E cá estou eu escrevendo sobre mais um roguelite. A “bola” da vez é o review de Lost in Random: The Eternal Die e, como o nome indica, o jogo faz parte de uma franquia já estabelecida. Os eventos do game se passam após os acontecimentos de Lost in Random, jogo desenvolvido pela Zoink. Enquanto o primeiro jogo da franquia tem foco narrativo e foi estruturado como um game de aventura e ação em 3D, The Eternal Die foi construído como um roguelite isométrico, o que vai agradar alguns e desagradar outros.
Diferente de outros projetos dentro desse gênero, a narrativa aqui importa e muito, ainda mais se você for um fã da IP. A lore é muito bem aprofundada e aprendemos mais sobre a história da Rainha Aleksandra, a antagonista do jogo anterior.
Neste review de Lost in Random: The Eternal Die, você vai descobrir tudo o que funciona e o que poderia ser melhor no game e, claro, os motivos que me levam a acreditar que este é o melhor roguelite desde Hades!
É tudo novo, de novo…
Como mencionei acima, a história do jogo é focada na Rainha Aleksandra, a vilã de Lost in Random. Aleksandra acaba sendo aprisionada em uma dimensão inédita juntamente com Fortuna, seu dado companheiro. Na medida que avançamos a história, conhecemos novos personagens que expandem a lore do universo e, claro, concedem mais detalhes acerca do vilão e de suas motivações.

Eu sou um grande admirador do universo de Lost in Random e é fantástico ver que apesar da alteração de um jogo 3D para um roguelite, os pilares do jogo foram respeitados. A direção artística que lembra um filme do Tim Burton permanece, concedendo um ar de originalidade muito bem vindo ao game. Os personagens, até mesmo os secundários, são irreverentes e marcantes, destoando-se de praticamente tudo que estamos acostumados a ver no mundo dos jogos.

Cada um deles possui missões secundárias, como resgatar pequenos dados, memórias perdidas ou encontrar cosméticos novos. Essas missões concedem recursos de progressão permanente, como Brasas ou Pó de Pontinho, recursos que são essenciais para fortalecer Aleksandra.

Um ponto de certa forma negativo é que apesar da história ser independente, você vai tirar o maior e melhor proveito dela se ter jogado o game anterior. O problema é que Lost in Random é um título de 2021, logo, é díficil ter as informações frescas na mente para quem não jogou a aventura recentemente. Uma recapitulação da narrativa seria muito bem vinda aqui.
Para justificar a mudança na escala de poder, afinal, Aleksandra era extremamente poderosa, o estúdio fez com que ela ficasse menor e mais fraca ao entrar no reino do Maldado, o vilão. Boa parte dos roguelites atuais meio que acabam deixando de lado os aspectos narrativos e fico feliz em dizer que não é o caso aqui.
Santa Fortuna
A sorte é um dos principais pilares da franquia Lost in Random e o estúdio Stormteller Games fez um trabalho fantástico em reforçar esse elemento na jogabilidade. Se você jogou Hades, você já sabe o que esperar aqui em relação a comandos. Aleksandra consegue acionar ataques leves, pesados, ataques carregados, se esquivar, arremessar Fortuna e acionar um feitiço. Eu fiquei genuinamente impressionado em quão viciante e responsivo o combate é. Não esperava isso de um estúdio novato.
Pensando nos jogadores menos experientes, Lost in Random: The Eternal Die conta com dois níveis de dificuldade, basicamente o fácil e o normal. O tempo de resposta dos inimigos não é alterado, apenas o dano causado. Se você pensa na platina, boa sorte, é necessário derrotar todos os chefes em levar dano, uma tarefa que beira o impossível.
Apesar de funcionar majoritariamente como um roguelite, ele começa a se diferenciar graças aos elementos de sorte e, claro, por intermédio da presença de Fortuna, o dado companheiro de Aleksandra. Podemos arremessar ele nos inimigos, causando dano à distância e ao longo da exploração das salas podemos montar builds focadas nele.

Ao todo temos 4 armas disponíveis no arsenal de Aleksandra, a Espada de Seistopia, o Agressor de Setendipidade (um arco), a Lança da Senhora Sorte e o Martelo de Onzenferno. Podemos melhorar as armas ao obter um recurso chamado de Brasa e temos opções convidativas para montar builds com cada arma. Uma coisa que eu valorizei bastante é que a quantidade de possibilidades é perfeita.
Por falar em builds, o jogo conta com um sistema irreverente de montagem de builds ao longo de uma run. Esse sistema é chamado de Relíquias. Ao abrir um baú em uma sala, o jogador pode encontrar relíquias ou pérolas. Essas relíquias possuem uma cor específica que aumenta um tipo de atributo e apresenta um efeito passivo. Por exemplo, relíquias vermelhas aprimoram o dano de ataque físico. Só que o jogo começa a se diferenciar a partir disso.

Temos um painel que lembra um quebra-cabeça e, ao combinar três ou mais slots da mesma cor, adquirimos um bônus permanente ligado à cor da relíquia. Esse sistema funciona bastante como um Bejeweled da vida, só que, claro, servindo pra aprimorar as capacidades de Aleksandra numa run. No começo pode parecer algo desnecessariamente complexo, mas em poucos minutos você já se habitua ao sistema e fica tudo extremamente intuitivo e divertido.
- Vermelho: Ataque físico
- Laranja: Cartas
- Azul: Dado
- Roxo: Conjurações
- Verde: Sorte
As Cartas são basicamente feitiços que podem ser acionados e podemos equipar apenas um por vez. São 15 cartas diferentes, reforçando o quão diverso o jogo é e, claro, fortalecendo o fator replay. Os feitiços são bem diversos, como um orbe que explode e causa o status Enfranquecido nos inimigos, uma chuva de meteoros, mísseis teleguiados e por aí vai.
O belo mundo de Random
Já mencionei mais acima mas preciso reforçar aqui, a direção de arte de The Eternal Die é simplesmente fenomenal. O estúdio conseguiu manter os pilares que tornaram o jogo original charmoso e isso é percebido tanto nos cenários, quanto nos personagens e vestimentas. Aquela atmosfera de “filme de Tim Burton jogável” permanece aqui e fiquei muito feliz em ver esse cuidado e respeito.

Outro ponto importantíssimo é que todos os diálogos apresentam atuação de voz, reforçando a tremenda qualidade do roteiro e imprimindo ainda mais identidade na obra. Por ser um game isométrico, os gráficos brutos não causam aquela sensação de espanto, mas, quando combinados com a direção de arte, o todo desponta facilmente de praticamente todos os outros títulos do gênero. A ambientação é simplesmente formidável!
E não é só no quesito artístico que a Stormteller entregou um bom trabalho. Não tive nenhum bug, queda de frame ou crash ao longo da minha jogatina. Os comandos são altamente responsivos e a jogabilidade é super viciante, dois requisitos fundamentais para um excelente roguelite.
Review de Lost in Random: The Eternal Die – Vale MUITO a pena!
O gênero roguelite/roguelike é um dos mais concorridos do mundo atualmente. Praticamente a cada mês temos um novo exemplar buscando seu lugar ao sol, contudo, em meio a tantas tentativas, são pouquíssimos que conseguem de fato elevar o gênero e entregar coisas inéditas ou/e memoráveis. Felizmente, esse não é o caso de The Eternal Die.
A Stormteller teve êxito em uma missão quase impossível, entregando inovações brilhantes e uma jogabilidade altamente viciante com um ótimo fator replay. Se você gosta de roguelites, nem pense duas vezes, dê uma chance ao mundo de Random!
Lost in Random: The Eternal Die realiza um feito quase impossível: entrega inovações em um dos gêneros mais concorridos do mercado, enquanto mantém a essência da fraquia.
Pontos Positivos
- Jogabilidade viciante
- Fator replay robusto
- Essência da franquia foi mantida
- Inovações fantásticas no gênero
Pontos Negativos
- História pode não gerar conexão com novatos
- Narrativa
- Jogabilidade
- Visuais
- Desempenho
- Som