Quando eu vi o primeiro trailer de Kaku: Ancient Seal, fiquei imediatamente encantado. O indie de mundo aberto me lembrou vários outros títulos que eu gosto bastante, contudo, com uma identidade própria forte o suficiente para se destacar perante os demais.
Desenvolvido pelo estúdio chinês Bingobell, eu fiquei genuinamente surpreso com o escopo de Kaku e com as ideias aplicadas pelo estúdio.
Mas será que todas as partes funcionam e se conversam? É isso que você vai descobrir nesse review de Kaku: Ancient Seal.
Um encontro cultural
Nossa jornada começa com Kaku, um jovem que lembra um neandertal, indo atrás de comida. Ele está caçando um pequeno leitão que sempre dá um jeito de escapar. De repente, a história toma desdobramentos épicos e Kaku se vê no centro de uma trama que mais lembra uma fábula chinesa.
O Templo dos Elementais, local responsável por manter o mundo em harmonia, está sofrendo com um desequilíbrio e uma corrupção sem precedentes está se espalhando pelo mundo. Esse é o pontapé da história. O jogo claramente mistura elementos do período paleolítico com o jeito de contar histórias épicas da China.

Eu fiquei muito feliz em ver que a equipe teve o cuidado na confecção de uma narrativa original e simplesmente não trouxe outro jogo de Wukong por exemplo. Kaku e todo o universo criado pra ele é cheio de charme e acaba sendo uma temática que não vemos tanto nos jogos. É claro que o escopo da narrativa, que envolve viagens entre dimensões, acaba atrapalhando em alguns quesitos.
As cutscenes não são tão bonitas e os diálogos não possuem atuação de voz. Isso dificulta o processo de se conectar emocionalmente com Kaku, Geiser e os outros personagens. Isso acaba sendo uma grande pena. Com um orçamento digno, Kaku: Ancient Seal poderia facilmente se posicionar como uma das narrativas mais divertidas do ano.

Salvando o mundo
Kaku é estruturado como um jogo de ação e aventura. Podemos golpear os inimigos com tacapés e atirar neles com um badogue.
Uma coisa excelente do jogo é que atirar em objetos como minérios e cogumelos também serve como uma opção de coleta e isso é incrivelmente prazeroso. Kaku tem uma barra de vigor que é consumida ao corrermos e ao usar habilidades especiais. Essas habilidades são aprendidas através de uma árvore que é bem direta ao ponto.

Um dos recursos especiais do herói é o estado de Ascensão, onde Kaku vira uma espécie de semideus e usa poderes especiais pra causar um dano massivo nos inimigos temporariamente.
No geral, achei o combate responsivo, mas senti falta de mais combos e um peso maior no impacto dos golpes. A variedade de inimigos é boa e, surpreendentemente, alguns chefes representam um nível de desafio interessante, além, claro, de um ótimo espetáculo visual.
Um aspecto negativo reside na quantidade de HP dos inimigos. Boa parte deles tem bastante HP, o que deixa as lutas chatas. Após algumas horas eu já estava fugindo dos inimigos por pura preguiça de batalhar com eles. A progressão do jogo acontece do jeito tradicional.

Os upgrades de vida e vigor são obtidos ao concluir labirintos nas ruínas perdidas. Já os de aumento de dano e defesa devem ser “comprados” com minérios e um cristal que é obtido ao derrotar inimigos.
Outra forma de evoluir Kaku é equipando o personagem com capacetes e roupas. O design das armaduras e armas me surpreendeu e, se você adora o aspecto “fashionista” em jogos como esse, você vai ficar feliz.
Um ponto que me desagradou bastante no jogo foi o tamanho do mapa. Existem 4 biomas diferentes no jogo e cada um apresenta vários segredos, colecionáveis e chefes. Penso que teria sido mais inteligente reduzir o escopo do jogo, apostando em 2, no máximo 3 mapas e usado o tempo e recursos pra aprimorar as várias partes em que o jogo apresenta déficits, como a parte técnica e o combate. Menos é mais é uma regra de ouro e a Bingobell Studio se esqueceu disso!

A verticalidade se faz presente em cada momento do jogo e nosso aliado, o Leitão, tem uma série de habilidades especiais que ajudam na locomoção e progressão. Ele é capaz de arremessar Kaku pra frente como uma espécie de catapulta, acionar um disfarce, permitindo que acampamentos de Pompons sejam explorados sem perigo e até inicia portais que levam o jogador para o hub central do game.
Parte Técnica
Kaku: Ancient Seal não consegue esconder que é um indie e suas limitações são evidentes.

Os visuais, apesar de terem um charme pelo estilo cartoonesco escolhido, ficam abaixo do espero. Os diálogos não apresentam voice over e a boca dos bonecos não se mexe, causando estranheza nos momentos de narrativa. A movimentação é surpreendentemente bem responsiva e todos os efeitos e músicas escolhidas casam bem com a proposta do jogo.
Ah, e todos os textos estão localizados para o nosso idioma. Eu joguei no PS5 Pro e não tive nenhum problema com crash, bugs e coisas do tipo. O loading também está super veloz. Eu adoraria que a equipe tivesse reduzido o mapa em uns 30% para ajustar essas outras partes, mas, infelizmente, esse não foi o caso.
Review de Kaku: Ancient Seal – Vale a Pena?
Com boas ideias, uma temática interessante e uma história divertida, Kaku acaba derrapando um pouco na parte técnica, impedindo que o jogo alcance o Sol que merecia. Independente disso, a proposta é boa o suficiente pra merecer seu tempo, logo, em uma eventual promoção, Kaku é uma excelente pedida para ser apreciado entre AAAs.
Com ótimas ideias, Kaku: Ancient Seal se esbarra nos limites do seu orçamento e entrega uma aventura boa mas que poderia ser excelente.
Pontos Positivos
- Temática é interessante
- Poderes do Leitão tornam o jogo mais divertido
- Aprimoramentos e crafting são intuitivos
Pontos Negativos
- Mapa grande demais
- Combate sem impacto
- Sem voz nos diálogos
- História
- Jogabilidade
- Visuais
- Desempenho
- Som