Em 2017, o mundo dos games foi pego de surpresa com o impressionante Nier Automata, sequência de um jogo de 2010 dirigido por Yoko Taro e que tem em seu cerne discussões filosóficas variadas, principalmente sobre o papel da humanidade como um todo em um meio em que a tecnologia continua progredindo.
Cinco anos depois, o jogo chega ao Nintendo Switch, o possível console mais popular do cenário atual dos videogames, podendo ser jogado por muito mais pessoas – e o resultado, surpreende, principalmente por realizar algo que tantos outros jogos do videogame sofrem: uma performance aceitável. Confira no review do Desconto em Games as impressões dessa versão.
Filosofia portátil de Nier Automata
O mais importante comentário que posso fazer, de cara, sobre Nier Automata é o fato que o jogo se junta a um seleto grupo de títulos conhecidos como ports milagrosos para o Nintendo Switch. O game da Square Enix encontrava dificuldades em rodar tanto no Xbox One quanto no PS4, e aqui, embora a performance tenha seus momentos de baixa, o jogo está perfeitamente jogável – arrisco dizer, até mesmo mais que as versões para consoles anteriores.
São 30FPS para um jogo de ação intenso e que poderia sim se beneficiar dos 60FPS, para maior fluidez, mas o resultado agrada e até mesmo coloca um tom mais pesado e cinematográfico nos movimentos – ao passo que a história busca, por meio de sua narrativa e personagens, em encontrar um significado na existência.
Mas afinal, o que é esse significado? Nossa geração, como bem sabemos, está em uma constante busca por propósito, enquanto corre para tentar se sustentar de todas as formas possíveis, para ter o que comer e sobreviver. Pequenos prazeres também se tornam checklists, e muitas vezes a velocidade de consumo de algum conteúdo nos gera ansiedade, para não perder a discussão do assunto enquanto ele está no ápice, do que ser algo que realmente aproveitamos.
Essas situações vieram até a minha cabeça conforme eu avançava no jogo, em especial por estar em um momento um tanto complicado. Cada vez mais enxergava nas passagens e discussões sobre significado da vida ao mesmo tempo que segurava meu Switch em lugares variados, de cama de hospital até mesmo a uma cadeira enquanto alguém estava ao meu lado observando com medo que atentasse contra minha própria vida.
No meio disso, fiquei me questionando sobre como estaria o discurso na internet, já que o Nintendo Switch sempre se torna o foco de discussões – plataforma de ports, fraco, e afins. Meu aproveitamento do jogo, então, aos poucos, foi se tornando uma espécie de avaliação geral sobre o cenário e sobre como realmente eu consumo a mídia. Será que eu jogo por que quero ou simplesmente por ser o assunto do momento? Será que tenho medo de perder algo, de não poder participar de nada, de perder amigos.
É um exercício interessante e complicado, muito abastecido tanto pelo meu estado mental como também pela qualidade do jogo. Ter a opção de acompanhar essa narrativa de maneira portátil, em diversos momentos, muito me tocou, e talvez tenha adicionado ao impacto de um game que, na maioria de seu tempo, cita muitos filósofos de forma rasa, mas se esforça para mostrar a verdadeira discussão sobre o que é ser humano e o que é necessário para sentir.
Conclusão
Nier Automata é um jogo espetacular – e agora disponível de maneira portátil, rodando de maneira funcional no Nintendo Switch, pode se tornar um vetor ainda mais forte de discussões importantíssimas sobre o papel de nós, humanos, quanto aos nossos sentimentos.
No fim, sinto que o jogo me mostrou que no momento necessário, mesmo com tanta dor, nós podemos brilhar quase como um sol – e para tudo, é isso que importa no fim. E Nier Automata adiciona ainda mais ao brilho do Nintendo Switch, sem dúvida nenhuma.
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