Minha história com Monster Hunter é antiga. Quando era mais novo, meu primeiro contato com a franquia foi com um mangá, Monster Hunter Orage, muito bom aliás, feito pelo Mangaká Hiro Mashima, autor de Fairy Tail e Eden Zero. Li os 4 volumes do mangá que inclusive é bem curto, gostei bastante da proposta, comprei um PS2 e o primeiro Monster Hunter e a partir daí o apreço pela obra só aumentou.
Fui passando de jogo em jogo, do PS2 para o PSP, 3DS, Wii-U, depois para o PS4. A cada novo jogo, eram apresentadas novas mecânicas, novos monstros, novos mapas, e minha paixão pela franquia só aumentava. A Capcom sempre se superava em cada lançamento.
Agora, em 2025, dia 28 de fevereiro, foi lançado Monster Hunter Wilds, somente para PS5, Xbox Series e PC. Neste review de Monster Hunter Wilds, trago todas as minhas impressões sobre o game que tropeça em alguns pontos mas que tem tudo para se tornar o melhor jogo da franquia.
A História
Monster Hunter sempre foi uma franquia que possuía maior foco nas suas caçadas. Ele tinha sim uma história bem básica, mas pouco trabalhada. Isso mudou a partir de Monster Hunter World e foi muito bem mais aprimorado em Monster Hunter Wilds.
Com ótimas cinemáticas, excelentes interações entre os personagens, Monster Hunter Wilds consegue misturar bem o foco em caçadas com uma história envolvente, personagens cativantes e o melhor de tudo, apresentando um ritmo muito bom.

Seguimos a trama controlando um caçador, auxiliando um grupo a ajudar um garoto chamado Nata a encontrar sua família e seu lar. Nata foi encontrado perambulando em um deserto nas Terras Proibidas, local que ainda não havia sido explorado, onde se acreditava que não existia humanos.
A vila de Nata foi destruída por um grande monstro inicialmente conhecido por Espectro Branco e Nata foi separado de seus familiares, se perdendo de sua aldeia. Ao correr da trama, buscamos mais informações sobre o espectro branco e sobre a família de Nata.

O caçador tem como companheiros principais, Alma, que é a representante da guilda de caçadores e quem entrega as missões para o jogador; Gemma, a ferreira do grupo, é bastante divertida e com uma personalidade forte, é quem fabrica nossas armas, equipamentos e acessórios; Olivia, uma caçadora bastante forte, companheira, e que ajuda o jogador em algumas caçadas.

No decorrer da campanha, passamos por diversas tribos, cada uma com sua característica exclusiva, atividades diferentes, personagens diferentes. Não senti que foram tão bem desenvolvidas como seria em um jogo com maior foco narrativo, mas a abordagem aqui foi mais do que o suficiente para fazer eu me importar com os personagens.

Cada região possui seu predador máximo, o monstro com maior influencia no ecossistema do local, podendo até mesmo afetar o clima. O misticismo nesse jogo foi muito bem trabalhado, o qual após derrotarmos certos monstros o próprio cenário pode sofrer alterações.
No geral, é uma história bem agradável, com algumas reviravoltas bem interessantes, batalhas grandiosas, inclusive a batalha final é um espetáculo aos olhos. A campanha é dividida em 6 capítulos, o plot principal acontece nos 3 primeiros capítulos e os últimos 3 são missões decorrentes dos acontecimentos dos capítulos anteriores.

Armas e Armaduras
Como citado anteriormente, Monster Hunter sempre teve um foco maior em seu gameplay, que consiste em controlar um caçador, utilizar uma arma e caçar um monstro. Com essa frase fica parecendo que é algo bastante raso e genérico né? Mas é exatamente o oposto.
Temos um total de 14 tipos de armas para utilizar, desde espadas menores, espadas gigantes, martelos, arco e flechas e até mesmo armas de fogo. Cada arma possui uma variedade de opções para serem feitas, pois são feitas com os materiais encontrados no ambiente e que os monstros deixam cair.
Por exemplo, ao caçarmos um Rathalos, um monstro icônico da franquia e que está presente em todos os jogos, podemos fazer um espadão com dano elemental de fogo, por utilizar seus materiais na confecção. Diante disso, a gama de armas que podemos fazer é enorme.
Com as armaduras não é diferente, podemos criá-las com os materiais que encontramos na natureza e que os monstros deixam cair. Diferente das armas, ao fazermos uma armadura utilizando os itens de um Ajarakan, aumentamos nossa defesa, e ainda conseguimos uma resistência maior ao dano de fogo.

Cada arma e armadura possuem um visual único e similar ao do monstro que utilizamos para cria-las. Para os colecionadores de plantão, boa parte das armaduras e armas são bem bonitas, com um grande destaque para a armadura completa do Monstro capa do jogo, Arkveld.
O mundo do jogo
Ao explorarmos os mapas da região, nos deparamos com diversos cenários, como montanhas, desertos, florestas alagadas, cavernas com óleos e gases quentes, cada uma mais bonita que a outra, e que possuem uma fauna e flora única e monstros bem diferentes.

Podemos encontrar grupos de animais que ao sentirem a presença de um monstro hostil entram em disparada para se salvarem, e um deles inclusive tem um para raio nas costas, usado para evitar que seus companheiros sejam afetados por um raio de um Rey Dau, por exemplo. Bastante genial a criação do mundo feita pela Capcom.
Podemos explorar o mundo com bem mais rapidez que os outros jogos utilizando uma montaria chamada Seikret. É uma espécie de pássaro bastante ágil, que podemos montar e que nos possibilita alcançar lugares teoricamente difíceis com muita facilidade.

Ao explorar o mundo, encontramos algumas pedras, arvores com cipós, insetos luminosos e sapos, que podem ser utilizados como uma armadilha para os monstros. Por exemplo, podemos cegar temporariamente os monstros ao interagir com insetos luminosos, podemos fazer pedras caírem em cima do monstro, causando bastante dano. A exploração se mostra bastante eficiente.
A jogabilidade
Vamos agora para a melhor e talvez mais polemica parte do jogo, as caçadas. Ao longo do jogo, seguindo a campanha, nos deparamos com diversos monstros, desde gorilas, aranhas gigantes até a dragões enormes. Esse jogo possui facilmente a melhor seleção de monstros até agora, desde Rathian, Rathalos, até Gore Magala está no jogo. E os novos monstros do jogo são incríveis, com um destaque para Rey Dau e Arkveld.

Todos os monstros do jogo possuem algum tipo de fraqueza, cabendo ao jogador explora-la, abusando do dano elemental das armas e da defesa elemental de suas armaduras. A progressão de dificuldade é agradável, começando por monstros menores, e conforme a história progride, liberamos caçadas de monstros maiores e mais poderosos. Algo padrão da franquia.
Como citado anteriormente, podemos escolher entre 14 tipos de armas que atendem a todos os gostos, desde espadas curtas até a espadões e armas de longo alcance, caso o jogador procure uma batalha menos perigosa. Durante as caçadas, podemos pular, correr, desviar, bater, usar de ataques pesados e fazer alguns combos bastante fortes.
Ao construir nossos equipamentos junto a ferreira do acampamento, podemos equipar acessórios que nos dão alguns bonus, e em algumas armas e equipamentos, que conseguimos a partir da metade do jogo, podemos equipadar adornos, que são pedras que também concedem efeitos bônus ao jogador, que conseguimos ao finalizar caçadas. Tudo isso possibilita ao jogador criar diversas combinações, visando um melhor desempenho em cada caçada.

Todas as 14 armas possuem ataques e combos novos e todas são bastante divertidas de serem usadas. Armas maiores, como o espadão e o martelo, possuem um modo onde depois de algumas defesas, podemos fazer uma defesa perfeita a qual o monstro é arremessado para trás durante a defesa, possibilitando darmos início a uma sequência de ataques enquanto ele está se recuperando.
Armas como os arcos, e as armas de fogo, nos possibilitam acertar mais facilmente partes especificas dos monstros, por podermos mirar, além de possuírem combos destruidores também.

Uma das armas mais diferentes e bastante indicadas em uma caçada multiplayer é a Glaive Inseto, por ser uma arma que nos possibilita atacar no ar, e em muitas vezes podemos subir nos monstros, desferindo alguns ataques em partes especificas até nossa energia acabar. As caçadas com qualquer arma tornam o jogo extremamente viciante.
Uma das melhores adições ao jogo, e talvez a parte mais polemica, é a adição do modo foco, que consiste em desferirmos diversos ataques no mesmo local de um monstro, abrindo um machucado em sua pele, ao apertarmos o botão L2 do controle, vemos pontos avermelhadas nos monstros, e ao batermos com o botão R1, fazemos uma sequência de ataques destruidores.

À primeira vista, é uma ótima adição, pois visa deixar as caçadas mais dinâmicas, mas em muitas vezes parece ser bem desbalanceada. Em outras palavras, o caçador está muito forte e com muitas maneiras de causar dano. Isso infelizmente, e estranhamente, é um ponto negativo, pois as missões acabam ficando muito fáceis para os jogadores veteranos e até mesmo para novatos.
Acredito que não seja algo difícil para corrigir em uma próxima atualização. Como solução, poderiam aumentar a vida dos monstros e o dano que eles causam nos caçadores, aumentar a velocidade de alguns monstros, ou diminuir a quantidade de ataques com o modo foco que o caçador pode usar. Vamos aguardar os próximos updates.
Mas não se enganem, mesmo que o jogo possa estar um pouco mais fácil, ainda possui um gameplay bastante convidativo, monstros com movimentos excelentes, como uma espécie de macaco de fogo que fica se pendurando no teto, um dragão enorme que sobe em rochas para pular em cima do jogador, um monstro aquático gigante que joga ondas de água no caçador para desestabilizá-lo, uma aranha gigante que dança no cenário e joga fios vermelhos que podem paralisar o jogador. A Capcom se superou na criação dos novos monstros, todos muito bem trabalhados e com diversos movimentos para a caçada se tornar mais divertida.

Felizmente, ao terminarmos a campanha principal do jogo, liberamos o famoso End Game, que é onde o jogo realmente começa. Estranho dizer isso né? Mas realmente, para muitos jogadores, o modo história é somente o tutorial do jogo.
No End Game, temos as missões de rank elevado, onde os monstros são mais fortes e resistentes, mesmo com o modo foco auxiliando bastante o jogador, os monstros de rank elevados conseguem ser um desafio interessante.

Enfrentamos novos monstros, variações de monstros já conhecidos, e lá encontramos um dos monstros mais legais da franquia, e que é responsável por influenciar o ambiente naquele local, vou deixar o suspense para vocês descobrirem jogando.
Parte Sonora
Só posso dizer uma palavra: Impecável. A trilha sonora é excelente e combina com os diversos momentos que encontramos no jogo, desde uma música calma em uma exploração tranquila, à uma música tensa em uma batalha contra um inimigo feroz. Todos os sons conseguem transmitir bem cada sensação do jogo.
Pela primeira vez na franquia, Monster Hunter Wilds veio dublado em Português Brasileiro. Com grandes nomes da dublagem brasileira, como Ricardo Juarez. Uma dublagem boa, que muitas vezes é bem trabalhada, e outras vezes não combinam muito com a cena em questão. Mas no geral, vem bem a calhar. Até mesmo nosso caçador está totalmente dublado e possui fortes influências na história e cinemáticas.
Desempenho
Monster Hunter Wilds possui 3 modos gráficos no PS5 base, que foi onde joguei. O modo qualidade, o qual busca uma resolução 4k e 30 Fps, o modo desempenho, que diminui a resolução, buscando entregar uma taxa de 60 Fps, e o modo equilibrado, que busca uma resolução maior e um Fps melhor. Quem tiver uma televisão com 120 Hz e VRR pode conseguir um desempenho melhor.

Aqui temos um dos outros problemas do jogo, o qual o modo desempenho, que entrega sempre algo proximo de 60 FPS e para isso a resolução diminui bastante em situações com muita coisa na tela. Não é o recomendado infelizmente. Recomendo utilizar o modo equilibrado caso tenha uma TV com 120 hz e VRR, pois assim conseguirá uma imagem melhor e uma taxa de FPS acima de 30. Caso não tenha, a recomendação é jogar em 30 FPS, no modo qualidade.
Infelizmente, o jogo também possui algumas texturas com problemas, que demoram para carregar, ou que não combinam tanto com o cenário em que estão. Fica nítido que a Capcom ainda precisava de um pouco mais de tempo para otimizar esse jogo.
Review de Monster Hunter Wilds – Vale a Pena?
Monster Hunter Wilds é uma obra que se bem lapidada pode ser o melhor jogo de toda a franquia.
Ele apresenta excelentes adições na jogabilidade, mas que muitas vezes são um pouco desbalanceadas, a melhor seleção de monstros de toda a franquia, com mais monstros já anunciados para virem em atualizações gratuitas, uma exploração bastante dinâmica e belíssimas regiões com fauna e flora incríveis.
Infelizmente ele peca um pouco em sua otimização, o que, surpreendentemente não tira o brilho do jogo que cumpre o que promete, entrega caçadas bastante divertidas e monstros extremamente ferozes. Então, sim, vale bastante a pena gastar horas e horas nesse jogo.
Monster Hunter Wilds é o ápice da franquia de caçar monstros da Capcom. Com monstros inéditos fantásticos, uma história que envolve e uma jogabilidade revitalizada, ele é o melhor ponto de partida para qualquer jogador que queira se aventurar na franquia.
Pontos positivos
- Gameplay viciante
- Exploração dinâmica e recompensadora
- Cenários belíssimos
Pontos Negativos
- Ainda necessita de otimização
- Modo foco facilita demais o jogo
- História
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Som
1 comentário
Top, imparcial apesar de ser fã do jogo. Gostei!