Sempre fui muito fã de jogos souls, principalmente os jogos da From Software que foi a pioneira no gênero. Todos os jogos souls são conhecidos por sua grande dificuldade e pela sensação de conquista ao finalizar um grande inimigo.
Sempre me perguntava o que mais poderia ser inserido para melhorar o gênero, e eis que a própria From Software resolve inovar, adicionando elementos de jogos Roguelite e Battleroyale em seu último jogo, Elden Ring Nightreign, lançado dia 30/05 para PC, PS4, Ps5, Xbox One e Xbox Series.
E como ficou a execução dessa mistura? Vem comigo que contarei minhas impressões nesta análise, que graças a uma chave cedida pela empresa, pude jogá-lo em meu Ps5 base.
História
Em uma versão diferente de Lingrave, a Noite começou a consumir tudo e todos, junto com ela, um ser extremamente poderoso ameaça destruir tudo. Para confronta-lo, um grupo de 8 diferentes guerreiros, sem nenhum tipo de ligação, se reúnem para enfrentar as forças da noite.
Conforme avançamos, a história de cada personagem nos é mostrada em texto por meio de um diário, e alguns pontos da história principal podem ser descobertos durante conversas, mas nada muito grandioso, só o suficiente para o jogador se interessar em enfrentar os perigos da noite.

Posso cravar aqui que a história não é o foco de Nightreign, só existe pra ter um contexto para o jogador iniciar as expedições e enfrentar os lordes da noite.
Personagens
Temos um total de 8 personagens para escolher ao entrar em uma expedição, cada um com uma classe diferente. Temos um guerreiro com espada e escudo, uma guerreira com grande agilidade e habilidades com armas curtas, uma espécie de bardo focado em poder bruto, uma mulher que pode invocar espíritos dos mortos, dentre outros.

Cada personagem tem seu valor em uma expedição, ambos possuem 2 habilidades especiais, uma que carrega rapidamente e a outra, que é mais potente, é carregada mais lentamente durante as batalhas na expedição.
Podendo utilizar de ataques com grande alcance, curar os parceiros, e até mesmo deixá-los momentaneamente imortais, a escolha dos personagens ao iniciar uma expedição é extremamente importante, pois a sinergia entre eles é vital para um bom desempenho.

Gameplay
Como citei anteriormente, Elden Ring Nigthreign é uma mistura do gênero Souls, Roguelite e Battle-royale. Em sua essencia, Nigthreign funciona exatamente como seu irmão mais velho, Elden Ring. Controlamos um personagem, equipamos armas, magias, podemos defender, dar o famoso parry e enfrentar seres colossais que podem nos matar somente com um golpe.
Infelizmente não podemos alterar os equipamentos no corpo, pois eles fazem parte da classe de cada personagem, mas conforme mais lordes da noite são derrotados, podemos liberar skins para cada personagem.

Elden Ring Nightreign funciona com expedições. O jogador entra em uma expedição com 2 companheiros, ou sozinho, em cada expedição os locais podem sofrer alterações, igrejas e chefes normais podem ser trocados, podem surgir áreas com lavas ou neves, por exemplo. Em resumo, cada expedição é diferente da outra.
Existem também alguns eventos que podem acontecer durante as expedições, como uma segunda batalha contra o chefe final da segunda noite, ou uma invasão de um chefe bastante conhecido de Elden ring em uma batalha de maneira aleatória, o qual se o jogador morrer, recebe uma marca que aumenta o dano que ele vai receber durante o restante da expedição.
Para os fãs de longa data dos jogos da empresa, temos nesse jogo a possibilidade de enfrentar chefes icônicos de Elden Ring, e até mesmo alguns chefes dos jogos Dark Souls dão as caras por aqui. Ambos estão extremamente bem representados e com novos ataques insanos.

A primeira principal mudança acarretada pela adição de características Roguelite é a de que: ao iniciarmos as expedições, escolhemos um grande Senhor da noite como alvo e entramos no mapa, nosso personagem sempre começa com os status zerados e a mesma arma, forçando o jogador a explorar, matar mais inimigos, conseguir armas e melhorias para no final enfrentar o chefe final da área.
Ao matarmos um chefe, ele deixa cair 3 armas ou melhorias para o personagem, e devemos escolher apenas um, o que limita bastante nossas opções, e faz com que cada escolha seja bem importante. Dentre as armas, elas são divididas em níveis, comum, rara, épica, lendária, ambas com uma cor indicando seu nível. É possível aumentar o nível comprando certos itens ou dropando de inimigos no mapa.

Durante a gameplay, quando a vida de nosso personagem é zerada, começamos a ser consumidos pela noite, aparece uma barra que vai sempre diminuindo, e se zerar, de fato morremos, e ao revivermos, perdemos a quantidade de runas que acumulamos durante a exploração, e nosso nível diminui em um, limitado a somente uma redução felizmente.

Ao jogarmos em COOP, limitado a somente 3 pessoas, quando morremos e a noite começa a nos consumir, os jogadores parceiros conseguem evitar a nossa derradeira morte batendo em nosso personagem. Ao dar uma certa quantidade de hits, nosso personagem revive pronto para atacar os inimigos, sem nenhuma penalidade.
As expedições são divididas em 3 noites, podemos explorar os mapas durante as duas primeiras noites, conseguindo mais frascos de cura, matando inimigos e chefes, aumentando o nível dos nossos personagens, conseguindo armas melhores, e no final de cada noite enfrentamos um grande chefe.
O esquema de subir de níveis é o mesmo conhecido em Elden Ring, temos que achar uma graça no mapa do jogo, nos movermos até ela para usarmos as runas acumuladas para aumentar um nível. Um detalhe importante é que o jogador não tem controle sobre os Substatus, eles aumentam automaticamente.
Na terceira noite, enfrentamos somente o grande chefe escolhido antes da expedição começar. Temos 7 grandes lordes para escolher antes de iniciar as expedições e ambos são extremamente bem feitos, com visuais e habilidades de brilhar os olhos, além de ser bem difíceis.
Ao finalizar, voltamos para o hub central do jogo, aquela sala com a mesa redonda, bastante famosa em Elden Ring, podendo escolher um próximo grande inimigo para enfrentar em uma nova expedição. Ao finalizarmos todos os lordes, o ultimo grande chefe é liberado, dando início a expedição final.

A segunda principal mudança acarretada pela adição de elementos Roguelite é a de que, em todos os chefes finais de cada noite, se nosso personagem morrer, e não tiver nenhum companheiro para remover o consumo da noite, ou seja, se todos estiverem mortos, a expedição acaba e o jogador deve recomeçar do zero.
Felizmente, ao finalizar uma expedição, seja vencendo o grande lorde do mapa ou falhando, o jogador receberá algumas relíquias que podem ser equipadas de maneira permanente, com diversos substatus que podem ajudar bastante contra algum chefe específico.

Referente a adição de elementos Battleroyale, a primeira alteração consiste em começarmos as expedições sendo levados para o mapa por algumas águias, visualmente bem bonito inclusive, que nos deixam em um local aleatório no mapa para iniciar a exploração.

A segunda alteração, e a com mais impacto na experiencia, é a de que no início, temos o mapa inteiro para explorar, mas conforme o tempo passa, a noite começa a dominar o local, indicado por um círculo ao redor do mapa, o que diminui de pouco em pouco a nossa área para exploração, até ficarmos presos em um local aleatório do mapa para lutarmos com um grande chefe no final.
A princípio, eu estranhei essas adições, nunca fui muito fã de jogos Battleroyale e não tive muito contato com jogos Roguelite, mas ao jogar, explorar os mapas e enfrentar os chefes, admito que gostei da experiência, com algumas ressalvas.

O fato de podermos morrer e perder todo o nosso progresso ao enfrentar um grande lorde em cada noite, pode ser um tanto quanto cansativo, ainda mais se o jogador estiver com grupos de pessoas aleatórias.
Diferente de Elden ring que ao morrer, o jogador retorna para a entrada da sala do chefe que o matou, podendo aumentar o nível de seu personagem e melhorar seu equipamento para enfrenta-lo novamente, em Nightreign ao morrer para um grande boss no final de uma das noites, todo o progresso é perdido.
É uma característica normal para jogos roguelite, mas para um jogo souls, que tudo é muito difícil e punitivo, mas recompensador, perder todo o progresso ao enfrentar o grande chefe em uma terceira noite pode ser bastante desanimador. Claro que, essa possibilidade diminui ou cessa se você estiver jogando com amigos, utilizando outros métodos para conversar.
Desempenho e gráficos
No quesito gráfico, o visual é bem semelhante ao seu irmão mais velho, Elden Ring. Todos os locais são visualmente bem parecidos, alguns parecendo que foram copiados diretamente, fica a impressão de que muitos assets gráficos foram reutilizados.
Por mais que tenha muitos cenários reutilizados, Nightreign, assim como seu irmão mais velho nos entrega diversos cenários que são um brilho para os olhos. A direção artística da From Software como sempre nunca nos decepciona.

No quesito desempenho, existem algumas quedas de FPS, em locais incomuns, infelizmente é algo padrão para os lançamentos da empresa. Não o deixa injogável, mas temos que aguardar a empresa liberar mais patchs para a experiência ficar mais fluída.
Problemas
Como citado anteriormente, podemos jogar em coop com exatamente 3 pessoas na equipe, e nesse jogo, a comunicação é fundamental, pois todos os jogadores precisam ir para o mesmo local no mapa, conversar sobre os próximos passos, e tudo deve ser feito de maneira rápida pois a noite vai diminuindo o local de exploração constantemente.
Nesse quesito de comunicação, temos somente a possibilidade de marcar em um mapa os locais para onde todos devem seguir. Não nos é disponibilizado o chat de voz nem de texto dentro do jogo. O que faz com que a experiencia de jogar com desconhecidos possa ser bem conturbada.

Muitos jogadores reclamaram de que não existe a opção de jogar de duplas. A empresa já se pronunciou que está trabalhando nisso, mas não colocar isso no lançamento foi bem estranho, no mínimo.
E por final, o que considero mais problemático em um jogo que possui um grande foco em multiplayer, mesmo com a opção de jogar solo, é o fato de não ter Cross play com outras plataformas. Jogadores de ps5 só podem jogar com jogadores do ps4, mas não podem jogar com jogadores do pc e do Xbox, da mesma forma no Xbox e no pc. Isso em 2025 é um problema gravíssimo.
Review de Elden Ring Nightreign: Vale a pena?
Elden Ring Nightreign é um jogo bastante sólido, com bastante conteúdo, possui diversas batalhas icônicas com novos grandes chefes e alguns que retornam de jogos anteriores, e é uma excelente mistura do gênero Souls com Roguelite e Battleroyale. Porém, o jogador que pensa em adquiri-lo deve estar ciente das mecânicas adicionadas, pois elas o diferem dos outros jogos, principalmente as características Roguelite, que tornam o jogo mais desafiador e podem ser bem cansativas se não jogar com amigos. A falta de cross play com outras plataformas, possibilidade de jogar em duplas e alguns problemas de otimização são alguns defeitos sérios, mas felizmente a empresa já está de olho nos últimos 2 problemas.