Eu vou começar esse review de Kingdom Come: Deliverance 2 seguindo a temática e fazendo uma confissão. Eu não joguei muito o primeiro jogo. Desfrutei de 30 a 40 horas da primeira aventura e foi isso.
Tem tanto tempo, 7 anos para ser mais específico, que eu não lembrava de nada. Para me preparar para o review, eu assisti dois vídeos e deixo aqui meus agradecimentos e menção à eles: o vídeo de recapitulação da história do fantástico Colucci (Universo Paralelo) e um vídeo que analisa o primeiro jogo com base na opinião de um historiador do também fantástico Brasão de Armas.
Eu inclusive já faço essa indicação à você que pretende desfrutar da sequência. Assista a esses dois vídeos para ter uma maior imersão e entendimento sobre o belíssimo universo esculpido pela Warhorse.
Mas já estou enrolando demais e vamos para o que interessa. Neste review de Kingdom Come: Deliverance 2 você vai descobrir que o jogo faz muito mais do que justificar todo o hype que existe em volta dele. Ele vai além, entregando uma das melhores experiências dentro do gênero RPG e, sem nenhuma sombra de dúvidas, o melhor jogo medieval já feito.
É melhor você ficar confortável seja na cadeira, no sofá ou na cama. Eu tenho muito o que falar sobre essa obra magna da Warhorse Studios.
Um sonho de infância
Kingdom Come: Deliverance 2 se trata de uma sequência direta do jogo anterior mas, felizmente, não existe a menor necessidade de você jogar o antecessor pra desfrutar dessa nova experiência.
As horas iniciais do jogo servem como um enorme tutorial para as mecânicas básicas e, claro, para apresentar alguns dos personagens centrais na trama.
Henry de Skalitz é um pajem (serviçal) de Hans Capon, um cavaleiro que busca provar o seu próprio valor. Eles foram encarregados de enviar uma mensagem de suma importância na briga entre os reis Venceslau e Sigismundo.
Contudo, a trupe de Hans Capon é massacrada e ele e Henry conseguem fugir, mas acabam gravemente feridos. A partir disso, começa uma jornada inesquecível com um dos melhores valores de produção que eu já vi em um jogo.
A cinematografia de KCD 2 é impressionante. Os diálogos são geniais, os personagens são muito bem construídos e interpretados, fazendo o jogador pensar que eles eram de fato pessoas reais da época. É engraçado demais ver as interações entre Henry e Hans e a jornada de maturação de Henry é uma das coisas mais fascinantes que eu já vi em um jogo.
No mundo brutal de Kingdom Come, é necessário fazer o que for preciso, ainda mais se tratando de um pajem de baixa casta. O que a Warhorse faz no roteiro e nos aspectos de produção beiram a bruxaria.
Os cortes nas cutscenes são super artísticos e lembram um filme medieval de orçamento altíssimo. Somado a isso, temos expressões faciais de ponta e um bom lip sync, ajudando a garantir mais impacto e realismo nas cenas.
Por ser uma sequência, Henry começa o jogo sendo um guerreiro experiente, mas, devido ao seu ferimento grave, ele acaba perdendo boa parte de seu conhecimento anterior. Essa foi uma solução magistral do estúdio pra justificar a perda de “poder” do personagem.
As missões desse jogo são fantástica, tanto as principais quanto as secundárias. As quests são divididas em Missões Principais, Secundárias e Tarefas. Chega a ser engraçado por que essas tarefas, que soam como fetch quests, possuem tanta qualidade quanto as missões secundárias. Uma delas por exemplo coloca o jogador em uma caça ao tesouro épica em busca de uma armadura lendária.
O design das missões da campanha é fantástico, sempre apresentando objetivos variados e, pra mim o mais importante, com várias formas diferentes de serem concluídos. Para ilustrar como exemplo, em uma missão, tive que arrumar uma armadura melhor para Hans, o senhor de Henry.
E aí algumas opções se apresentaram: sair vasculhando no castelo, tentando arrombar baús para achar algo, nocautear e roubar um dos guardas, comprar com o ferreiro ou saquear o baú do ferreiro.
Eu decidi saquear o baú do ferreiro. Usei o Vira-Lata pra latir e distrair os guardas que estavam por perto, arrombei a porta, arrombei o baú e roubei literalmente todo o estoque da loja do ferreiro. Vale destacar que essa abordagem só foi possível por que meu nível em Roubo estava altíssimo. O baú do ferreiro tem uma tranca de nível muito difícil.
Decidi então voltar o meu save para testar uma teoria. Esperei o ferreiro se afastar um pouco e acionei o minigame de roubo. Peguei a chave e consegui abrir a porta e o baú sem grandes percalços.
Essa variedade de maneiras de concluir os objetivos se apresenta em quase todas as missões principais e secundárias do jogo e isso é mágico. Outros jogos já apresentaram esse conceito mas aqui acontece tão naturalmente que só reforça o trabalho impecável feito no roteiro. Um ponto que vale ser mencionado é que os objetivos ficam marcados no mapa, mas na maior parte das vezes, eles não ficam marcados no lugar que você precisa ir.
É necessário prestar atenção nas pistas que os NPCs concedem nas conversas e nas anotações presentes no diário para saber o que procurar e/ou fazer. Não temos um “sensor de detetive” para facilitar as coisas, logo, fique ciente que Kingdom Come: Deliverance 2 é um jogo para ser desfrutado com calma.
Se você jogar focando quase que completamente na campanha, prepare-se para levar pelo menos 50 horas para concluir a história do jogo. Sim, ele é gigante mas em nenhum momento nenhum se torna enjoativo.
Pelo contrário, cravo facilmente que o game tem a melhor história de um jogo medieval já lançado até hoje. O entendimento dos diálogos e da narrativa são facilitados pela tradução dos textos para o nosso idioma.
Outro ponto digno de nota é o glossário. Ele fornece uma tonelada de informações sobre a Idade Média real, servindo para aumentar a imersão e educar o jogador!
Por falar em Idade Média real, espere por bastante realismo aqui. Tramóias políticas, tortura, choque entre a nobreza e os burgueses, enforcamentos, execuções públicas, sexo… A campanha é bem madura e representa, com muita fidelidade, como a vida era naquela época.
Algumas das cenas desse jogo vão ficar comigo para sempre e certos trechos que envolvem cercos em castelos são tão reais que chega a assustar. A Warhorse foi muito meticulosa, principalmente ao captar a sensação dos exércitos ao se depararem com tecnologias novas consideradas monstruosas.
O uso da pólvora em armas inicialmente causava espanto, sendo muito associada ao demônio. Kingdom Come: Deliverance 2 é uma obra especial e que representa com maestria um dos principais períodos da humanidade.
Pense no melhor filme medieval já feito. Agora imagine se você pudesse jogar esse filme. Isso é Kingdom Come: Deliverance 2. Cada minuto que eu gastei no jogo representou a realização de um sonho do Ruan criança que sempre fantasiou em ser um cavaleiro medieval quando era pequeno!
Os deuses da escrita abençoaram a Warhorse
Eu vou contar como as missões secundárias do jogo são mágicas com um exemplo. Lá estava eu, perambulando pelo mapa do jogo sem um tostão, com roupas sem proteção e uma espada chinfrim em mãos.
Encontrei alguns alvos de tiro espalhados pelo mapa e, perto deles, um jovem rapaz sentado. Fui conversar com ele e descobri que ele era um treinador de arco e flecha e um organizador de disputas de tiro de arco.
Resolvi participar de um torneio. Eu estava me sentindo confiante e apostei todas as minhas economias: minhas últimas 5 moedas de prata. Por ter um nível de habilidade de mira baixo, passei vergonha e perdi as únicas 5 moedas que eu tinha em mãos.
O rapaz só podia me treinar com o arco se eu pagasse 100 moedas pra ele, uma quantia gigantesca nas horas iniciais do jogo. Me despedi dele pensando que em breve voltaria cheio de riquezas e segui viagem.
Após andar por mais uns 4 minutos, me deparei com uma casa e com uma senhora desesperada. Ela me pediu ajuda. Seu marido, um caçador, tinha saído pra caçar e não havia voltado. Eu aceitei ajudar ela e ela pediu para eu buscar mais informações com o seu filho.
Para a minha surpresa, o filho do caçador era o treinador que mencionei acima. A personalidade do rapaz mudou na hora. Irritado, ele fala que seu pai é apenas um bêbado e que provavelmente não era nada.
Eu repreendi o jovem por falar de seu pai desse jeito e insisti por mais informações. Ele me contou sobre o local de caça e avisou que eu provavelmente ia acabar tendo que carregar o pai dele de volta pra casa.
Eu agradeci e segui viagem. O local de caça fica a quase 10 minutos de distância da casa. No começo do jogo, a menos que você roube um cavalo, fazemos tudo andando.
Ao chegar no local de caça, encontrei o problema. O caçador, bêbado, surge gritando em cima de uma árvore com medo de cair. Vários lobos cercaram ele e eles estavam sedentos por uma refeição.
Após despachar os quatro lobos, o caçador pula da árvore e machuca o tornozelo. Ele fala que tem um acampamento perto e pede pra que a gente carregue ele até lá.
Ao chegar no acampamento, ele me contou que estava cuidando de um cavalo que foi roubado. Por coincidência, o cavalo pertence à um nobre super importante que está relacionado a campanha do jogo.
Fui atrás do cavalo e me deparei com um acampamento com 5 bandidos e o mencionado cavalo. Aqui temos várias opções de como proceder.
Lutar contra os 5 de peito aberto, abater os 5 de maneira furtiva ou roubar o cavalo e sair correndo. Como estava no começo do jogo, não tinha bons equipamentos e lutar contra os bandidos beirava o impossível.
Decidi então abater eles furtivamente, no maior estilo ninja e levar o cavalo de volta. No fim, levei o caçador machucado de volta pro seu lar, fui muito bem recompensado e ele pediu pra voltar na casa dele depois de um tempo.
Essa é somente UMA das dezenas de missões secundárias do jogo e todas apresentam qualidade similar. Fiquei genuinamente surpreso em como ela se entrelaça de maneira orgânica à campanha e mais ainda por ser um conteúdo completamente opcional. Eu poderia nunca ter me deparado com o filho do caçador e sua esposa.
O conteúdo secundário de Kingdom Come: Deliverance 2 é tão bom quanto a campanha e rende dezenas e mais dezenas de horas de jogatina. A última vez que eu fiquei tão imerso em um mundo medieval assim foi em The Witcher 3: The Wild Hunt. A Warhorse fez um trabalho que beira a perfeição, entregando um roteiro impecável e personagens que são tão reais que chega a assustar.
O jogo não é propriamente um simulador mas anda muito próximo ao conceito de um, o que é fantástico. Se você, assim como eu, já fantasiou em ser um cavaleiro da Idade Média quando criança, Kingdom Come: Deliverance 2 é a realização de um sonho.
É simulador mesmo?
Kingdom Come: Deliverance 2 tem um pé no simulador e outro no arcade. Pode parecer meio confuso mas irei explicar em detalhes para que você entenda.
Seguindo o mesmo caminho do primeiro, Henry sente sono, fome, fica sujo, tem enxaquecas após bebedeiras frenéticas e por aí vai. Eu entendo que em primeiro momento esses elementos podem afastar a maioria dos jogadores, mas KCD2 implementa eles de um jeito que eles colaborem mais na imersão do que sirvam como um “empata-diversão”.
Podemos encontrar comida em praticamente todo lugar que exploramos. Carnes, linguiças, frutas. As comidas seguem a raiz histórica do jogo. Um ponto fantástico é que ao caçar ou coletar carnes cruas, é necessário cozinhar elas em construções específicas. Somente o Vira-Lata, nosso fiel companheiro, pode comer carnes cruas. Os alimentos estragam ao passar do tempo e, caso sejam consumidos com o nível de qualidade baixo, podem causar intoxicação alimentar.
Em relação ao sono, precisamos dormir em camas e essas dão um pouco mais de trabalho. Antes de termos liberação para dormir em certos locais, precisamos concluir missões ou tarefas para os donos da casa ou estalagem. Caso você durma em um local sem ter permissão para isso, os guardas serão chamados e você estará em problemas.
Kingdom Come: Deliverance 2 é tão fantástico em seguir a época que até na hora de dormir podemos ver a divisão de classes na época. Os criados só podem dormir em locais afastados do quarto principal, geralmente nos sótãos em meio à palhas. Henry por exemplo muitas vezes só recebe a permissão de dormir em estábulos. Isso mostra o quanto o mundo da época era cruel e dominado por completo pelas classes sociais.
Esse sistema de sono também é formidável por que ele está atrelado ao salvamento do jogo. Sim, temos limitações para salvar o jogo. O método mais simples é dormir em uma cama com permissão para tal. Fora isso, precisamos concluir missões. Boa parte delas possuem checkpoints. A outra forma é usar uma bebida chamada de Schnapps do Salvador.
Isso pode assustar um pouco mas pode ficar tranquilo. Essa bebida pode ser feita em GRANDE escala usando o sistema de Alquimia, pode ser comprada com mercadores (e é bem barata) e pode ser encontrada nos cenários.
Logo, não precisa entrar em pânico achando que você não vai conseguir salvar o jogo com frequência. Para se ter ideia, com 33 horas de jogo eu estava com 41 unidades da bebida e mal estava usando elas de tantos pontos de salvamento presentes nas missões.
Esses sistemas de gerenciamento flertam muito com a vida real. Ao ficar muito bêbado, Henry começa a andar tropeçando, fica peidando e arrotando. Inclusive eu recomendo evitar isso à todo custo. O efeito de ressaca dura MUITO tempo, mesmo usando poções para acelerar a “cura”. Ao ficar muito tempo sem dormir, a tela começa a escurecer e se você insistir em não dormir, Henry colapsa e desmaia.
Caso você queira ameaçar alguém para obter uma informação, estar todo sujo pode ajudar, afinal, você terá mais chances de sucesso nas opções de diálogos que sejam voltadas para ameaças.
Graças à viagem rápida, é quase que impossível ficar muito tempo sem dormir. Com dois cliques, um para abrir o mapa e outro para viajar para um local com cama, você resolve o problema prontamente.
Ficar sujo é um grande problema na maior parte do tempo. Alguns NPCs chegam a zombar de Henry, falando que ele está mais fedendo que um gambá. Outros, de classe mais alta, irão até se recusar a conversar com ele até que ele tome um banho.
Os banhos podem ser tomados em cochos, que são facilmente encontrados pelo mapa, em lagoas ou em casas de banho. Podemos adicionar sabão nos banhos na lagoa para aumentar o nível de limpeza, lavando até as roupas usadas por Henry. Sim, não adianta só lavar o personagem. Se sua roupa estiver ensanguentada, certos personagens vão ficar com pavor de você.
Henry pode ficar com vários efeitos, podendo ser esses positivos ou negativos. Se você comer demais por exemplo, irá ficar com indisgestão. Se você for numa casa de banho e solicitar o serviço de uma cortesã, Henry vai “espalhar o amor” e ganhar um efeito que aumenta vários dos status temporariamente. Tomar muitos golpes de espada podem causar sangramento, demandando que o jogador aplique ataduras para evitar que Henry sangre até morrer.
Até a quantidade de peso carregado impacta nas ações do personagem e, consequentemente, no combate. Ao carregar muito peso, você não pode realizar viagens rápidas ou montar no cavalo. Por falar em cavalo, se você encher ele de itens, ele vai se negar a correr e se você insistir, ele vai ficar bravo e te derrubar no chão. Mas não se assuste! Aumentar a capacidade de carga é bem simples, principalmente se você jogar como eu, focando em ser um soldado. O atributo Força está diretamente conectado à capacidade de carga. Para você ter uma ideia, com cerca de 40 horas de jogo eu conseguia carregar quase 1 tonelada de peso, somando a capacidade do cavalo e a do meu personagem.
As profissões do jogo também reforçam esse ar de simulador. Para prepararmos poções por exemplo, precisamos seguir a receita à risca, fervendo e moendo ervas, misturando ingredientes e por aí vai. O mesmo se repete no ofício de ferreiro. O processo de fabricar armas é bastante meticuloso, demandando que o jogador não esquente a base demais e use o martelo de maneira ordenada.
Apesar do seu ar de simulador, KCD2 toma várias liberdades pra deixar a aventura mais acessível. Um exemplo claro é a capacidade de assoviar e convocar seu Pé de Pano, vulgo cavalo, a partir de qualquer lugar aberto do mapa. Mas não se engane. O jogo continua com um sabor azedo pra quem tem paladar infantil. Se você prefere aventuras enlatadas, que segue aquele velho template de open world que te pega de mãos dadas, recomendo cautela.
A progressão de Kingdom Come: Deliverance 2
A progressão de Kingdom Come: Deliverance 2 funciona de maneira diferente de quase todos os outros RPGs que estão no mercado. O jogo premia o que você faz e esse é o jeito mais prático e simples de ganhar experiência nos atributos.
Por exemplo, você ajudou alguém a descarregar carroças e levar sacos pesados da carroça até o celeiro? Seu atributo de força vai ganhar experiência. Cavalgou distâncias longas pelo mapa? A equitação vai melhorar. Saiu lendo vários livros encontrados nos cenários? A erudição será melhorada.
E um aspecto formidável dos livros é que a maioria deles apresentam informações sobre eventos ou personalidades históricas reais. Um deles por exemplo me ensinou sobre a história de Tômiris, a rainha dos masságetas. Eu nunca havia escutado falar sobre ela em nenhum lugar. Logo, o jogo também ajuda a alavancar nosso conhecimento em história!
O menu de atributos te explica detalhadamente o que fazer para ganhar XP em cada um deles. Outra maneira de ganhar experiência nos atributos é ajudando as pessoas e treinando com elas. Em uma missão por exemplo, eu ajudei um aprendiz de sapateiro a realizar o sonho da vida dele. No final, ele não tinha nenhuma posse para me pagar pela ajuda, contudo, ele decidiu me ensinar tudo que sabia e o meu atributo de vitalidade ganhou um ponto.
Cada atributo, seja ele força, vitalidade, guerra ou os atrelados ao combate como espadas, apresentam vários perks. Ganhamos pontos de habilidade que são aplicados para aprender esses perks. A Warhorse foi incrivelmente criativa aqui e temos vários perks fantásticos (e alguns muito fortes) que facilitam e muito a jornada pela Boêmia.
A curva de dificuldade do jogo é bem interessante e respeitosa com o tempo do jogador. Quanto mais você progride e fica imerso no mundo do game, mais experiente Henry se torna. Se você focar em uma jogatina mais diplomática, tentando levar tudo na lábia, suas habilidades relacionadas à conversa são aprimoradas, permitindo que Henry se saia de várias situações complicadas.
Eu escolhi o caminho da espada. Henry é um pajem a comando do seu cavaleiro, logo, decidi viver a Boêmia seguindo essa linha. Ao chegar em 40 horas de gameplay, minha habilidade de Soldado estava tão alta que qualquer pessoa comum, com exceção dos soldados veteranos, podia ser “dobrada” às minhas ameaças. O jogo tem vários mapas/regiões diferentes e o seus feitos nela se espalham pelas cidades, o que ajuda a construir uma boa ou má reputação.
O mesmo vale para a fortuna acumulada. Nas primeiras 20 horas de jogo, conseguir as groschen, as moedas de prata, em quantidade, é uma tarefa bastante trabalhosa. Mas, felizmente, o jogo apresenta várias formas de fazer isso. Podemos preparar poções para vender aos mercadores, caçar e vender peles, construir armas para serem vendidas, roubar cavalos e levar até o cigano, participar de competições de arco ou balestra.. ou, sair por aí roubando as pessoas e os baús das vilas e fortalezas. Explorar pontos de interesse espalhados pelo mapa também é uma opção viável, muitos deles apresentam baús com uma boa quantidade de moeda.
O jogo te deixa completamente livre para escolher qual caminho será tomado. A partir do momento que você chega na segunda região, a vida se torna um pouco mais fácil. As missões secundárias concedem uma vasta quantidade de moedas. Em duas delas por exemplo eu consegui 1100 moedas no total.
As gorschen são fundamentais para aprender novas habilidades com os mestres, novos combos de armas e, claro, comprar equipamentos e manter a durabilidade deles em dia. Tudo funciona muito bem e o jogo acaba sendo como um cavaleiro, respeitando ao máximo o tempo que você dedica a ele.
Mantendo a espada afiada
Seguindo a linha do anterior, Kingdom Come: Deliverance 2 tem um combate baseado em posturas que lembra muito For Honor. Podemos direcionar os ataques para o lado esquerdo, direito, cima e meio. O sistema está MUITO mais intuitivo e responsivo do que o primeiro jogo. Aparar golpes e acionar o contra-ataque está bem mais fácil, a depender, claro, de quem você enfrenta.
Quanto maior a experiência do seu adversário, mais trabalho ele vai te dar. A curva de dificuldade do jogo é uma das coisas mais viciantes e prazerosas que eu experimentei nos games em bastante tempo. No começo da jornada eu mal conseguia matar um lobo. Sério.
Após 30 horas, eu estava eliminando acampamentos completos com 7-8 inimigos que tentavam me matar ao mesmo tempo. Um ponto crucial nesse combate contra inimigos múltiplos é o Vira-Lata. O cachorro de Henry ajuda DEMAIS no combate e é capaz até de aplicar o efeito de sangramento nos inimigos. Quanto mais comandos emitimos para o bichano, maior a experiência que a habilidade de Adestramento ganha, tornando nosso vínculo com ele mais forte e tornando possível o aprendizado de perks que fortalecem o cão nas lutas. Em suma, trate ele muito bem e sua vida no jogo será muito mais fácil!
Ao usar uma armadura completa, o sentimento era de que Henry era meio que um Robocop medieval. E sim, as armaduras são uma parte integral do combate. Estar protegido é, obviamente, fundamental para a sobrevivência. Quanto mais peças e mais encorpadas for a armadura, melhor. Você vive uma espécie de tanque de guerra ambulante. Mas cuidado, tanto as armaduras quanto as armas possuem durabilidade.
As armas podem ser afiadas nos rebolos através de um minigame fantástico. Precisamos ficar “passando” a arma no rebolo enquanto pressionamos o pedal e as faíscas voam. Quanto maior sua perícia em Artesanato, mais rápido as armas são afiadas. Já as armaduras só podem ser reparadas em um Ferreiro ou usando Kits de Reparo de Armaduras.
O cuidado com o equipamento era fundamental na vida de um cavaleiro e em Kingdom Come: Deliverance 2, isso não é diferente. Outro ponto interessante é que encontramos loots com frequência, mas o jogo se afasta do sentimento de ser um “looter RPG”. A progressão acontece em um ritmo bom e a troca de equipamentos e armas não são frequentes. E já pega essa dica: não adianta empilhar equipamentos pensando em vender eles para ganhar dinheiro. Os NPCs possuem moedas limitadas.
Você vai encontrar a mesma peça de equipamentos por várias horas, afinal, estamos falando sobre um jogo realista. Um soldado raso não vai ter uma armadura medieval completa. Lembre-se do sistema de classes da época. Um pé rapado não tinha dinheiro para se armar e equipar da cabeça aos pés. Apenas os nobres de famílias ricas tinham esse luxo. Ou, claro, mercenários impiedosos que saqueavam os nobres.
Além das várias opções de armaduras, temos muitas opções de armas. Espadas de uma e duas mãos, Armas pesadas de uma e duas mãos, Armas de haste como alabardas, Escudos, Arcos, Balestras e Bombardas de uma Mão. São muitas opções que deixam o caminho livre pro jogador trilhar como quiser. Na medida que progredimos na campanha, conseguimos cintos melhores que permitem equipar até quatro armas em simultâneo. Uma outra melhoria de qualidade de vida é que podemos montar 3 loadouts diferentes e trocar eles usando um único botão.
Por exemplo, você pode montar um loadout com armadura completa para o combate, outro com roupas de nobre para conversar com as pessoas e outro com roupas escuras e discretas para roubar as casas e pessoas de noite.
Um ponto especial do jogo é que ele premia quem faz. Quanto mais você usa uma arma específica em combate, maior sua perícia com ela. Isso é fundamental para mirar com armas de longo alcance por exemplo. Como eu negligenciei bastante elas, pra mim era quase impossível mirar e acertar um alvo com a balestra ou com a bombarda de mão. A respiração de Henry é muito intensa e existe uma resistência enorme ao mirar, o que dificulta o processo de acertar um inimigo.
Quanto maior a perícia, mais habilidades poderão ser aprendidas e o uso da arma em questão será facilitado. O aprendizado de habilidades e combos é algo essencial para a sobrevivência no jogo. Eu escolhi o caminho do espadachim e sempre abria um sorriso quando encontrava um mestre nesse tipo de arma.
Vou explicar melhor com um exemplo. Eu decidi assumir minha identidade como ferreiro, assumindo o ofício do pai de Henry (mesmo que você não tenha jogado o anterior, a sequência explica isso). Fiz amizade com o ferreiro da primeira cidade que Henry chega e ele me contou de um problemão e pediu ajuda. Ele enviou uma carroça de equipamentos para o senhor da região, o Lorde Semine. A carroça tinha equipamentos equivalentes à um mês inteiro de trabalho.
Os dois ajudantes do ferreiro sumiram com a carroça. Decidi então investigar a situação. Ao ir até a propriedade do Lorde Semine, ele convocou o Capitão da Guarda e nós três partimos em busca da carroça. Ao concluir a missão, o Capitão da Guarda me contou sobre Gattoro, um espadachim letal que estava em um acampamento de nômades (conhecidos no Brasil como ciganos).
Decidi fazer uma visita à Gattoro e ele me ensinou uma das habilidades mais fortes do jogo: o contra-ataque. A evolução no combate de Kingdom Come: Deliverance 2 é fantástica e altamente prazerosa. Ela casa muito bem com os aspectos realistas do jogo. Detalhe: tudo isso que eu acabei de contar é completamente opcional. Você pode nunca nem encontrar essas missões, trilhando outros caminhos na história.
Quer aprender novas habilidades? Treine com pessoas proeminentes no uso das armas que você quer dominar. Quer empunhar armas fortes, como um Montante? É bom que sua Força esteja em dia, caso contrário, você não vai conseguir empunhar ela com perfeição e vai causar menos dano.
Um ponto fantástico é que sim, podemos sair por aí brandindo uma espada ou arco em cima do cavalo, descendo o sarrafo nas pessoas. É necessário no entanto um cavalo com um nível de coragem alto, caso contrário, ele pode ficar com medo e te derrubar da sela.
A Warhorse é tão meticulosa que durante o combate, o inimigo pode se render após receber muitos golpes. Caso você deixe ele ir, ele sai da batalha cambaleando e cheio de sangue nas roupas e no corpo.
Um transporte para a Boémia
A progressão orgânica de Kingdom Come: Deliverance 2 só é possível graças ao seu mundo “aberto” engenhoso e repleto de atividades significativas. O jogo apresenta regiões diferentes e cada uma funciona como uma espécie de mundo aberto. Eles são enormes mas não chegam a ser massivos a ponto de se tornarem enjoativos ou cheios de atividades inúteis. Fazer todas as atividades de cada um deles leva cerca de 20 a 25 horas. Pois é, muito conteúdo!
As atividades variam entre campos de caça, pontos de interesse como carroças abandonadas, túmulos entre outros, torneios de arco e flecha, clubes de luta, jogos de dados e por aí vai. Muitos desses pontos de interesse estão atrelados à missões secundárias ou tarefas e recompensam o jogador de maneira generosa.
Os acampamentos de bandidos ou de cumanos também estão presentes e representam uma boa maneira de conseguir equipamentos e gorschen. Um detalhe interessante é que podemos conversar com o meirinho ou com os estalajadeiros para descobrir os problemas que estão acontecendo na região, desbloqueando novas missões ou os já mencionados pontos de interesse.
No geral, as suas andanças funcionam como uma espécie de immersive sim. Se você roubar uma casa, os itens serão marcados como roubados. Vamos supor que você roubou uma bota de um nobre e decidiu equipar ela e usar. Se ele te ver, ele vai reconhecer o item, vai chamar um guarda e o guarda vai te revistar. Você pode até usar a lábia para não ser punido, mas o item acaba confiscado.
Os itens perdem o status de roubado após um tempo e podemos aprender perks que aceleram essa perda de classificação. Caso você queira vender esses itens roubados, vender eles em conjunto com itens normais evita as chances de ser pego.
A Warhorse é um estúdio extremamente meticuloso e podemos ver isso nas jornadas de todo e qualquer NPC do jogo. O ciclo de dia e noite é algo fundamental aqui e CADA NPC age de acordo com o horário do dia. Se você ir até uma casa às 6 horas da manhã por exemplo, eles estarão levantando da cama. Eu fiquei obversando esse comportamento várias vezes e é assustador o quanto é real.
Eles levantam da cama, vão até o baú e se vestem, depois sentam, comem, levantam e vão fazer os seus afazeres domésticos. Em certos momentos, eles até aproveitam a hora do descanso para sentar no banco e conversar com outros moradores. Se você jogar itens nos chãos, os aldeões que estiverem passando vão olhar e podem pegar o item.
A IA dos NPCs está excelente, uma das melhores que eu já vi. E não é somente os NPCs humanos que apresentam essa atenção aos detalhes. O Vira-Lata por exemplo. As vezes ele sente sede e bebe água de poças ou de cochos. Podemos ver frutas caindo de árvores e ao retornar após um tempo, encontramos as frutas apodrecidas no chão. Cometeu muitos crimes e sua reputação está baixa? Só conversar com o padre e sair em uma jornada de perenigração, rezendo e se arrependendo dos pecados cometidos.
Se você cansar de fazer as missões, saiba que o jogo tem um potencial altíssimo para o roleplay. Podemos sair visitando as regiões e aprendendo vários ofícios como o de ferreiro ou o de alquimia. Até roubar é uma arte no jogo e pode ser aprimorada. Uma das minhas atividades favoritas são os clubes de luta. E sim, existem vários e até campeonatos com boas recompensas. Dedicar seu tempo para virar um Mike Tyson medieval é divertídissimo e eu super recomendo! E até nessa atividade a meticulosidade do estúdio se faz presente.
Os adversários das lutas podem acabar sendo nocauteados e ficam alguns segundos desacordados. Quando eles levantam, eles saem mancando, contorcidos de dor.
E o mais especial de tudo é que as coisas no jogo acontecem de um jeito super orgânico! Quando você realiza a viagem rápida, você pode ser parado por coisas que acontecem na estrada. Certos eventos podem ser escapados já outros não.
Uma vez, durante essas viagens rápidas, um cara me parou no meio da estrada e estava super feliz. Segundo ele, ele havia acabado de ter o seu primeiro filho, Jonty. Ele me chamou pra celebrar e eu, ingênuo, aceitei.
Henry acaba ficando desacordado após beber com ele e, quando acorda, descobre que foi roubado e todas as moedas se foram. Para a minha sorte (e pro azar do ladrão) eu só tinha 2 moedas em mãos. A vida medieval é difícil pra todos.
As andanças de KCD2 me lembraram muito Dragon’s Dogma 2. As estradas sempre reservam surpresas, às vezes boas, às vezes ruins, às vezes divertidas e às vezes reflexivas. Os aldeões caminhando podem ser atacados por lobos ou bandidos, podemos nos deparar com oferendas pagãs, cumanos montando acampamentos nas florestas, caçadores indo atrás de cervos.. O mundo de KCD2 é vivo e isso concede um charme fantástico ao game.
Para você visualizar isso, darei um exemplo. Eu estava caçando cervos para fabricar uma arma de melhor qualidade. Me deparei com uma cabana destruída, tinha um baú trancado dentro. Como era de nível difícil, eu não consegui abrir com a gazua. O minigame de lockpicking é MUITO difícil até você melhorar seu atributo em roubo.
Olhei ao redor e encontrei um esqueleto. A chave dos baús estava nas mãos dele. Abri o baú e tinha quase 200 moedas dentro. Segui minha andança e me deparei com uma matilha de lobos.
Despachei eles para o além e, percebi que eles desenterram uma cova. Na cova havia restos de um cavaleiro e um elmo de excelente qualidade. Tudo isso é completamente opcional e está relativamente escondido no mapa. Se você não sair por aí para explorar, jamais vai se deparar com nada disso.
Tão sublime quanto um canto gregoriano
Jogar Kingdom Come: Deliverance 2 é o jeito mais barato de você se sentir na República Tcheca. Alguns trechos apresentam visuais fotorealistas, tornando coisas básicas como caminha ou cavalgar pelos prados, uma experiência marcante.
A fidelidade arquitetônica é outro elemento que desperta atenção. Visitar as fortalezas e castelos sempre é uma experiência marcante, com santuários cheios de relíquias e salas com paredes lotadas de pinturas e quadros. Esse aspecto artístico pode ser visto até mesmo no mapa. Ao dar zoom em uma área da região, uma arte fantástica aparece, com elementos que refletem o lugar em questão.
Uma das coisas que eu mais admiro em jogos medievais é o design das armas e armaduras e Kingdom Come é o jogo que mais entende e representa a realidade das armaduras medievais. Várias partes são necessárias para se ter uma proteção completa e o jogo segue isso à risca.
Até os detalhes menores, como o som da cota de malha ao pular ou das esporas ao correr, foram lembrados pelo estúdio. E por falar em som, graças ao sistema de clima do jogo, estar em uma tempestade em Kingdom Come: Deliverance 2 é uma experiência bem realista. O som do trovão e da chuva torrencial é tão real que assusta.
A parte sonora do jogo me impressionou bastante e cada pequeno detalhe foi lembrado pelo estúdio. A água correndo por um riacho, pássaros cantando nas florestas, a gazua quebrando ao tentar abrir um baú sem sucesso, duas espadas se chocando.. E o cuidado não existe somente com os efeitos sonoros.
Todos os personagens do jogo possuem vozes e elas combinam muito bem com suas respectivas personalidades. Apesar do game se concentrar em uma região específica, temos uma comunhão de povos, inclusive um cidadão de Mali, e seus costumes e vozes são bem representados. Essa pluralidade cultural enrique e muito o jogo.
A performance de Tom McKay, o ator que dá vida à Henry, é tão absurda que se KCD2 fosse um filme, ele disputaria facilmente o Oscar. Luke Hale, o nosso Hans Capon, não fica muito atrás. No quesito desempenho, eu tive pequeninos problemas, mas vale mencionar que eu joguei vários dias antes do lançamento e esses problemas podem sumir com o patch de dia um.
Um dos problemas que ocorrem são os pop-ins. Pra quem não sabe o que é isso, de grosso modo se trata basicamente do carregamento das texturas à medida que você se aproxima de um lugar. Quando estamos caminhando, ele não acontece muito, mas ao cavalgar o problema se torna mais vísivel. Isso não atrapalha em nada na experiência mas é difícil de não notar.
Outro ponto é que certas partes/textos do jogo ainda não foram traduzidas. Algumas frases ou entradas no glossário. Mas, como falei, isso pode ser resolvido quando sair o patch de lançamento. KCD2 é um jogo gigantesco com MUITOS diálogos e textos, é compreensível que pouquíssimas partes do jogo ainda não foram traduzidas. Vale mencionar que eu só encontrei esse problema cerca de 6 vezes em 60 horas de gameplay.
O flickering, que são objetos ou lugares com iluminação irregular, também acontece em raras vezes. Por exemplo, teve um momento que ao cavalgar de noite, a grama ficava “acendendo” e apagando, como se tivesse um LED nela. Esse problema aconteceu em outros momentos. Não é algo que atrapalha a experiência mas se faz presente no jogo. Um detalhe curioso é que o flickering só aconteceu comigo no primeiro mapa.
Por fim e não menos importante, as quedas de frames. Eu joguei no PS5 Pro usando uma QN90B e, estranhamente, só tive quedas de frames perceptíveis ao abrir o mapa em regiões específicas. Pois é, doideira. Como o problema é bem pontual, não deve demorar para ele ser resolvido com patches. Outro ponto que vale ser mencionado é que, ao menos antes do lançamento, não existe opção para selecionar modos gráficos.
O FPS oscilou entre 60, sendo esse o valor mínimo, até 80. Vale mencionar que joguei com o VRR ativado.
Review de Kingdom Come: Deliverance 2 – Vale MUITO a pena!
Kingdom Come: Deliverance 2 é um jogo que, ao meu ver, vai se tornar um clássico no nível de Dom Quixote, obra de Miguel de Cervantes. Um jogo atemporal feito para toda e qualquer pessoa apaixonada pela Idade Média. Impactante, realista, tocante, reflexivo, necessário e revolucionário.
Sâo muitos os adjetivos que eu posso usar para descrever o jogo e que casariam bem nessa conclusão. Mas vou encerrar o review fazendo uma homenagem à Warhorse e ao próprio jogo, usando uma frase que aparece frequentemente na jornada de Henry.
Audentes fortuna iuvat, a sorte favorece os audaciosos. E, após jogar Kingdom Come: Deliverance 2, posso confirmar que a frase é 100% real. Indo completamente de encontro com a indústria, a Warhorse aposta em seu próprio taco de novo e cria não somente o melhor RPG medieval já feito mas um dos melhores RPGs da história. Kingdom Come: Deliverance 2 é obrigatório para todo e qualquer fã do gênero e temática!
Pontos Positivos
- Campanha cinematográfica
- Nível de imersão altíssimo
- Precisão histórica
- Visuais beiram o fotorrealismo
- Missões inesquecíveis
- Personagens muito bem construídos e desenvolvidos
- Toda a parte sonora é brilhante
Pontos Negativos
- Iluminação é inconstante em certas áreas
- Quedas de frames em certas áreas
- Narrativa
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Som