de dificuldade. Testei um pouco de cada uma e tive a impressão de que o estúdio dosou bem o jogo neste sentido. A maior diferença vai para o comportamento dos inimigos e eles não se tornam grandes esponjas de dano, apesar de serem capazes de destroçar o jogador com poucos golpes nas dificuldades maiores.
No quesito jogabilidade, o grande problema é a repetição. Apesar da equipe ter implementado um Arco para trazer um pouco mais de diversidade no combate, o problema persiste e acaba tirando o prazer de jogar Ghostwire: Tokyo por longas sessões de jogatina. A exploração e o combate se tornam maçantes demais, logo, já fica a recomendação em jogar o game em doses menores, que durem entre 1 a 3 horas.
Tango Gameworks e o Primor Técnico
Toda a parte técnica de Ghostwire: Tokyo me impressionou bastante. O jogo possui 6 modos de jogo, permitindo que os fãs escolham a opção que mais os agrada. Prefere resolução? Frames mais altos? Um meio termo? A equipe pensou em todos os “clãs”. Visualmente falando, o trabalho de construção de mundo e o de iluminação impressiona. Os reflexos beiram o realismo.
Mas, diante disso tudo, o que mais me conquistou foi todo o trabalho feito com o som e a imersão proporcionada pelo DualSense. É muito fácil entrar na atmosfera do jogo graças aos recursos sensoriais utilizados pela equipe. Podemos sentir cada pingo de chuva, muito pelo poder do DualSense. Estes detalhes, por menores que pareçam, quando avaliados em conjunto, tornam a experiência ainda mais marcante e prazerosa.
O trabalho da dublagem, principalmente o da japonesa, está simplesmente primoroso. O único defeito que encontrei é na inconsistência de algumas cutscenes. A maior parte delas são belíssimas e bem construídas, contudo, algumas são bem estranhas, tanto nos takes quanto na qualidade visual.
Ghostwire: Tokyo – Vale a pena!
Posso facilmente afirmar que a Tango Gameworks acertou mais uma. Apesar do jogo não reinventar a roda, ele entrega uma experiência ótima dentro de sua proposta, tornando-se um dos jogos essenciais para todos os donos do PS5. Se você gosta de ocultismo e jogos de mundo aberto com elementos de RPG, dificilmente vai se decepcionar com o título, mesmo com os tropeços mencionados no texto!
PS: Este review foi feito com um código de PS5 cedido pela assessoria da Bethesda.
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Ainda não zerei The Evil Whithin mas até então eu estou gostando muito do estilo Survival Horror bem raiz, não estava muito ansioso para o lançamento desse jogo, mas pela Review me pareceu interessante.