Depois de quase dez anos de espera, Lost Soul Aside finalmente chegou ao PlayStation 5 e ao PC. O projeto, que começou em 2014 como um trabalho pessoal de Yang Bing, despertou enorme curiosidade ao longo dos anos e gerou tanto expectativas quanto desconfiança.
Quando o primeiro trailer viralizou, Sony enxergou no criador uma oportunidade rara de destacar o programa China Hero Project, oferecendo suporte para transformar a ideia em um título de médio porte com uma equipe dedicada. O resultado, apesar de irregular, está longe do desastre que muitos espalharam nas redes sociais antes mesmo do lançamento.
A primeira impressão pode até assustar. As três horas iniciais apresentam cenários que não chamam a atenção, personagens pouco carismáticos e um ritmo que quase me fez desistir.
Não por acaso, parte do público chamou o jogo de fracasso. No entanto, a verdade aparece quando se insiste na jornada: a experiência cresce em intensidade e revela o que tem de melhor, especialmente no sistema de combate, o qual é a “cereja do bolo” de Lost Soul Aside.
Fica comigo nesta review de Lost Soul Aside e veja o que achei desta aventura, após 17 horas de gameplay.

Um combate que brilha
É impossível falar do jogo sem destacar como as batalhas foram produzidas. Yang Bing se inspirou abertamente em nomes como Devil May Cry e Bayonetta, e conseguiu criar um sistema dinâmico, variado e acessível.

O protagonista Kazer tem acesso a quatro armas principais: espada longa, espada, alabarda e foice, cada uma com estilo próprio e com possibilidades de troca instantânea durante os combates. Essa mecânica de alternar armas amplia as combinações e dá ao jogador liberdade para improvisar golpes fluidos, com direito a ataques aéreos que transformam as lutas em verdadeiros espetáculos.

O companheiro dracônico Arena também tem papel essencial. Além de intervir com golpes poderosos, ele desbloqueia transformações temporárias que elevam a agressividade e a força de Kazer, acrescentando camadas estratégicas.
É comum ver batalhas que começam em solo e, em segundos, se transformam em lutas no ar, sempre com uma velocidade que exige reflexos. Mesmo assim, o jogo oferece recursos de acessibilidade, como a mecânica de “parada perfeita”, que lembra o Witch Time de Bayonetta e recompensa jogadores com reflexos precisos.

Essa combinação garante uma sensação imediata de satisfação. O ritmo é frenético. A barra de estamina se recupera rápido o suficiente para não frustrar e as habilidades desbloqueadas ao longo da progressão incentivam o aprendizado constante.
Depois de algumas horas, o jogador já é capaz de executar combos elaborados que misturam diferentes armas e habilidades. A camada de RPG, com sistemas de emblemas e melhorias, ainda permite criar builds específicas para explorar ao máximo esse arsenal.

Luzes e sombras na apresentação

Apesar do combate de alto nível, a produção tropeça em pontos difíceis de ignorar. Os gráficos, embora funcionais, revelam a idade do projeto. Muitas texturas parecem datadas e os cenários alternam entre áreas inspiradoras e locais sem vida.
O chamado Voidrax, por exemplo, abusa de rochas e ambientes vazios que rapidamente cansam a vista. Em contrapartida, há regiões mais inspiradas, como vilarejos montanhosos coloridos pelo outono ou ruínas antigas de forte impacto visual.

A direção artística irregular é outro problema notável. Falta coesão entre personagens, inimigos e ambientes, como se várias referências tivessem sido misturadas sem uma noção exata.
Não ajuda o fato de muitos personagens soarem caricatos, quase estereotipados, o que compromete a narrativa. A ausência de um diretor de arte experiente provavelmente pesou aqui, deixando o jogo com um estilo que parece imitar Final Fantasy e Devil May Cry, mas sem a mesma identidade.

A dublagem inglesa, por sua vez, chega a ser constrangedora. As interpretações parecem deslocadas e sem energia, lembrando adaptações de baixo orçamento dos anos 90.
Felizmente, as vozes em chinês e japonês são bem melhores, entregando atuações que ajudam a sustentar a imersão. A recomendação, portanto, é clara: evite o áudio em inglês.
Estrutura e ritmo
Nem tudo gira em torno de combate. Lost Soul Aside também tenta variar a experiência com momentos de plataforma e puzzles simples. O problema é que o protagonista não tem a precisão necessária para saltos delicados, o que torna essas estas partes frustrantes.

A narrativa, por sua vez, não consegue prender. A trama é genérica, sem personagens realmente marcantes ou viradas surpreendentes. Não compromete totalmente, mas tampouco se torna um atrativo. Fica claro que a prioridade do estúdio foi o gameplay, e é nele que o jogo se sustenta.
O peso da expectativa
Vale lembrar que o processo de lançamento também não ajudou. Sony só liberou as chaves para a imprensa no dia da estreia, acompanhado de uma explicação apressada sobre a necessidade de um patch de correção.
Essa falta de transparência alimentou desconfiança e virou artefato de poder para críticas pesadas nas redes sociais. O resultado foi uma onda de piadas e vídeos zombando do jogo antes mesmo de uma análise justa.

Mas ao deixar o barulho de lado e encarar a experiência, percebe-se que Lost Soul Aside não merece o rótulo de fracasso. Ele está longe de ser o grande marco que parte da comunidade sonhava desde 2016, mas também não se reduz a meme.
É um projeto que carrega cicatrizes de seu desenvolvimento turbulento, mas entrega um núcleo sólido de diversão.
Considerações finais desta review de Lost Soul Aside
Lost Soul Aside é um título contraditório: brilha intensamente no combate, mas tropeça em narrativa, direção artística e apresentação técnica. Para quem busca uma boa história ou gráficos de ponta, pode decepcionar. Mas, para os fãs de hack and slash velozes e cheios de estilo, oferece combates gratificantes que se mantêm divertidos até o final da campanha.
Não é um jogo para todos e talvez não justifique o preço cheio, mas, por um valor mais acessível, vale a pena ser experimentado. No fim, o projeto de Yang Bing mostra que mesmo um caminho cheio de tropeços pode levar a uma obra que, ainda que imperfeita, conquista pelo prazer de jogar.
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Não acredite em tudo o que falam
Depois de quase dez anos de espera, Lost Soul Aside chegou ao PlayStation 5 e ao PC. O projeto de Yang Bing nasceu em 2014 como iniciativa pessoal e ganhou fôlego com o apoio da Sony no China Hero Project. Ao longo do tempo, criou expectativas enormes, mas o resultado final se mostra irregular: um jogo que tem pontos altos, mas também falhas difíceis de ignorar.
As primeiras horas assustam. Cenários acinzentados, personagens sem brilho e ritmo arrastado podem desanimar. Porém, ao insistir, o que realmente importa aparece: o combate.
Combate viciante e ágil
- Sistema de combate ágil e viciante
- Possibilidade de alternar armas em tempo real
- Companheiro Arena adiciona espetáculo e estratégia
- Camada de RPG bem equilibrada
- Lutas de chefes divertidas e grandiosas
- Dublagem em chinês e japonês convincente
- Ótimo desempenho, mesmo com muita ação acontecendo na tela
História pior que novela mexicana
- Gráficos poderiam ser melhores
- Personagens caricatos e trama medíocre
- Fases de plataforma pouco precisas
- Dublagem em inglês deixa muito a desejar
- Primeiras horas desanimadoras
- Visuais
- História
- Jogabilidade
- Desempenho
- Trilha Sonora