Pokémon é uma franquia muito querida para mim. Durante toda minha vida, independente de quantos anos ou qual momento eu estive passando, os jogos estavam lá para eu capturar um Pikachu e me aventurar por regiões diversas.
Porém, desde que entrei em minha vida adulta, é inegável que a qualidade dos jogos tem sido meio complicadas – tanto por estagnação da franquia quanto por outros motivos que não vem ao caso neste momento. Porém, Pokémon Scarlet e Violet pareciam a chance de tudo isso mudar – e o resultado, sinceramente, foi bem positivo, embora com problemas que não podem ser desconsiderados. Explico mais no review a seguir:
Um novo mundo de aventuras
Pokémon Violet se passa na região de Paldea, baseada no mediterrâneo e que tem um formato um tanto diferente das demais: ela é praticamente um grande ovo. No fim, essa decisão geográfica é uma das primeiras vantagens do jogo para sua nova abordagem de mundo aberto, já que o formato permite uma exploração de áreas do jogo com mais facilidade, mesmo que alguns obstáculos, pelo menos no início do título, ainda sejam difíceis de serem ultrapassados.
Aliás, esse mundo aberto é extremamente interessante, já que ao mesmo tempo que passa liberdade ao jogador consegue manter os padrões da franquia intactos – é uma sensação muito interessante me aventurar por rotas diversas e ver os pokémon aparecendo sem precisar correr em um matinho (algo que já ocorria desde Pokémon Let’s Go, mas aqui parece ter alcançado seu ápice). Ao mesmo tempo, confesso que senti falta de algumas coisas de Pokémon Legends Arceus, como jogar as pokébolas sem precisar entrar em confronto com as criaturas e não ficar preso enquanto espera a captura – mas entendo que isso pode ficar como uma característica do spin-off.
A movimentação pelo mundo também é bem divertida, já que desde o começo do título o Pokémon lendário da versão (Koraidon em Scarlet e Miraidon em Violet) são disponibilizados como uma moto para o jogador utilizar – e a idéia, que inicialmente tinha me irritado muito no anúncio, se mostrou extremamente divertida, cooperando e muito com a progressão se tornar rápida e eficaz.
Porém, essa magia toda não é o suficiente para ignorar um sério problema de progressão em Pokémon Violet: o fato que todos os desafios do jogo contam com níveis fixos. Independente de qual das três rotas principais você está seguindo, seja ela os ginásios da Liga Pokémon, a luta contra as criaturas titãs ou o embate com a organização criminosa Team Star, cada um dos desafios não tem nivelamento, o que quer dizer que o ginásio de insetos, por exemplo, sempre estará com o Pokémon mais forte no nível 14, mesmo que os seus estejam na casa dos 70.
Isso atrapalha a sensação de um mundo realmente aberto, já que no fim ainda parece que existe uma ordem fixa para os desafios. Sinceramente, é um problema que é muito simples de ser resolvido, e me incomodou extremamente de não ter sido pensado para Violet.
Interações sociais em ponto
Se estamos falando de Pokémon, é óbvio que o multiplayer deve ser um ponto importante, não é mesmo? E é esse o caso em Violet, que me gerou uma das maiores diversões na franquia que eu tive na última década.
Batalhas e trocas de criatura continuam funcionando como sempre, mas Pokémon Violet brilha mesmo é em outras duas frentes: a primeira é a possibilidade de se aventurar com mais três amigos pela região do jogo livremente, quase como se fosse um mundo de um MMO. Não é necessário estar perto do host da sessão nem nada, com o jogador ainda podendo encontrar Pokémons exclusivos da versão contrária a sua caso o host esteja nela. A troca de informações e a sensação de aventura é incrível, e eu particularmente curti muito o título.
A outra são as Tera Raids, que são um refinamento das Raids de Sword and Shield. Elas funcionam de forma que um Pokémon com um tipo Tera raro deve ser enfrentado por quatro jogadores, e derrotado em um certo limite de tempo – são batalhas empolgantes e bem interessantes, e que muitas vezes exigem estratégias para que as criaturas possam ser derrotadas de maneira definitiva. Sinceramente, são os maiores desafios que tive na franquia em anos.
A mecânica de Terastelize, por sinal, é interessante, embora não tanto marcante: é um jeito de modificar o tipo do Pokémon durante a luta, adicionando uma nova camada de estratégia para o jogo. Como ela é bem limitada, só podendo ser usada por uma criatura por partida, ela não chega a ser quebrada, criando um interessante fluxo e uma nova forma de estratégias no jogo.
O elefante na sala: a terrível performance de Pokémon Violet
O jogo, como vocês podem ter visto pelos meus comentários acima, é excelente – mas como vocês podem ver, a nota dele ainda é relativamente baixa. O motivo para isso é um só: o título é possivelmente um dos piores otimizados em termos de performance que já executei em meu Nintendo Switch.
Quedas de frames e alguns outros problemas de performance infelizmente são esperados no hardware no Nintendo Switch, mas nada ao nível que Pokémon Violet faz. Estamos falando de um jogo em que bugs constantes podem fazer as criaturas ficarem invisíveis; que em inúmeros momentos a performance cai para menos de 15FPS; que objetos antes inexistentes aprecem na cara dos jogadores sem aviso prévio, assustando e desviando a rota. É absurdo que um produto desse esteja disponível para o público – e ainda mais absurdo é o fato que nenhum comentário oficial foi feito até o momento, somente comemorações do número de vendas.
O jogo é excelente, não me entenda errado – mas falar que a performance não atrapalha a experiência seria algo até mesmo mentiroso. Se esses problemas não existissem, eu afirmo com plenos pulmões que ele seria meu título favorito do ano, mas com a existência delas e sem uma possível correção no horizonte, ele acaba se tornando só mais um título.
É triste, mas essa é a realidade de um jogo que tinha tudo para ser talvez o maior marco de uma franquia, mas ficará marcado por erros, principalmente neste período pós-lançamento.