Infernax é um daqueles curiosos jogos indie que já existem há anos na internet, fruto de financiamentos coletivos feito por fãs de jogos da época 8 e 16-bits para, de alguma reforma, apresentar uma percepção moderna dos tropos que, lá atrás, eles achavam incríveis.
Especificamente para mim, conforme eu fui ficando mais velho, eu comecei a ter um apreço maior por esses jogos, enxergando neles uma perceptível janela nostálgica para uma época que nunca poderei voltar. Mas talvez poucos desses títulos tenham me deixado tão satisfeito ao chegar no fim quanto Infernax, e explico tudo a seguir.
Foco no “vania” de metroidvania
Em 1997 o mundo presenciou o lançamento de Castlevania: Symphony of the Night, jogo que bebia da experiência apresentada anos antes por Super Metroid para dar uma das experiências mais incríveis da série gótica e sombria da Konami.
Infernax é sombrio, mas mais para um nível infernal do que o gótico que estamos acostumados com Castlevania, mas talvez o ponto mais interessante do título é como, embora gritando influência dos Metroidvanias, ele, na verdade, lembra muito mais os primeiros títulos da série de caçadores de vampiros da Konami.
O protagonista de Infernax, Alcedor, está muito mais próximo de um Belmont do que Alucard ou Samus. Sua arma principal é uma maça que tem alcance limitado, mas uma movimentação de ataque que remete bastante aos lendários chicotes de Castlevania.
Conforme Alcedor caminha pelo mundo do jogo, ele ganha acesso a novas armaduras e armas, ganha experiência para adquirir melhorias e também obtêm mágicas, que são utilizadas para diferentes funções no jogo, desde a Viagem Rápida até ataques de área de efeito.
Tudo isso, com, no máximo, 3 botões, além dos direcionais, sendo utilizados, criando um fluxo de jogabilidade simples mas ainda sim extremamente satisfatório, apresentando ao jogador uma experiência bem próxima de títulos antigos que tanto cativam as crianças lá atrás.
O texto é importante
No meio disso tudo, porém, Infernax parece querer se distanciar da exploração cega comum em metroidvanias, a partir de uma enfase em pequenas cidades espalhadas pelo mapa que incentivam que o jogador procure conversar com seus habitantes.
Essas conversas, geralmente, podem levar a três cenários: o primeiro são rápidos comentários do mundo, que podem dar dicas do próximo destino de Alcedor. O segundo são pequenas quests que envolvem ir até ponto X falar ou matar alguém e, por fim, o terceiro são eventos onde o jogador deve tomar decisões.
Em especial no segundo e terceiro cenários comentados acima, o jogo trabalha com expectativas dos jogadores. É comum, por exemplo, encontrar habitantes sofrendo pedindo para serem mortos, e caso o jogador decida por poupá-los, acaba liberando lutas bem complicadas contra uma versão corrompida e deturpada daquela pessoa.
Ao mesmo tempo, as pequenas quests podem levar a situações parecidas, mas que dependendo da escolha do jogador podem mudar a conclusão daquela história, e colocar Alcedor em um caminho mais próximo de um dos diversos finais disponíveis no game.
Tudo isso faz com que Infernax não seja só jogabilidade, com a necessidade do jogador está atento ao texto do jogo — o que, para os brasileiros, está facilitado graças a localização para o português feito pela agência Masamune, que também nos cedeu essa cópia de review.
Acessibilidade de Infernax é celestial
Infernax pode ser bem frustrante, principalmente nos momentos iniciais do jogo, quando o personagem ainda não tem nenhuma melhoria para melhor encarar os desafios satânicos. E, sabendo que os jogadores não têm mais tanto tempo para se dedicarem como conseguiam anos atrás, os desenvolvedores colocaram um ótimo sistema de acessibilidade no jogo.
Através de livros espalhados no mundo, batizados de “Game Wizard”, os jogadores podem digitar códigos que habilitam modificadores da experiência. De invencibilidade permanente até mesmo pulos infinitos, isso pode facilitar a experiência para muitas pessoas.
Quem não quiser utilizar modificadores tão severos da experiência, porém, ainda tem a sua disposição a escolha da dificuldade do jogo, com o modo Casual oferecendo menos punições para cada morte, assim como perdas menos pesadas de dinheiro e experiência.
Conclusão
Infernax será lembrado como um dos títulos indies com mais coração e reverência aos jogos que o inspiraram. É impossível não observar suas dungeons ou mesmo seu mapa e não pensar em Castlevania e obras parecidas, o que torna a experiência, em especial para fãs, marcante.
E, embora difícil, as opções de acessibilidade permitem que qualquer tipo de jogador possa aproveitar o jogo, tornando ele um dos títulos indispensáveis do começo de 2022. Recomendamos fortemente.